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Quatro elefantes e uma tartaruga: uma ode a Terry Pratchett

Uma análise da comédia fantástica de Sir Terry Pratchett, criador da série Discworld, falecido em 2015.

porLuciano Simão
31 de julho de 2017
em Literatura
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Quatro elefantes e uma tartaruga: uma ode a Terry Pratchett

Imagem: Reprodução.

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Ao contrário do que Hollywood parece acreditar, é difícil fazer comédia. Desde a Antiguidade, a existência da civilização esteve ligada a alguma forma de expressão do cômico – do teatro à literatura. O riso é um paradoxo: apesar de universal, é uma das mais subjetivas forças de toda a experiência humana. Afinal, a comédia não existe no vácuo, mas está intrinsecamente ligada a uma amálgama de valores individuais e coletivos, experiência de vida, repertório cultural e diversos outros julgamentos intimamente pessoais. O que é engraçado para mim pode parecer estúpido para você; por outro lado, aquilo que te faz rir pode ser ofensivo para mim.

Ao contrário de outras formas de arte, como o cinema e o teatro, que dispõem de elementos visuais e sonoros para realçar o efeito cômico (entonação, linguagem corporal, trilha sonora etc.), a literatura de comédia deve suscitar o riso somente pelo uso criativo da linguagem e da subversão de seus clichês e artifícios narrativos. Talvez seja por isso que a escrita é um terreno tão fértil para um estilo de humor como o britânico, carregado de ironia e elaborados jogos de linguagem.

Poucos são os escritores que expressaram toda a acidez desse humor com a habilidade de Sir Terry Pratchett, autor que estabeleceu o equilíbrio perfeito entre fantasia e comédia, tornando-se referência mundial em ambos os gêneros.

Humor fantástico

Sua mais famosa criação é o universo de Discworld: um mundo plano, no formato de um disco, carregado através do cosmo por quatro colossais elefantes equilibrados nas costas de uma tartaruga. O surrealismo dessa premissa, por si só, já é peculiarmente cômico; porém, são as personagens com que Pratchett povoa as absurdas terras e metrópoles de Discworld que carregam a força de seu humor particular. Do falido mago charlatão Rincewind à própria Morte (que o autor reinventa como um profissional cansado de sua mórbida função), suas criações são cômicas porque refletem aspectos e dilemas profundamente humanos e familiares, e jamais se resumem ao mero caricato.

Sir Terry Pratchett estabeleceu o equilíbrio perfeito entre fantasia e comédia, tornando-se referência mundial em ambos os gêneros.

Ao longo dos mais de 40 livros da série, as sátiras de Pratchett não poupam ninguém: do carteiro ao soldado, dos nobres aos universitários, de Tolkien a Shakespeare, o autor explora as mais diversas esferas da sociedade, reinventando mitos e contos de fada e injetando humor em questões políticas e sociais que são espelhos absurdos de situações do mundo real. Ainda, Pratchett vai além do cômico e cria memoráveis narrativas que viram do avesso os clichês da fantasia, do mistério e de inúmeros outros gêneros, cujos arquétipos são revitalizados pelas mãos do escritor.

Apenas parte de sua vasta obra, que inclui colaborações com outros grandes nomes da fantasia contemporânea, como Neil Gaiman (em Belas Maldições), está disponível no Brasil. Apesar dos desafios de tradução, ocasionados pelo uso recorrente de trocadilhos e jogos de linguagem particulares à língua inglesa, a assinatura cômica de Pratchett não se perde na leitura em português. A Cor da Magia, livro inaugural da série, e O Aprendiz de Morte são excelentes escolhas para os interessados em conhecer um pouco dessa voz, irreverente e inimitável.

E essa é uma voz íntima e familiar: Pratchett soa, acima de tudo, como um velho conhecido. Poucas são as mortes de famosos que me tocam; costumo reservar meu luto aos mais próximos. Porém, não posso negar que derramei uma lágrima ao saber de seu falecimento em 2015, pois o mundo – seja ele um disco ou globo – é um lugar um pouco mais escuro sem Sir Terry Pratchett nele.

Tags: A Cor da MagiaA Luz FantásticaBelas MaldiçõescomédiaCrítica LiteráriaDiscworldFantasiaLiteraturaTerry Pratchett

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