• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

Svetlana Aleksiévitch e os relatos selvagens das vozes de Tchernóbil

'Vozes de Tchernóbil', de Svetlana Aleksiévitch, comove pelos relatos, indigna pela negligência da União Soviética.

porJonatan Silva
11 de maio de 2018
em Literatura
A A
Svetlana Aleksiévitch e os relatos selvagens das vozes de Tchernóbil

Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

O DJ da BBC, Steven Wright, anunciar o acidente em Tchernóbil, em 1986, e logo depois tocar uma música do Wham!, duo pop de George Michael, foi o estopim para que Morrissey e Johnny Marr desejassem a sua morte. A situação deu origem à canção “Panic”, single stand-alone do mesmo ano e que terminava com um coro de crianças gritando “enforque o DJ”.

Vozes de Tchernóbil não é somente um relato oral da tragédia, mas também um manifesto de sobrevivência.

O incêndio no reator, ocorrido em 26 de abril, mudaria para sempre a relação do homem com a energia nuclear. Um ano antes, a Central Nuclear de Angra dos Reis era inaugurada – cenário que serviu de inspiração para a apocalíptica canção que leva o mesmo nome da cidade fluminense, composição da Legião Urbana.

Três décadas mais tarde, os relatos que a jornalista Svetlana Aleksiévitch, ganhadora do Nobel em 2015, ainda evocam o terror vivido pelas famílias atingidas pela radiação. Vozes de Tchernóbil não é somente um relato oral da tragédia, mas também um manifesto de sobrevivência – não dos corpos, que apodreceram rapidamente, e sim da memória de homens, mulheres e crianças ucranianos afetados pela radiação e pela negligência do governo da então União Soviética.

Quem não sucumbiu às fortíssimas ondas radioativas às quais foram expostas propositalmente, acabou por levar sequelas para toda a vida. Mais comovente que as história das viúvas dos bombeiros acordados no meio da noite para apagar as chamas na usina, são as lembranças daqueles que, contra todas as expectativas, sobreviveram e carregaram consigo doenças, paranoias ou a certeza de que, em algum momento, a radiação há de lembrar deles.

Tragédia

Considerada, de acordo com a Escala Internacional de Acidentes Nucleares, um acidente de grau 7, o mais alto, a tragédia em Tchernóbil foi a pior já registrada envolvendo energia nuclear. Ainda assim, é possível que as 31 mortes diretas causadas pelo desastre, e as 15 indiretas, ou a evacuação de 50 mil habitantes não pareça algo tão grandioso se comparadas às nossas desgraças contemporâneas. Na nossa escala de preocupação, o vazamento de dados do Facebook, o escândalo da Cambridge Analytica ou a enxurrada de fake news sugerem perigos e danos maiores, já que lidam com egos, imagens e status.

Como contraponto à era da vaidade, ou do cansaço, como diria Byung-Chul Han, Aleksiévitch humaniza as vítimas. Pode parecer óbvio, porém, Tchernóbil está muito mais para um evento histórico distante que para uma catástrofe que pode se repetir – como aconteceu em 2011 no Japão. Impressiona, e choca, entretanto, a leveza que autora consegue promover por meio dos relatos.

Ao contrário do que se possa imaginar, Vozes de Tchernóbil não é uma emaranhando de mágoas ou ressentimentos, entrementes, é impossível fugir aos gritos de justiça. Sem demagogia ou sensacionalismo, Svetlana constrói um livro emocionante e histórico, necessário e assustador. A tragédia não tem rosto. Ela tem voz.

VOZES DE TCHERNÓBIL | Svetlana Aleksiévitch

Editora: Companhia das Letras;
Tradução: Sônia Branco;
Tamanho: 384 págs.;
Lançamento: Abril, 2016.

COMPRE O LIVRO E AJUDE A ESCOTILHA

Tags: Book ReviewCompanhia das LetrasCrítica LiteráriaJornalismo LiterárioLiteraturaLiteratura ContemporâneaNobelResenhaReviewSvetlana AlksiévitchUnião SoviéticaVozez de Tchernóbil

VEJA TAMBÉM

'O Amigo' foi o primeiro romance de Sigrid Nunez publicado no Brasil. Imagem: Marion Ettlinger / Divulgação.
Literatura

Em ‘O Amigo’, Sigrid Nunez conecta as dores do luto e do fazer literário

10 de julho de 2025
Michael Cunningham tornou a publicar após anos sem novos livros. Imagem: Richard Phibbs / Reprodução.
Literatura

Michael Cunningham e a beleza do que sobra

8 de julho de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

'O Amigo' foi o primeiro romance de Sigrid Nunez publicado no Brasil. Imagem: Marion Ettlinger / Divulgação.

Em ‘O Amigo’, Sigrid Nunez conecta as dores do luto e do fazer literário

10 de julho de 2025
Michael Cunningham tornou a publicar após anos sem novos livros. Imagem: Richard Phibbs / Reprodução.

Michael Cunningham e a beleza do que sobra

8 de julho de 2025
Roteiro de Joseph Minion foi sua tese na universidade. Imagem: The Geffen Company / Divulgação.

‘Depois de Horas’: o filme “estranho” na filmografia de Martin Scorsese

8 de julho de 2025
O escritor estadunidense Kurt Vonnegut. Imagem: Matthias Rietschel / AP Photo / Reprodução.

‘Um Homem Sem Pátria’: o provocador livro de memórias de Kurt Vonnegut

7 de julho de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.