David Bowie é um gênio. Quiçá, Bowie seja o artista mais influente da história da música mundial. David Buckley, responsável por uma das biografias do “Camaleão” (Strange Fascination. David Bowie: The Definitive Story), escreveu que “ele penetrou e modificou mais vidas do que qualquer outra figura comparável”. Ouso dizer que essa frase tenha, talvez, sido a melhor coisa que Buckley já tenha escrito na vida.
David Bowie criou com suas músicas um novo parâmetro para definirmos um artista completo. Não há exageros em dizer que gerações não seriam o que foram sem a existência das personas do cantor, como Ziggy Stardust.
Se o tempo fez mal a muitos artistas, seja pelo ostracismo ou pela dificuldade em saber envelhecer – quase como um efeito da Síndrome de Peter Pan -, não podemos dizer o mesmo do músico inglês. Ano após ano, década após década, vimos seu talento ecoar em diversas artes, mostrando que sua carreira já foi eternizada e que a força de seu trabalho é inabalável. Um trabalho ruim de Bowie é, ainda assim, genial – presumindo que haja algo que não seja bom, o que, sinceramente, não acho ser possível.
Se convencionamos chamar a década de 1980 como a “década perdida” – o que não acho verdade (e muito menos justo) -, a década de 1970 deveria ser a “década Bowie”. Com Ziggy Stardust, Bowie desafiou todas nossas crenças. O surgimento desta persona, um das primeiras das que assumiria ao longo de sua carreira, foi acompanhado de perto por Mick Rock, um gigante da fotografia mundial, que sempre teve um olhar muito apurado para o rock, o que lhe rendeu o codinome “O Homem Que Fotografou os anos 1970”.
Com Ziggy Stardust, Bowie desafiou todas nossas crenças.
Por suas lentes passaram diversos artistas, como Queen, Syd Barret, Lou Reed, Iggy Pop, Sex Pistols. Mas Ziggy Stardust foi, sem sombra de dúvidas, o responsável por seus registros mais icônicos. Rock foi o fotógrafo oficial de David Bowie durante esta fase, o que garantiu a seus cliques um valor incalculável.
Na recém-inaugurada exposição do fotógrafo na Galeria Taschen, em Los Angeles, a Mick Rock: Shooting for Stardust. The Rise of David Bowie & Co, Mick Rock organizou alguns dos seus registros do período que esteve ao lado do cantor e que fazem parte do livro The Rise of David Bowie. 1972-1973, lançado pela Taschen. Para a imprensa, Rock falou sobre sua experiência ao lado do Camaleão. “David era um assunto tão incrível. Ele era como um presente”.
As fotos disponíveis no hotsite do projeto, no site da editora, mostram um lado do músico e de sua persona que poucas pessoas – ou nenhuma, além do próprio fotografo – tiveram acesso. O próprio fotografo sinalizou isso durante a inauguração da exposição. “A maioria dessas imagens não seriam publicadas. Justamente por isso, tornaram-se emblemáticas”.
À VICE, Mick Rock contou como David Bowie era uma personalidade diferenciada. “Definitivamente era diferente em todos os sentidos. Suas referências eram muito amplas. Ele era o teatro Kabuki vivo, Marcel Marceau, 2001: Uma odisseia no Espaço”, disse o fotógrafo. “Ele tinha uma genialidade inata desde o início”, completou.
Resta sonhar para que a exposição viaje o mundo. Já o livro, um sonho quase impossível, tanto pela pequena tiragem (1972 cópias, todas autografadas por Bowie e Rock), quanto pelo valor: US$ 700.
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