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Home Literatura Ponto e Vírgula

‘As coisas que perdemos no fogo’: Mariana Enriquez e o terror argentino

Em 'As coisas que perdemos no fogo', coletânea de contos assustadores, a escritora Mariana Enriquez nos apresenta um lado bastante sombrio da Argentina.

Eder Alex por Eder Alex
13 de dezembro de 2017
em Ponto e Vírgula
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Em 'As coisas que perdemos no fogo', coletânea de contos assustadores, a escritora Mariana Enriquez nos apresenta um lado bastante sombrio da Argentina.

Imagem: Reprodução.

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Vamos direto ao assunto que é para facilitar a vida do leitor: As coisas que perdemos no fogo, coletânea de contos escrita pela argentina Mariana Enriquez, é um dos melhores livros de terror dos últimos anos.

Basta ler a primeira (e horripilante) história, “O menino sujo”, para constatar que a afirmação não é um exagero. O conto fala sobre uma mulher que resolve morar no casarão que era de seus avós, num bairro meio barra pesada em Buenos Aires, e lá descobre na prática que realmente a vizinhança não é das mais tranquilas. Misturando crenças populares, violência urbana e miséria, Enriquez cria uma narrativa assustadora, que confunde fantasia e realidade de um modo simplesmente brilhante. Gosto muito do gênero, leio e assisto várias coisas nessa linha, e há muito tempo não me sentia tão impactado por uma história assim.

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A autora escapa da armadilha bastante comum de emular os clichês de filmes de terror tradicionais. Ela consegue inserir as críticas sociais sem transformar o livro num panfleto, apropria-se dos fantasmas da história de seu país de forma absolutamente impactante, dialoga com os grandes nomes da literatura argentina e aposta numa narrativa que prima pelo não-dito, pela sugestão.

A tensão criada através de situações comuns que aos poucos vão se tornando absurdas, soma-se a uma exploração perturbadora do viés psicológico dos personagens, compondo assim um painel dos mais aterrorizantes.

A tensão criada através de situações comuns que aos poucos vão se tornando absurdas, soma-se a uma exploração perturbadora do viés psicológico dos personagens, compondo assim um painel dos mais aterrorizantes.

Há momentos em que impera a sutileza, mas há também alguns trechos, digamos, mais gráficos, como este em que a cabeça decapitada de uma criança é encontrada:

“As pálpebras haviam sido costuradas e a língua, mordida, não se sabia se pelo próprio menino morto ou – e isso fez Lala soltar um grito – pelos dentes de outra pessoa”.

Não sei você, mas a imagem de alguém mordendo a língua de uma criança morta é um troço que nunca mais vai sair da minha cabeça.

Essa mistura ocorre de forma muito equilibrada, Enriquez ora enfia o pé no horror, como em “Sob a água negra”, conto que de certa forma mistura literatura policial, o Monstro do Pântano, rituais satânicos e histórias de zumbis; ora se debruça sobre o terror psicológico, como em “A Hospedaria”, conto fascinante sobre o amadurecimento sexual feminino, a culpa cristã e as cicatrizes da ditadura militar argentina.

A comparação com a sua premiada conterrânea, Samanta Schweblin (Distância de Resgate), é inevitável, uma vez que as duas parecem querer explorar temas e caminhos muito parecidos na literatura. As duas são excelentes, mas a prosa de Enriquez me agrada mais pela fluidez da narrativa e pela construção mais direta do enredo, um estilo um tanto distinto de Schweblin, que praticamente nos coloca no meio de um nevoeiro em que vamos enxergando apenas pequenos fragmentos de imagens para aos poucos compor uma história. Em outras palavras, prefiro a primeira, pois ela fez eu me cagar de medo e a outra nem tanto. Algo em comum entre as duas é a capacidade de criar uma atmosfera sombria a partir elementos do cotidiano que lentamente vão sofrendo interferências que parecem fantásticas, mas que podem ser perturbadoramente reais.

O tempo todo Enriquez sugere um terror que parece sobrenatural, mas que ao mesmo tempo flerta com a violência contemporânea ou ainda que remete às raízes históricas: “A cidade não tinha grandes assassinos, com exceção dos grandes ditadores, não incluídos no passeio por correção política”.

Parece-me que ao fazer um uso tão inteligente destes elementos, a autora alcança um meio caminho muito interessante entre o entretenimento (as histórias de fato assustam) e as reflexões mais densas (impossível não se questionar a respeito dos impactos da miséria ou do golpe militar, por exemplo), provando que não há nem mesmo necessidade de enxergar essas duas coisas como sendo distintas, afinal um livro de terror pode ser tão ou mais impactante, do ponto de vista emocional e intelectual, que qualquer obra de outro gênero.

Enfim, antes de fechar a sua lista de melhores leituras do ano, sugiro dar uma chance para Mariana Enriquez.

AS COISAS QUE PERDEMOS NO FOGO | Mariana Enriquez

Editora: Intrínseca;
Tradução: José Geraldo Couto;
Tamanho: 192 págs.;
Lançamento: Maio, 2017.

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Tags: As coisas que perdemos no fogocontosCríticacrítica literáriaditadura militarHorrorliteraturaliteratura argentinaLiteratura ContemporâneaMariana EnriquezresenhareviewSuspenseterror
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Commentários 0

  1. Gildo Andrade Araújo says:
    3 anos atrás

    Minutos antes de ler esta resenha estava relendo um trecho de uma entrevista do escritor argentino Ernesto Sabato (1911–2011):

    “Somos um povo cheio de ressentimentos. Ressentimentos entre as classes sociais, ressentimentos do homem simples do pampa contra a oligarquia, da população indígena contra o colonizador. De nossa formação histórica resultou um fato: os argentinos são um povo triste.

    É uma tristeza que se revela até nesse subúrbio da literatura que é o tango. Tratam de solidão, morte, desencontro e frustração. Escrevi um pequeno livro chamado “A metafísica do tango. Seria impossível escrever a metafísica do samba, não acha?”

    Responder

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