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Paulo Leminski na Flip 2025: o samurai malandro e seu tempo ainda por vir

Homenageado da Flip 2025, Paulo Leminski é revisitado por dois estudiosos que iluminam a atualidade de sua obra e sua fusão única entre erudição, cultura pop e insubordinação poética.

porAlejandro Mercado
30 de julho de 2025
em Entrevistas, Literatura, Reportagem
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Leminski é, mesmo 35 anos após seu falecimento, bastante atual. Imagem: Reprodução.

Leminski é, mesmo 35 anos após seu falecimento, bastante atual. Imagem: Reprodução.

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Como poucos, Paulo Leminski encarnou o poeta total: o leitor voraz, o compositor instintivo, o tradutor audacioso, o corpo em conflito com o tempo. Escolhido como o autor homenageado da Flip – Festa Literária de Paraty de 2025, Leminski ressurge na cena literária brasileira não apenas como ícone de uma geração que desafiou as formas, mas como figura essencial para compreender as dobras entre erudição e cultura de massa, entre biografia e invenção poética.

Ao contrário de quem cultiva a pureza do gênero, Paulo Leminski cruzou fronteiras — e nelas, permaneceu. Entre o haicai e a Tropicália, entre Joyce e o meme, entre o zen e a guerrilha editorial, deixou uma obra marcada pela agilidade lírica, pela concisão fulminante e pelo carisma iconoclasta.

Entre o zen e o zine

“Grafite Para Rettamozo”, publicado em julho de 1977 no Diário do Paraná. Imagem: Paulo Leminski / Reprodução.

“Leminski nasceu como poeta dentro do Concretismo, emulando o paideuma de seus mestres”, lembra Ricardo Gessner, doutor em Teoria e História Literária pela Unicamp e autor de Da invenção à distração: o percurso lírico de Paulo Leminski (Pontes Editores, 2019). Mas logo o curitibano ultrapassou os limites formais do movimento: “Estabeleceu um diálogo com poetas simbolistas como Mallarmé e Cruz e Souza, e com autores brasileiros como Oswald de Andrade. Criou um estilo único, em que o trocadilho é golpe e iluminação”, pontua o pesquisador.

Para Marcelo Sandmann, pós-doutor, professor do departamento de Linguística, Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e poeta, a força da obra de Leminski não reside tanto em sua originalidade estrutural, mas em sua capacidade de síntese: “Ele não foi exatamente um renovador da linguagem poética, mas soube sintetizar o que estava no ar. Misturou o poema-piada de Oswald ao gosto pela provocação da Poesia Marginal, temperado por uma cultura de vanguarda herdada dos concretistas”.

A poesia como tática de guerrilha

Curitibano completaria 80 anos em 2024, mas partiu em junho de 1989, vítima de uma cirrose hepática. Imagem: Nani Gois / Reprodução.

Se Leminski parece acessível, é porque soube usar o coloquialismo com intenção estratégica. “Nos anos 1970, ele percebeu que a poesia estava se afastando do público”, diz Gessner. “A resposta foi uma tática de guerrilha: usar os meios de comunicação e a linguagem da cultura de massa para difundir uma poesia que contrariava a lógica do consumo.”

Sandmann complementa: “Ele foi um representante típico de sua geração. Não produziu literatura de militância política direta, mas sua obra está impregnada por uma subjetividade contestadora, comportamental”. Mesmo no visual e nas atitudes, Paulo Leminski foi um corpo em dissenso com sua cidade e seu tempo.

O Oriente em Curitiba

Paulo Leminski treinando judô com seu professor, Aldo Lubes. Imagem: Acervo Família Leminski / Reprodução.

Faixa preta em judô, leitor de Bashô, entusiasta do zen, Paulo Leminski não via o Oriente como exotismo, mas como parte orgânica de sua visão de mundo. “Ele articulava a lógica ocidental com a percepção inefável oriental”, diz Gessner. “A palavra ‘distraído’ é chave em sua poética: evoca o não-linear, o pensamento não-convencional do zen e do taoísmo”.

Para além da oralidade e da erudição combinadas, o que se vê é um poeta que soube habitar as margens com profundidade e humor.

Para Sandmann, Leminski realizou uma síntese entre o haicai japonês e o poema piada modernista: “É uma forma de conciliar a epigrama oriental com a verve de Oswald e Millôr. Um zen tropicalista.”

Música, massa, memes e legado ético-estético

Grafite do poeta Paulo Leminski. Imagem: Andre Rodrigues / Reprodução.

Compositor e letrista, parceiro de Moraes Moreira, Guilherme Arantes e da banda Blindagem, Paulo Leminski via a canção como veículo de poesia. “Ele dizia que Caetano e Chico eram os grandes poetas de sua geração”, lembra Sandmann. Gessner destaca que sua poética tem cadência: “É uma escrita com ritmo, musicalidade, anagramas e efeitos sonoros. Seus poemas são quase partituras visuais.”

Nas redes sociais, seu estilo breve, afiado e visual encontrou novo público. “A linguagem de Leminski se adapta à dinâmica dos memes. Ele encanta como Orfeu com sua lira”, compara Gessner.

As biografias de Cruz e Souza, Bashô, Trotsky e Jesus revelam muito sobre o poeta curitibano. “Ele escolhia figuras revolucionárias, de dentro e fora do sistema, para compor sua galeria”, diz Gessner. Sandmann ressalta a coerência entre o autor e sua obra: “No caso de Leminski, é quase impossível separar vida e escrita. Há um ‘eu’ que se projeta e se afirma a cada passo”.

Para além da oralidade e da erudição combinadas, o que se vê é um poeta que soube habitar as margens com profundidade e humor. Um autor que – como afirma Gessner – provavelmente estaria hoje no Instagram ou TikTok, mas não por vaidade: “Ele transformaria essas linguagens em poesia. Como sempre fez.”

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Tags: FlipLiteraturaPaulo LeminskiPoesia

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