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A mudança de perspectiva em ‘Flores Azuis’

Análise de 'Flores Azuis', obra de Carola Saavedra publicada pela Companhia das Letras.

porWalter Bach
29 de outubro de 2015
em Literatura
A A
A mudança de perspectiva em 'Flores Azuis'

Imagem: Reprodução.

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Caixas e caixas jogadas, dúzias de objetos ainda esperando um lugar para ficarem socados, o apartamento combina com o estado de espírito do personagem, novo inquilino de uma moradia que ele vai dividir com seus fantasmas e sua solidão, restos de um casamento desfeito. O mundo parece não deixá-lo em paz enquanto ele tropeça para encontrar uma nova “ordem” em sua vida, cobrando-o miudezas e presenças. Esse é o mundo de Marcos, protagonista de Flores Azuis (2008), romance de Carola Saavedra, que começa de fato após uma leitura dele.

“Dizem que a separação nunca é um núcleo, uma urgência. Dizem que ela começa em seu avesso. […] Você aí sentado, um copo d’água, uma xícara de café, como agora? Esta carta nas mãos e a dúvida, você se perguntando, talvez irritado, porque isso agora, afinal já não acabou, você já não foi embora, para que continuar assim”.

Assim estava escrito na carta, uma provocação barata. É possível imaginar o protagonista fulo “como se eu não tivesse com o que me incomodar e mais essa”. Mesmo estável com a situação (não tão bem resolvido), aquelas palavras o aborrecem. Mesmo não sendo para ele.

Carola Saavedra combina sutis mudanças de narrativa com enredos às vezes mais mentais do que de ações imediatas.

Ele achou a carta em meio a sua correspondência, sem nenhum destino, nome, apenas um remetente identificado como “A.”. Não adivinharia o conteúdo da carta. Soava provocação, mas não podia levar a sério. Tinha a filha dele ali na sala esperando cuidados, a ex-mulher logo ia telefonar cobrando atenção de pai e de conta para a pequena, a carta pode empoeirar num canto qualquer.

Achou que poderia ter uma pouco de paz, mera ilusão. Recebeu uma segunda carta com o tom de provocação da anterior e algumas lamentações novas, mas não podia ser com ele, era uma brincadeira de mau gosto. E uns papeis entregues ali por descuido não podiam ser para ele, podia até ver com algum síndico do prédio, avisar que ainda entregavam coisas para o antigo morador, mas não. Deixou tudo largado. Quase como a vida fora da leitura das cartas.

O diálogo atravessado com a ex-mulher já virou rotina, apesar do afeto genuíno dele pela filha, só precisava de mais tempo para se (re)organizar. E Marcos queria também uma dose de solidão, mas sentia como se nem sempre fosse entendido nisso, principalmente por Fabiane, com quem mantém uma tentativa de um novo relacionamento. Ou mantinha, ele não sabe. Mas sabe que certos papeis recebidos continuamente toda semana o incomodam mesmo não sendo endereçados para si. Marcos os toma como se o narrassem.

No enredo simples, se revezam as duas histórias contadas no livro, a de seu personagem e a correspondência misteriosa, aquela em terceira pessoa e esta em primeira. Carola Saavedra sempre cuidou da forma em seus romances, vide Toda Terça (2007) e os posteriores Flores Azuis, Paisagem com Dromedário (2010) e O Inventário das Coisas Ausentes (2014), combinando sutis mudanças de narrativa com enredos às vezes mais mentais do que de ações imediatas, e com o suficiente para ficarmos tão em duvida quanto seus personagens.

FLORES AZUIS | Carola Saavedra

Editora: Companhia das Letras;
Tamanho: 168 págs.;
Lançamento: Setembro, 2008.

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Tags: Carola SaavedraCompanhia das LetrasCrítica LiteráriaFlores AzuisLiteraturaLiteratura BrasileiraResenha

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