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‘Estação Onze’: entre Shakespeare, apocalipse, fanatismos e quadrinhos

Com habilidade, Emily St. John Mandel traz personagens cativantes, reflexões importantes sobre o futuro e cenários apocalípticos em 'Estação Onze'.

porPetê Rissatti
31 de agosto de 2017
em Literatura
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'Estação Onze': entre Shakespeare, apocalipse, fanatismos e quadrinhos

Imagem: Reprodução.

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Estação Onze, de Emily St. John Mandel, com tradução do grande Rubens Figueiredo para a Intrínseca, não é uma unanimidade. Fui fazer uma breve pesquisa nas redes sociais literárias, como Skoob e Goodreads, e, apesar da média boa de avaliação nas duas redes, os comentários não são nada elogiosos. Inclusive, alguns amigos e colegas que são leitores vorazes também terminaram com grande dificuldade ou abandonaram o livro.

Ao meu ver injustificadamente, pois Estação Onze é um livro bem acima da média das distopias e ficções científicas que grassam por aí. Não é um livro extremamente ambicioso, mas é muito bem-escrito (e traduzido) e tem um ritmo que eu costumo gostar muito nos livros, um toque de aventura e situações-limite com muita reflexão sobre temas humanos. Aliás, em livros que invocam outras realidades ou períodos, minha busca é sempre pelo que há de mais humano em personagens ou pelo que há de reflexão nas posturas e na ética de cada um. John Scalzi, por exemplo, autor que traduzo e adoro, é um mestre em fazer isso, mas com muito humor e ironia. O que também me agrada.

Estação Onze: mote antigo, roupagem nova

Dar novos ares a uma história já contada é uma habilidade de poucos, que Emily St. John Mandel consegue dominar. O enredo não podia ser mais batido: uma pandemia que começa em um país do Leste Europeu se espalha pelo mundo e acaba com quase tudo. O que resta da população precisa se virar de alguma forma depois que o mundo de alguma forma se estabiliza. Voltamos a um tempo em que luz elétrica e água encanada são luxos, internet, então, nem se fala, assim voltamos nos séculos, mas com aquela nostalgia de futuro. Parece com muitas histórias que já rolaram por aí, mas o que muda, e o que faz valer a pena ler um livro é a maneira como essas histórias são contadas (como no livro Que sejamos perdoados, de A. M. Holmes, resenhado aqui.)

Começamos essa aventura assistindo à peça de teatro Rei Lear, estrelada por Arthur Leander. Arthur é famoso, ator de grande reputação e, de repente, ele passa mal, cai no meio da cena e morre. Na plateia, Jeevan Chaudhary, que fizera um curso de primeiros socorros, corre ao palco para tentar salvá-lo, sem sucesso. O cadáver de Arthur Leander é uma imagem que não sairá da cabeça da menina Kirsten Raymonde, de oito anos, e Shakespeare vai acompanhá-la para o resto da vida.

Estão na mesa as primeiras cartas de Estação Onze, título um tanto misterioso, mas que começa a fazer todo o sentido durante a história.

Não há mais produção de nada, as pessoas vivem da caça, da pesca e do escambo, a natureza já começou a avançar sobre o que restou da assim chamada civilização. Mas a arte de alguma forma resiste. E também sofre resistência…

Sobre as personagens

Uma trama muito bem amarrada de passado e futuro vai sendo formada enquanto conhecemos melhor esses e outros personagens do livro, como a primeira mulher de Arthur, Miranda. Um personagem muito interessante é Clark, amigo de Arthur desde os tempos de faculdade e que ajuda Miranda a passar pelos problemas da separação; Elizabeth, outra das esposas de Arthur, tem um filho, que terá uma importância imensa no livro.

A autora consegue criar personagens muito reais e cativantes, mesmo o instável Arthur ou o chefe da seita que, vinte anos depois da morte de Arthur, quando o mundo já foi dizimado pela Gripe da Georgia, resolve comandar a vida de todos que sobreviveram. E, claro, não esqueçamos de Kirsten, a menina que viu Arthur Leander morrer no palco, que adora colecionar “antiguidades”, resquícios de um passado morto e enterrado. Inclusive guarda com todo o carinho HQs que Arthur Leander dera para ela durante sua última temporada no teatro: Dr. Onze, Vol. I, nº I: Estação Onze e Dr. Onze, Vol. I, nº 2: A perseguição.

Sinfonia Itinerante e fanatismo

Uma das mensagens – talvez possamos chamá-las assim – do livro é a da resistência pela arte. Com toda a desgraceira pela qual o ser humano passa, um grupo de artistas resolve criar a Sinfonia Itinerante, uma trupe que leva música e teatro, basicamente peças de William Shakespeare, para os povoados que restaram no mundo. Já existe uma geração que nasceu nesse mundo pós-apocalíptico e não conhece outra forma de diversão. Não há mais produção de nada, as pessoas vivem da caça, da pesca e do escambo, a natureza já começou a avançar sobre o que restou da assim chamada civilização. Mas a arte de alguma forma resiste. E também sofre resistência; no caso, da seita fanática que se forma. E, apesar de quase resvalar no maniqueísmo, a autora consegue se safar dele com garbo e elegância.

E todos viveram…

… felizes para sempre? Talvez. Mas isso não tem muita importância em Estação Onze. Primeiro, porque um dos protagonistas morre nas primeiras páginas, então não podemos dizer que todos viveram, muito menos felizes para sempre. Sabemos que Arthur morreu, mas nos lançamos ao livro em busca de mais informações sobre ele, quem ele era, como chegou aonde chegou. Um pouco de nossa curiosidade à la Caras, que Arthur tanto odeia. Também sabemos que não só Arthur, mas grande parte da população mundial sucumbiu à Gripe da Georgia. E o que resta: é olhar para frente e sobreviver em um mundo desolado enquanto as peças de um quebra-cabeças bem-pensado vão se encaixando.

Um livro que diverte e emociona, com muitas referências à cultura pop americana (resgatadas por Kirsten), personagens muito bem-construídos e histórias entrelaçadas que dão o que pensar e traz aquela perguntinha que distopia apresenta: o que você faria se…?

ESTAÇÃO ONZE | Emily St. John Mandel

Editora: Intrínseca;
Tradutor: Rubens Figueiredo;
Tamanho: 320 págs.;
Lançamento: Junho, 2015.

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Tags: ArteCrítica LiteráriaDistopiaEditora IntrínsecaEmily St. John MandelIntrínsecaLiteraturaLiteratura CanadenseRei LearResenhaReviewShakespeare

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