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Afghan Star: uma cantora e o islã

porGuilherme Aranha
19 de agosto de 2016
em Música
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Bill Murray sempre foi meu ator favorito para interpretar personagens cômico-decadentes. Tanto que quando vi Rock em Cabul (clique aqui para ler nossa crítica do filme) passando na televisão, foi justamente o melhor caça-fantasma de todos os tempos que me convenceu a assistir ao filme.

Em Rock em Cabul, Murray faz o papel de Richie Lenz, um produtor fracassado que mente sobre ter descoberto Madonna e que embarca numa furada para o Afeganistão realizar a turnê de sua assistente Ronnie (Zoey Deschannel). No decorrer do filme, Ronnie foge e Murray fica perdido no país na companhia do taxista, um soldado metido a escritor e dois trambiqueiros contrabandistas de munições até encontrar Salima (Leem Lubany), filha de de muçulmanos e com grande talento para cantar.

Bill Murray tocando Smoke on the Water Foto: IstoÉ
Bill Murray tocando Smoke on the Water. Foto: Divulgação.

Em meio a um roteiro simples e feito apenas para divertir, o filme justifica o título da música do The Clash (em inglês o filme se chama Rock the Kasbah) apenas pelo ato da rebeldia, quando desafia as rígidas tradições islâmicas para fazer sua nova artista brilhar num talent show.

Enquanto o filme rola, Leem Lubany nos presenteia duas vezes. A primeira é com a performance de “Wild World” e depois com “Peace Train”, vencendo o Afghan Star e o coração da população afegã. No fechamento antes dos créditos, a homenagem à Setara Hussainzada é exibida e aí que nosso papo começa.

Setara com seu filho. Cantora fugiu para a Alemanha por conta das ameaças Foto: PopMatters
Setara com seu filho. Cantora fugiu para a Alemanha por conta das ameaças. Foto: PopMatters.

Rock em Cabul é pura homenagem e a história de Setara é melhor contada nos documentários Estrela Afegã (2009) e Uma Estrela Afegã em Queda (2015), ambos de Havana Marking. Setara Hussainzada foi a primeira mulher a cantar e dançar no programa afegão, uma espécie de American Idol local.

Mesmo sendo eliminada na primeira fase das finais, Setara encontrou na música sua principal arma contra as rígidas tradições do islã.

Mesmo sendo eliminada na primeira fase das finais, Setara encontrou na música sua principal arma contra as rígidas tradições do islã. Em cadeia nacional, Setara retirou seu véu no meio da apresentação, chocando os radicais muçulmanos e desencadeando logo em seguida uma série de ameaças de morte, sob as alegações de ser infiel a Alá e a cultura local. A participação da cantora, embora controversa, teve em partes a chance de acontecer após a queda do Talibã em 2001. De lá pra cá, muita coisa havia mudado no país, mesmo que as tradições religiosas ainda fossem as mesmas.

Mas ao contrário da personagem Selima, vivida por Leem Lubany no filme, Setara utilizou músicas próprias e compostas a partir das escalas e moldes da música oriental. Embora tenha conseguido fãs e até uma certa fama, Setara acabou fugindo para a Alemanha para escapar das ameaças de morte e até mesmo de retaliações maiores por parte dos radicais.

A paquistanesa Leem Lubany como a cantora afegã Salima, inspirada na história de Setara Foto: Wjs.Net
A paquistanesa Leem Lubany como a cantora afegã Salima, inspirada na história de Setara. Foto: Wjs.Net.

É fato que a música sempre muniu artistas contra totalitarismos, sejam eles por parte das religiões e crenças, do governo ou de formas de discriminação. Foi assim com a ascensão do jazz e depois do hip-hop e da corrente negra contra o racismo na América e na Europa, do movimento punk e do hardcore spreading anarchy contra grupos nazi-fascistas e governos autoritários ou até mesmo do country como a resistência dos costumes sulistas contra a união mesmo após a guerra civil. E no Oriente, essa vertente política e manifesta da música serviu de inspiração para que uma mulher se soltasse das algemas da religião para poder se sentir livre em frente às câmeras com sua voz, sua música e sua paixão. Em qualquer cultura, a música é fundamental não apenas como arte para apreciação, e alguns dos nomes que entraram para a história das gravações o conseguiram por questionar algum paradigma imposto por outro fator.

Ainda que Setara não cante mais devido aos problemas de ir contra a frente tradicional (e por que não machista) do islã, sua história é mais um dos lindos exemplos do como a música é libertadora e essencial para as nações e os indivíduos. E o mais impressionante de tudo é que Setara causou toda essa comoção em seu país sem usar uma vírgula político-social em suas canções, apenas o desejo de cantar.

Apesar das homenagens (tanto à Setara quanto ao The Clash), Rock em Cabul não traz em momento algum as canções de ambos. Mas o que importa é que serviu para divertir e nos levar a uma história que merece ser contada. Especialmente, um dia, na letra de uma linda canção.

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Tags: Afghan StarFeminismoMúsicaRock em CabulSetara HussainzadaTalibã

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