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Home Literatura

A doçura violenta de ‘Tsugumi’

porPetê Rissatti
22 de junho de 2017
em Literatura
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Tsugumi - Banana Yoshimoto

Banana Yoshimoto e seu 'Tsugumi', publicado pela Estação Liberdade. Foto: Basso Cannarsa.

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A maldade na literatura muitas vezes chega à beira do insuportável. Muitos autores têm o dom de conseguir uma plasticidade tão realista às cenas de violência que acabamos abatidos, horrorizados, arrepiados. Muito provavelmente, essas sensações também foram vivenciadas durante a escrita.

Mas há uma espécie de maldade dentro da literatura que, ao meu ver, pode ser pior que a violência física de um thriller policial ou de um bom livro de terror. É aquela maldade insidiosa, que tem mais a ver com a mente que com o corpo, em que o psicológico desempenha um papel fundamental.

Essa tipo de violência e maldade que a autora Banana Yoshimoto traz à tona em Tsugumi, em bela tradução de Lica Hashimoto. Mas, por incrível que pareça, o bucolismo e a nostalgia também têm seu lugar no livro.

Lembranças boas, situações nem tanto

A personagem que dá título à obra é prima da narradora-personagem Maria Shirakawa. Ela deixa o pequeno balneário onde viveu por toda a infância para se instalar em Tóquio com a mãe e o pai, porém, todo o ambiente praiano não sai tão fácil de dentro da garota. E também a saudade dos tios, donos de uma pousada na pequena cidade do litoral, faz com que Maria atenda ao desejo de sua prima Tsugumi e aceite passar as últimas férias na pousada antes de ela ser vendida.

No entanto, esse convite traz à tona não apenas lembranças boas do passado, mas também muito da personalidade de Tsugumi: irascível, despótica, irreverente e insuportavelmente mordaz. A garota de beleza exótica sofre de uma doença crônica, os médicos indicam cuidados constantes, e por isso ela é bastante mimada. Mas a fraqueza física não debilita o comportamento maldoso de Tsugumi frente a todos: aos pais, à própria irmã, aos amigos da escola e à querida prima, Maria.

Essa história, como uma encosta de mar, é o tempo todo atacada pelas ondas de fúria, desprezo e perversidade de Tsugumi.

Na história, acompanhamos a narração daquelas férias por Maria, mas, o que poderia ser uma extensa redação do estilo “Minhas férias” de uma garota interiorana se habituando à imensidão da capital, na verdade acaba carregando o leitor para aquele litoral tão bonito e bucólico da infância da narradora. E essa história, como uma encosta de mar, é o tempo todo atacada pelas ondas de fúria, desprezo e perversidade de Tsugumi.

Leia também
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Tsugumi: fuga ou temperamento

Mesmo quando se vê frente ao garoto por quem se apaixona, Tsugumi não deixa a crueldade de lado. Maria, sabendo do estado continuamente debilitado da prima, sempre tenta botar panos quentes nos atos da parente, até mesmo em situações nas quais seria difícil conceder o perdão.

Em muitos momentos, temos a impressão de que Tsugumi faz tudo o que faz como uma espécie de fuga ou mecanismo de defesa (o chamado coping mechanism), mas, para mim, essa impressão se desfaz quando vemos que há um tanto de prazer no comportamento da moça adoentada.

Maria: domina a história ou é dominada?

Por mais que seja narradora e personagem, Maria não tem grande destaque no que diz respeito à história, o que pode ser interpretado de duas formas: como uma boa escritora, Maria não lança luz sobre si mesma, mas sim sobre Tsugumi, quem dá nome ao livro e cujos atos têm muito relevo.

Outra interpretação poderia ser a influência dominadora que Tsugumi, um ser tão frágil, exerce sobre quem está ao redor; ela se aproveita de sua doença para obrigar a todos que se relacionam com ela moverem céus e terras simplesmente porque ela assim deseja. Não para conquistar nada, nem pelo poder, nem para ficar mais confortável, tampouco para ganhar o respeito dos outros. É da essência de Tsugumi ser assim, tanto que por vezes parece arrependida de seus atos, como se um espírito ruim a tomasse nos momentos de fúria ou de sarcasmo e depois a abandonasse, para logo em seguida aprontar mais uma das suas.

Uma história com muitos elementos que poderiam desembocar num livro de terror ou ao menos de suspense (talvez até num bobo chicklit), mas acabam nos fazendo enxergar um mundo de fragilidades, ternuras e saudades.

TSUGUMI | Banana Yoshimoto

Editora: Estação Liberdade;
Tradução: Lica Hashimoto;
Quanto: R$ 30,93 (184 págs);
Lançamento: Outubro, 2015.

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Tags: Banana YoshimotoCrítica LiteráriaEstação LiberdadeJapãoLica HashimotoLiteraturaliteratura japonesalitoralMaldadenostalgiaorigenspraiaResenhaTsugumi

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