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Home Literatura

‘Praia de Manhattan’ e os tempos cruéis de Jennifer Egan

porJonatan Silva
6 de fevereiro de 2019
em Literatura
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Praia de Manhattan Jennifer Egan Intrinseca

Praia de Manhattan é o mais recente romance de Jennifer Egan (foto) publicado pela editora Intrínseca. Imagem: Divulgação.

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No universo literário de Jennifer Egan, o tempo é sempre cruel – seja literal ou metaforicamente. Praia de Manhattan, seu romance mais recente, é um tributo ao cinema noir e ao grande romance americano em um cenário típico dos anos 1940: as ruas dominadas por gangues e respingo da Segunda Guerra na juventude dos Estados Unidos. O livro se divide entre dois tempos: o memorialístico e o cronológico.

No primeiro, Anna Kerrigan é uma menina de apenas 12 anos que visita, em companhia do pai, uma casa suntuosa na praia que dá título à obra; no segundo, Anna é uma mulher destemida e que sonha em ser mergulhadora da Marinha. O sumiço do pai da moça, anos mais tarde, cria uma espécie de limpo do qual a protagonista só conseguirá libertar-se quando descobrir a verdade. O elo entre o presente e o passado é o misterioso Dexter Styles, sujeito cujas atividades brincam com o limite da lei.

Como em A visita cruel do tempo e O Torreão, Egan molda uma narrativa intrigante e meticulosa, enredando o leitor uma história caleidoscópica e cíclica. O ponto de partida é também o de chegada em Praia de Manhattan, uma estratégia arriscada, mas que funciona bem nas mãos da escritora graças, obviamente, ao seu poderio de escrita e também aos anos que passou – e não foram poucos – pesquisando sobre as questões náuticas, a Nova York do começo e dos meados do século passado, e a guerra. Apesar da lista gigante de fontes, Praia de Manhattan passa ao largo de ser um livro afetado ou pedante. Como Ian McEwan ou Margaret Atwood, Jennifer Egan consegue transformar o longínquo em próximo.

Sem se preocupar em ser ambiciosa, a obra se mostra corajosa e inteligente, algo que tem se mostrado raro dentre a literatura mainstream.

Tempos cínicos

Como é comum em sua obra, construção dos personagens de Egan é complexa e bem engendrada. Anna Kerrigan não é a comum femme fatale dos clássicos noir. Há sim um quê desse estereótipo, mas a autora vai além e cria um modelo de mulher libertária e independente. Quando decide que irá morar sozinha na cidade, para que a mãe possa voltar para o interior, a protagonista se revira com os dilemas morais da década de 1940. Detalhes como esse, que hoje parecem prosaicos e bobos, dialogam com a atual governança por meio de uma ética enquadrada, duvidosa e servil.

Para Egan, que terminou o livro pouco antes de Trump assumir os Estados Unidos, o presidente norte-americano tem sufocado a nação. “Ele tem um jeito de sugar todo o ar de uma sala. Depois da posse, eu vi que era quase impossível trabalhar por algumas semanas”, disse ao jornal britânico The Guardian.

A relação entre a história e o momento presente é um dos grandes trunfos do livro – que foi pensado como um retrato dos tempos cínicos, porém, de décadas anteriores. Distante da literatura escapista, que flerta com a alienação, Praia de Manhattan é um olhar atento – ainda que por acaso – sobre os nossos tempos. Anna Kerrigan emula, para não dizer “encarna”, os desejos mais íntimos de rebelião e subversão.

Sem se preocupar em ser ambiciosa, a obra se mostra corajosa e inteligente, algo que tem se mostrado raro dentre a literatura mainstream. Praia de Manhattan é um livro obrigatório para os próximos anos.

PRAIA DE MANHATTAN | Jennifer Egan

Editora: Intrínseca;
Tradução: Sergio Flaksman;
Tamanho:
448 págs.;
Lançamento:
Junho, 2018.

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Tags: Book ReviewCríticaEditora IntrínsecaGrande Romance AmericanoIan McEwanJennifer EganLiteraturaLiteratura Norte-AmericanaMargaret Atwoodquarta-feiraResenhaResenha de LivrosReviewThe Guardian

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