A banda paulista Cabana Café surgiu em 2009, na cidade de Taubaté, região do Vale do Paraíba paulista. Desse ano até o lançamento de Panari (2013), primeiro álbum do grupo, foram 4 longos anos.
Meu primeiro contato cara a cara com o Cabana Café aconteceu apenas em 2012, quando abriram o show do carioca Cícero em São José dos Campos, na icônica Hocus Pocus. Àquela época, Panari ainda estava sendo gestado, mas foi possível criar um mapa mental sobre o que a banda pretendia. Afinados, carismáticos e, principalmente, focados em fazer música para seu público, afinal, o mundo se conquista pelas beiradas.
Confesso aqui que esperava mais de Panari, e isso foi um peso que carreguei durante três anos. Digo que carreguei porque a expectativa foi gerada em cima do que vi no palco, mas, no entanto, nunca houve uma promessa de que a banda caminharia pelo trajeto que eu imaginava.
Não obstante, havia um processo natural de amadurecimento enquanto apreciador musical. Logo, o disco soaria perfeito ao Alejandro de 2012. Sendo assim, só me restava afirmar que o disco era bom (e realmente é), mas que não se comunicava mais comigo (e ainda não o faz).
Grata surpresa aconteceu no último dia 04 deste mês ao receber a informação do lançamento de Moio, o segundo disco da Cabana Café. A alegria tem vários motivos de ser. Quem vive a indústria da música (em especial, produtores, músicos e críticos) sabe quão grande e desafiador é o momento do segundo passo. Curiosamente, o segundo disco de um grupo costuma ser muito mais cobrado do que o primeiro. E Moio é um exemplo riquíssimo de amadurecimento artístico.
Sai a contemplação e a existência mais abstrata e entram em campo a espontaneidade e uma confiança latente.
As nove faixas que compõem o disco têm novos temperos. Sai a contemplação e a existência mais abstrata e entram em campo a espontaneidade e uma confiança latente.
E nesse novo momento, a Cabana Café é muito mais ousada, jogando com elementos menos característicos do indie rock alternativo e apostando em grooves e riffs mais psicodélicos.
As próprias letras acabam sendo influenciadas com isso. Mais complexas, são indícios de que não há intenção alguma de subestimar os fãs, como um voto de que eles amadureceram junto com o grupo.
Produzido por Taian Cavalca, tecladista da banda, a narrativa de Moio segue uma linha lógica, em que suas composições possuem uniformidade, o equilíbrio necessário entre melodia e lirismo.
O cotidiano vaga pelas linhas do disco, apresentados na forma mais pura de intimidade de cada um dos músicos, trazida como um novo jogo de referências e camadas, algumas estéticas e outras nem tanto, mas que dão liga no trabalho.
Nessa febre da urgência da selva de pedra paulistana, o grupo insere ruídos e outros elementos sonoros, contextualizando a obra e, ao mesmo tempo, tornando-a atemporal, uma paisagem sonora digna de grandes trabalhos da música nacional.
Pode ser cedo para definir que este novo trabalho de Rita Oliva, Gustavo Athayde, Hafa Bulleto, Mário Gascó, Taian Cavalca e Zelino Lanfranchi perpetuará, mas será forte na batalha ao escancarar toda essa liberdade descarregada no álbum. Podemos dizer, ao certo, que “liberdade ainda que tardia” nunca fez tanto sentido.
NO RADAR | Cabana Café
Onde: Formada em Taubaté, mas residem em São Paulo, São Paulo.
Quando: 2009
Contatos: Site | Facebook | Soundcloud | YouTube
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