Depois de meses de ansiedade, finalmente descobrimos o lineup da edição 2018 do Lollapalooza Brasil (o anúncio também contemplou as etapas Argentina e Chile do festival) – veja ele completo abaixo. Com alguns nomes bem conhecidos do público (inclusive do público do Lollapalooza, diga-se), a edição brasileira do festival criado por Perry Farrell, Ted Gardener, Marc Geiger e Don Muller chega à sua sétima edição nos dias 23, 24 e 25 de março. É a segunda vez na história do Lollapalooza Brasil que o evento se estenderá por três dias – a outra foi em 2013.
Dos nomes anteriormente especulados, muitos se confirmaram. Dos três principais headliners, dois retornam pela segunda vez. The Killers e Pearl Jam passarão pelo festival 5 anos depois da apresentação na segunda edição, ainda no Jockey Club, justamente a única que contou com três dias. Com um elogiado novo disco na bagagem, considerado por veículos como a Pitchfork como o melhor da carreira do grupo, o quarteto liderado por Brandon Flowers chega com a promessa de fazer o público agitar o Autódromo de Interlagos.
Já o Pearl Jam vem pela quinta vez ao país nos últimos 13 anos. Depois de levar 15 anos para fazer o primeiro show no Brasil, a banda virou visitante frequente, o que fez muitos considerarem sua presença no festival um exagero, ainda mais sem a previsão de um novo álbum – o último foi Lightning Bolt, de 2013. Muitas especulações nos últimos meses davam conta que o novo registro sairia neste ano, o que veio a não se confirmar até o presente momento. Sem material novo, há o receio de repetir os shows de 2015, [highlight color=”yellow”]mais centrados em clássicos e sem grandes novidades a quem já os tenha visto no palco.[/highlight]
Do trio de headliners, o novato no Lollapalooza Brasil é o Red Hot Chilli Peppers, que estará em solo brasileiro apenas seis meses depois de se apresentar no Rock in Rio. A presença deles também foi alvo de críticas, não só pelo pequeno intervalo entre uma apresentação e outra, mas também pelo grupo mudar muito pouco as canções de seus setlists. Com uma extensa carreira (são 11 álbuns de estúdio), é uma lástima que explorem pouco seu vasto catálogo.
ANÁLISE » Lollapalooza acerta ao apostar em astros do rap
Chegando à sétima edição já deveria estar na mente do público que [highlight color=”yellow”]o festival não é feito para ele[/highlight], mas sim para dar lucro. Muitas são as reclamações que podem ser feitas ao evento, entre elas o preço alto, próximo a um salário mínimo; a pouca variedade entre os artistas trazidos também não pode passar em branco: alguns nomes são presença frequente no festival, mesmo que não estejam lançando trabalhos. Isso só para ficar nos que costumam receber maior destaque, junto a irritante frase: “eu não conheço essa banda”.
Ao fim e a cabo, o objetivo do Lollpalooza Brasil, como de qualquer outro grande festival, é ganhar grana e fazer girar os artistas que fazem parte do mesmo conglomerado detentor da marca Lollapalooza.
Ao fim e a cabo, o objetivo do Lollpalooza Brasil, como de qualquer outro grande festival, é ganhar grana e fazer girar os artistas que fazem parte do mesmo conglomerado detentor da marca Lollapalooza. À parte de tudo isso, é inegável que a organização acertou em cheio nesta edição – algo até então difícil de admitir. O Lollapalooza seguiu a tendência que vinha crescendo nas últimas edições e trouxe, para 2018, nomes de destaque na cena hip hop, como Chance The Rapper, Tyler, The Creator e Anderson Paak, sem esquecer do eterno líder do Racionais MCs, Mano Brown, e de Rincon Sapiência, nome emergente na cena brasileira.
Há quem diga que o hip hop é o novo pop, tamanha relevância do gênero na última década, a ponto de estar inserido no trabalho de quase todas as estrelas pop da atualidade – isso quando estas não são, de origem, do hip hop. O ponto é que o Brasil terá a oportunidade de assistir a shows de artistas que, nas próximas décadas, certamente dominarão as rádios, os streamings e, por que não, os corações dos fãs.
Por último mas não menos importante, o festival parece ter, finalmente, olhado um pouco para a nova safra brasileira. A escalação das bandas nacionais, ainda que de forma muito sutil, abre as portas para nomes como O Terno, Plutão Já Foi Planeta, Selvagens à Procura da Lei, Ventre, Francisco, el Hombre e Luneta Mágica, que representam bem a nova geração brasileira com (ao menos) um pé no rock.
Se Perry e seus companheiros de organização ainda esquecem de estabelecer pontes entre os três países da América do Sul com versões do festival criado em Chicago – talvez a grande reclamação de curadoria a ser feita, já que segue tornando o Brasil uma ilha quando o assunto é a disseminação de música feita por nossos vizinhos –, ao menos ele tenta compensar isso com uma olhar mais generoso para nossos próprios artistas. Já é um bom começo – [highlight color=”yellow”]mas ainda esperamos nossos hermanos tocando por aqui, viu Lollapalooza?[/highlight]