• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Literatura

Uma contribuição de Machado de Assis para a ficção científica brasileira

porArthur Marchetto
4 de outubro de 2018
em Literatura
A A
As ilustrações do livro foram feitas pela artista Paula Cruz. Imagem: Reprodução.

As ilustrações do livro foram feitas pela artista Paula Cruz. Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Em julho deste ano, a editora brasileira de ficção científica Plutão Livros lançou o livro Sobre a Imortalidade de Rui de Leão, uma coletânea de dois contos escritos por Machado de Assis: “Rui de Leão” (1872) e “O Imortal” (1882). As narrativas contam duas versões da história de Rui de Leão, um fidalgo português que viveu entre os tamoios, foi incorporado na tribo e, querido por todos, se apaixonou e casou com a filha do pajé da aldeia.

Numa noite em que o pajé estava prestes a morrer, Rui é chamado à cabana e, junto com o sogro, se embrenha na floresta. A trilha os leva até uma pedra onde, anos antes, o chefe da tribo enterrara um frasco com o elixir para a imortalidade. Essa cabaça se torna um presente do moribundo para o genro, pois, ainda que à beira da morte, o pajé queria descansar do cansaço de viver.

Rui hesita em beber e guarda o frasco no mesmo lugar; no entanto, tempos depois, ao se adoentar em decorrência de praga de um padre que o amaldiçoou por se afastar do cristianismo, o fidalgo fica doente. Como último recurso contra a morte iminente, Rui resolve se esgueirar até o elixir e tomar uma golada. No dia seguinte, amanhece curado e, aos poucos, descobre que a poção funcionou: Rui se tornou imortal.

O relato que se constrói nas centenas de anos viajando entre Europa e as áreas rurais e urbanas do Brasil joga um novo olhar à produção de Machado de Assis, inserindo o autor dentro do período pioneiro da ficção científica brasileira. A presença já se faz notar no próprio título, que nos remete à uma das temáticas comuns na literatura especulativa, a busca pela imortalidade, como afirma o pesquisador Roberto de Sousa Causo no prefácio do livro.

Além disso, o tom plausível da história também marca um distanciamento do puramente maravilhoso. Quando Machado escreve que “É incrível que nenhuma história publicada daquele tempo mencione a chegada deste prodigioso sujeito à corte de Lisboa e os casos que aí houve”, ele nos coloca numa posição de “pode ser verdade”.

Além disso, o tom plausível da história também marca um distanciamento do puramente maravilhoso.

Essa intencionalidade pode ser percebida na hipótese científica que fundamenta a premissa dos contos. Na primeira narrativa, “Rui de Leão”, o elixir é construído nos moldes fantásticos estabelecidos por Todorov (que você aprofundar aqui), deixando suspenso o questionamento da origem do elixir: seria ele místico e dado pelos deuses, ou será que foi uma criação do conhecimento botânico do pajé?

“O Imortal” tem uma estrutura mais elaborada. Saindo do narrador neutro da primeira história, o conto passa a ser narrado por um dos filhos de Rui de Leão, um médico homeopata que vive no século XIX e, escondendo-se de uma noite chuvosa, conta os causos para seus amigos. Segundo Roberto Causo, a chuva “é um detalhe que sublinha a inspiração do conto gótico sobre a história machadiana”, afirma Roberto Causo. A mudança do narrador também retira o fantástico do mundo e coloca a incerteza na voz de uma personagem, técnica mais próximas das obras mais conhecidas, como Dom Casmurro e O Alienista.

Machado também postula algo importante para a tradição da ficção científica dentro do texto, conforme aponta o pesquisador no prefácio. No segundo conto, a perspectiva científica do elixir antigo é vista em perspectiva ao dizer: “A ciência de um século não sabia tudo; outro século vem e passa adiante. Quem sabe se os homens não descobrirão um dia a imortalidade, e se o elixir científico não será esta mesma droga selvática?”.

Uma ironia que se construiu ao longo dos anos, longe dos olhos do Machado, é o destaque que a homeopatia teve enquanto ciência na narrativa do conto, mas hoje é questionada por diversos campos científicos. A máxima similia similibus curantur (do latim, semelhante pelo semelhante se cura), é repetida ao longo das duas narrativas e representa um dos princípios do tratamento homeopático: a diluição e dinamização da substância que produz o sintoma no indivíduo saudável.

SOBRE A IMORTALIDADE DE RUI DE LEÃO | Machado de Assis

Editora: Plutão Livros;
Tamanho: 73 págs.;
Lançamento: Julho, 2018.

link para a página do facebook do portal de jornalismo cultural a escotilha

Tags: Ficção CientíficaMachado de Assiso imortalplutão livrosrui de leãoSobre a imortalidade de rui de leao

VEJA TAMBÉM

A escritora francesa Anne Pauly. Imagem:  Édition Verdier / Divulgação.
Literatura

‘Antes Que Eu Esqueça’ traz uma abordagem leve e tocante sobre o luto

30 de junho de 2025
Autora produziu um dos maiores fenômenos literários das últimas décadas. Imagem: Marcia Charnizon / Divulgação.
Literatura

Por que os leitores amam — e nem toda crítica gosta — de ‘Tudo É Rio’, de Carla Madeira

20 de junho de 2025

FIQUE POR DENTRO

Série chegou ao fim após 3 temporadas, mas deixou possibilidade de spin-off. Imagem: Netflix / Divulgação.

‘Round 6’ termina em sacrifício, dor e silêncio

4 de julho de 2025
Michelle Williams e Jenny Slate estão impecáveis em 'Morrendo Por Sexo'. Imagem: 20th Television / Divulgação.

‘Morrendo Por Sexo’ acerta na sua abordagem franca da sexualidade das mulheres

3 de julho de 2025
Cantora neozelandesa causou furor com capa de novo álbum. Imagem: Thistle Brown / Divulgação.

Lorde renasce em ‘Virgin’ com pop cru e sem medo da dor

3 de julho de 2025
Paul Reubens como Pee-Wee Herman. Image: HBO Films / Divulgação.

‘Pee-Wee Herman: Por Trás do Personagem’ busca justiça ao comediante Paul Reubens

2 de julho de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.