Trocando Em Miúdos: Wilder Mind, novo trabalho dos ingleses da Mumford and Sons, é fraco e chega, nos piores momentos, a descaracterizar a própria banda. / [rating=1]
Mumford and Sons, para quem não sabe, é um grupo inglês de folk. A banda acaba de lançar seu terceiro álbum de estúdio, Wilder Mind, produzido por James Ford, músico e produtor musical, conhecido por produzir os discos do Arctic Monkeys, Florence and The Machine e Peaches.
A escolha por Ford não foi ao acaso. Após um segundo disco muito criticado – Babel (2012) – o quarteto londrino decidiu que era o momento de introduzir mais guitarras e sintetizadores, procurando assim sacudir a poeira frente seu último “fracasso”.
É inegável que James Ford fez um bom trabalho com Marcus Mumford, Ben Lovett, Winston Marshall e Ted Dwane, entretanto, não o suficiente para que o disco fosse memorável. Mesmo com riffs mais marcantes, como em “Tompkins Square Park”, o trabalho em si é pouco original, tropeçando novamente no mais do mesmo. Um bom exemplo disso, a faixa “Believe” poderia ser perfeitamente uma canção composta pelo Coldplay. Mesmo liricamente a banda peca, sendo capaz de trazer versos bem pobres, que em nosso português seriam a exatidão de rimar “amor” com “flor”.
“Mesmo com riffs mais marcantes, como em ‘Tompkins Square Park’, o trabalho em si é pouco original, tropeçando novamente no mais do mesmo.”
A sensação que o disco me causou foi a de ver uma banda inglesa de folk querendo soar como uma banda norte-americana de folk. Diferenças? Bruce Springsteen, se não é um gênio, ao menos mostrou que folk é muito mais que meia dúzia de músicas sobre o nada misturadas com uma voz rouca e um banjo. Ou seja, ao procurar novas sonoridades, o Mumford and Sons consegue apenas ser genérica.
O mundo do folk é muito mais que a fórmula assumida por muitas bandas hoje em dia. Tom Petty e Bruce Springsteen, por exemplo, são grandes contadores de histórias, acrescentando suas perspectivas de mundo, oferecendo narrativas pessoais nas temáticas abordadas em suas canções. Em Wilder Mind, o Mumford and Sons não faz mais que ser um homem comum, daqueles que encontramos por aí e segundos depois nem lembramos de ter cruzado nosso caminho.
Para não parecer que o CD não tem nada bom, “Cold Arms”, uma balada levada em violão, é o bom registro das 12 faixas. “Ditmas”, um pop mais animado, com excelente meio campo entre melodia e letra, também é digna de menção. Pena apenas que “Hot Gates” fecha o disco disco de forma tão sem graça. Se o grupo quiser seguir este rumo mais elétrico, precisam fazer isto de forma completa e sem medo – não são o Radiohead, mas usem o exemplo deles em Kid A/Amnesiac e arrisquem de verdade. O que não podem fazer é esperar que apenas duas músicas sejam capazes de salvar um trabalho tão fraco quanto este, muito menos seu banjo.