• Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
8 de agosto de 2022
  • Login
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Escotilha
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Home Música Caixa Acústica

Um texto sobre uma canção

Lucas Paraizo por Lucas Paraizo
20 de outubro de 2016
em Caixa Acústica
A A
Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no Facebook

Dois fatos dos mais relevantes na música nas últimas semanas: Bob Dylan ganhou um Nobel de literatura por sua maneira única de transformar canções em poesia e narrar os tempos através de versos sem perder em nada para romances. Outro fato mais geograficamente próximo, o Wilco voltou a tocar no Brasil depois de 11 anos e fez shows inesquecíveis em São Paulo e no Rio de Janeiro. Além de inspirações parecidas, o que une os dois artistas neste texto é um terceiro nome. É uma música que veio antes, de um poeta que veio antes e que, se não viesse, talvez não seriam o Dylan e o Wilco que conhecemos hoje.

Woody Guthrie nasceu há mais de cem anos e morreu nos anos 60, mas fez entre os anos 30 e 40 a sua carreira de trovador norte-americano. Durante a Grande Depressão, viajou com fazendeiros sem terra pelos Estados Unidos e desenhou em suas canções o retrato de um tempo. Na Segunda Guerra, trabalhou em navios e cantou para acalmar os espíritos dos marinheiros. Sua maneira de escrever músicas e apresentá-las, uma espécie de narrador de prosas poéticas, foi a grande inspiração para Bob Dylan. Guthrie foi o mentor de uma geração de cantores folk com consciência política e social, algo que ele carregava desde o início do século em seu violão com o famoso “essa máquina mata fascistas” escrito. Guthrie ensinou a Ramblin’ Jack Elliott o seu estilo de escrever, tocar e se apresentar e, alguns anos depois, Elliott ensinou Dylan quando a saúde de Guthrie já não o deixava mais.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

Uma lista enorme de rascunhos e canções esquecidas de Woody Guthrie foi guardada por décadas e, parte delas, ganhou vida em 1998 nas sessões que originaram os três volumes do Mermaid Avenue, projeto em que Wilco e Billy Bragg cantam canções do antigo trovador. Entre elas está “Remember the Mountain Bed”. Não se sabe ao certo quando ela foi escrita por Guthrie, mas acredita-se que foi em 1944, logo que ele embarcou para a Segunda Guerra. Os versos ganharam uma melodia pensada por Jay Bennett e encontraram a voz de Jeff Tweedy. O resultado é uma das mais belas canções já feitas.

‘Remember the Mountain Bed’ é a obra de Guthrie que melhor representa o estilo que Bob Dylan aperfeiçoaria décadas depois e o levaria a ganhar o Nobel.

“Remember the Mountain Bed” é a obra de Guthrie que melhor representa o estilo que Bob Dylan aperfeiçoaria décadas depois e o levaria a ganhar o Nobel. É mais que uma canção, é uma verdadeira narrativa poética em que cada palavra e pensamento vem em um fluxo literário. É como transformar em música uma página de Hemingway. “Remember the Mountain Bed” é o centro do que Guthrie se tornou em suas experiências de vida, alguém capaz de enxergar o mundo com outros olhos e ainda se relacionar com o homem comum. Ela é uma história de amor através dos tempos. Uma trama relembrada através de detalhes, de cenas guardadas na memória, aromas, gostos e sensações. Da cor das árvores, do gosto das frutas, do cheiro do cabelo da amada trazido pelo vento. É uma trama de amor que sobrevive a tempos de seca e pobreza, que juntos, descobrem o que significa viver e morrer, descobrem o que nos prende a uma terra e o que é importante na vida a partir do momento em que libertamos a mente.

É uma canção de beleza talvez inigualável, de expressões e letras emocionantes. De melancolia profunda sobre perdas e a inevitável morte, mas de esperança latente sobre a aceitação do que é estar vivo. É uma canção sobre a necessidade de saber o que mais importa na sua vida, saber de onde você saiu, por que você trabalhou, onde você chegou e o que você cruzou para estar lá. Sobre o conforto de se livrar da dor e da angústia e saber quem você é, talvez a tarefa mais difícil de todas.

“Remember the Mountain Bed” era a grande joia esquecida entre as palavras que Guthrie uniu com maestria durante a vida. Por sorte, ela sobreviveu para encontrar a performance perfeita do Wilco (e de outras bandas e artistas que a regravaram) para se manter viva. É, de certa forma, um relato deixado por Guthrie após a morte. Se toda a sua andança serviu para algo, foi para descobrir a importância das coisas, e o recado para quem veio depois dele ficou em forma de música.

fb-post-cta

Tags: Bob DylanfolkJeff Tweedymúsicamúsica internacionalNobel de LiteraturaRemember the Mountain BedWilcoWoody Guthrie
Post Anterior

Quando o sangue não flui – a trama cansativa do ‘Evangelho de Sangue’

Próximo Post

‘O Contador’ frustra ao “brincar” com o autismo

Posts Relacionados

‘Mercedes Sosa: A Voz da Esperança’ é mais tributo do que biografia

‘Mercedes Sosa: A Voz da Esperança’ é mais tributo do que biografia

15 de julho de 2022
‘Sobre Viver’ é disco para mais versados em rap

‘Sobre Viver’ é disco do rapper Criolo para mais versados em rap

17 de junho de 2022

Antonina Blues Festival começa hoje

16 de junho de 2022

Banda-fôrra elucida quem cantará a salvação do mundo em novo disco

8 de junho de 2022

O Coolritiba é amanhã; o que esperar do festival

20 de maio de 2022

‘Love Sux’, novo álbum de Avril Lavigne, é pop punk empoeirado

3 de março de 2022

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  • O primeiro episódio de WandaVision nos leva a uma sitcom da década de 1950.

    4 coisas que você precisa saber para entender ‘WandaVision’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Procura-se’ trabalha suspense a partir do desespero de casal com filha desaparecida

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Tudo é rio’, de Carla Madeira, é uma obra sobre o imperdoável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘A Casa Mágica da Gabby’: por muito mais gatinhos fofinhos e coloridos

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘A gente mira no amor e acerta na solidão’: o amor pelo que ele é (e não é)

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
Instagram Twitter Facebook YouTube
Escotilha

  • Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Colunas
    • Cultura Crítica
    • Vale um Like
  • Crônicas
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Cinema & TV
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Colunas
  • Artes Visuais
  • Crônicas
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2021 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In