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Home Literatura Ponto e Vírgula

‘O Tradutor Cleptomaníaco’ e o diabo às margens do Danúbio

Luiz Henrique Budant por Luiz Henrique Budant
7 de maio de 2018
em Ponto e Vírgula
A A
Dezso Kosztolanyi - O Tradutor Cleptomaníaco

O escritor Dezsö Kosztolányi. Imagem: Reprodução.

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Aprendemos com Guimarães Rosa que “o diabo não há!”. Houvesse, contudo, o grão-tinhoso, já andaram dizendo que a língua por ele falada seria o húngaro (como graceja Chico Buarque em Budapeste). Exagero, naturalmente.

Sou bastante cioso de pronunciar corretamente os nomes dos autores que leio, mas no caso de Dezsö Kosztolányi (1885-1936), autor que já mereceu excelentes traduções para português na pena de Ladislao Szabo (que traduziu O Tradutor Cleptomaníaco e Outras Histórias de Kornél Esti, publicado e reeditado pela Editora 34) e de Paulo Schiller (para a coletânea Contos húngaros, publicada pela Hedra), o desafio é bastante grande.

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Kosztolányi é dono de um olhar afiado e um humor sutil – faz rir, mas não gargalhar e, principalmente, faz pensar. Em O Tradutor Cleptomaníaco, livro a que gostaria de dedicar atenção neste momento, o olhar de Kosztolányi se volta para situações improváveis e pode nos levar a pensar, quem sabe, em quão improvável é nossa realidade.

Exemplo 1. Kornél Esti (personagem fetiche e alter ego de Kosztolányi, nos dirá a orelha do livro) lembra-se do caso de Gallus, um sujeito de grandes qualidades (“um garoto talentoso, eletrizante […] sabia inglês tão bem, que dizem que o príncipe de Gales tomara aulas particulares com ele”, p. 7), porém padecia de um mal terrível: era cleptomaníaco.

O olhar de Kosztolányi se volta para situações improváveis e pode nos levar a pensar, quem sabe, em quão improvável é nossa realidade.

Roubava tudo. De coisas miúdas e sem valor a grandes trambolhos, com ou sem valor. Compadecido dos infortúnios de Gallus, Kornél Esti decide ajudar-lhe e consegue que faça a tradução de um romance definido como “um daqueles lixos com os quais não queremos sujar as mãos” (p. 8-9).

Apesar de seu excelente inglês e da leitura mais fluida e muito mais digna que o original (cf. p. 9), a tradução era um desastre. Razão? O tradutor cleptomaníaco sucumbira à sua terrível doença e, ao traduzir, roubara palavras: “177 anéis de ouro, 947 colares de pérola, 181 relógios de bolso, 309 brincos, 435 malas” (p. 11).

Podemos pensar, com o breve conto de Kosztolányi, na importância das palavras (e pensar que “palavras/linguagem” são, por excelência, a forma que temos para conhecer e interpretar o mundo – e isso é tão importante que a tarefa de Adão era dar nome às coisas). Noutro sentido, numa reflexão a que certamente será levado quem se ocupa de tradução, o ato de traduzir (e Kosztolányi também era tradutor) não é uma espécie de roubo? Para além do famoso adágio que diz que o tradutor é um traidor, ao traduzir um texto também dele roubamos: seja o furto de palavras, o assalto a uma tradição, a tradução sempre “surrupia” algo.

Cena do filme 'The Wondrous Voyage of Kornel Esti', ou, no original, 'Esti Kornél csodálatos utazása'. Dir. de József Pacskovsky. Imagem: Hunnia Filmstúdió.
Cena do filme ‘The Wondrous Voyage of Kornel Esti’, ou, no original, ‘Esti Kornél csodálatos utazása’. Dir. de József Pacskovsky. Imagem: Hunnia Filmstúdió.

Exemplo 2. Kornél Esti medita sobre como se deve mentir. No conto “A Mentira”, nosso Renatus Cartesius da patranha conclui que há mentiras inverossímeis que são melhores que as próprias verdades. Histórias absurdas são mais passíveis de se acreditar pois, justamente, são absurdas. Quem inventaria que um amigo morto estava vivo para, pouco tempo depois, matá-lo novamente?

São detalhes absurdos que, imprimindo uma improvável inverossimilhança, acabam tornando críveis a mentira. Ou, dizendo melhor do que eu, “só o inverossímil é realmente verossímil, só o inacreditável é realmente acreditado” (p. 36). As afiadas reflexões, ao final, descambam em afirmações que não fazem jus ao restante do texto.

Selecionei dois exemplos entre os 13 contos do ciclo. Poderia mencionar a história do homem que salvou a vida de Kornél Esti e acabou sendo morto por ele; poderia pensar na insólita história do desaparecido (e sobre desaparecidos, ensina-nos Kosztolányi, “deve-se ao mesmo tempo falar bem e mal”, p. 30). A escrita ágil do mestre húngaro brilha em todos os textos, o humor se insinua em detalhes, em frases curtas, como o golpe de sorte que leva Esti a herdar sozinho a fortuna de uma tia milionária (o outro herdeiro morreu no Brasil – país que, na literatura da Europa Centro-Oriental, em especial no período do entreguerras, é quase sempre sinônimo de lugar distante e exótico).

Se o coisa-ruim realmente falasse húngaro, teria gosto literário excelente.

[box type=”info” align=”” class=”” width=””]O TRADUTOR CLEPTOMANÍACO | Dezsö Kosztolányi

Editora: Editora 34;
Tradução: Ladislao Szabo;
Tamanho: 136 págs.;
Lançamento: Março, 2016.

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Tags: book reviewcontoscrítica literáriaDezso KosztolanyiEditora 34literaturaliteratura húngaraO Tradutor Cleptomaníacoresenha
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