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O mundo racional de Tim Maia: do groove ao samba

A fase da Cultura Racional de Tim Maia não rendeu apenas os dois álbuns ‘Tim Maia Racional’, mas também um disco compacto de samba.

porFelipa Pinheiro
13 de maio de 2018
em Música
A A
O mundo racional de Tim Maia: do groove ao samba

Imagem: Reprodução.

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Hoje, dia 13 de maio de 2018, faz 43 anos desde a primeira apresentação oficial da Banda Seroma Racional, a banda do Tim Maia na sua fase pertencente à Cultura Racional. O show foi feito em uma praça pública de Belford Roxo (RJ), em comemoração a data da libertação dos escravos no Brasil. Data também que é considerada pela Cultura Racional como o “Dia da Libertação da Matéria”.

Os dois discos lançados por Tim Maia nessa época, o Tim Maia Racional Vol.1 e Vol.2, são reconhecidos por muitos críticos da música como a representação da melhor fase musical do Tim. Devido aos preceitos da cultura, o artista largou as drogas e tirou da sua dieta a carne vermelha, o que melhorou muito a sua performance.

Mas o que pouca gente sabe, é que nessa fase Tim também fez um disco de samba, o Tim Maia Racional e Coro Racional. O álbum, assim como os anteriores, faz referências à Cultura Racional e sua doutrina, só que em marchinhas carnavalescas. Não há muitas informações sobre o compacto, mas parece que ele foi lançado antes do Tim Maia Racional Vol.2 pelo selo Seroma (gravadora do próprio Tim).

Em 2011, foi lançado o ainda pouco conhecido Tim Maia Racional Vol. 3, a partir de uma fita encontrada pelo produtor musical Dudu Marote, com cinco músicas inéditas do Tim Maia Racional. O álbum contou com a produção de Kassin, que reuniu os músicos que trabalharam com Tim para saber como era a ideia de finalização do álbum pretendida pelo cantor. A gravação das guitarras ficou por conta do Paulinho Guitarra, músico que fazia parte da Seroma Racional.

Mas afinal de contas o que é a Cultura Racional?

A Cultura Racional foi criada no ano de 1935 por Manoel Jacintho Coelho. O homem que é citado por Tim Maia na música “O Grão Mestre Varonil” como “o maior homem do mundo / homem sábio e profundo”.

Manoel era médium umbandista e teria recebido na época a entidade da Cultura Racional, o Racional Superior, que lhe passou ensinamentos para ele oferecer à humanidade como seu representante. Destes ensinamentos, surgiu o livro Universo em Desencanto, obra base da Cultura Racional.

É importante salientar que a Cultura Racional não é considerada uma religião ou uma seita por seus seguidores, os chamados “estudantes”, e sim um movimento cultural. Um movimento que objetiva levar as pessoas à compreensão de sua origem, natureza e destino.

Para os estudantes, o único caminho para a “salvação” da humanidade, a denominada “Imunização Racional”, é a leitura dos livros escritos pelo Supremo Racional através do seu representante terreno, Manoel. São mais de 1.000, e só quem os lê desenvolveria o raciocínio e estaria “imunizado” para a hora determinada retornar ao mundo de origem da humanidade, a “Planície Racional”, que é habitada por seres perfeitos e harmônicos, os Racionais.

E como que o Tim Maia entrou nessa onda?

Lendo a biografia da vida do Tim Maia, Vale Tudo, de Nelson Motta, parece que eu assisti tudo de perto, que eu estava lá em 1974, quando o Tim tomou uma mescalina e foi visitar o seu amigo e músico, Tibério Gaspar, em sua casa no Recreio (Rio de Janeiro).

Com a mescalina batendo, enquanto esperava o amigo terminar de tomar banho, Tim achou o livro que mudaria a sua vida, o Universo em Desencanto. Curioso após folhear o primeiro livro da Cultura Racional, começou a perguntar tudo sobre a Cultura a Tibério, que acabou o levando para o santuário do Universo em Desencanto na cidade de Belford Roxo.

Com a mescalina batendo, enquanto esperava o amigo terminar de tomar banho, Tim achou o livro que mudaria a sua vida, o Universo em Desencanto.

No caminho, o amigo lhe contou que uma vez foi com o músico Antonio Adolfo ao santuário e Manoel Jacintho, o criador da Cultura Racional, teria lhes dito que quando saíssem de lá, fariam uma música de grande sucesso.

Logo em seguida, eles compuseram a música “Sá Marina”, que se tornou hit no Brasil na voz de Simonal e depois foi gravada nos EUA por Sérgio Mendes e chegou até na voz de Stevie Wonder.

Quando chegou ao santuário, Tim teve uma longa conversa com o seu Manoel e após um ritual de “desmagnetização”, recebeu uma calça e uma camisa brancas. Ficou alguns dias no santuário, lendo o livro e participando das ritualísticas, até que decidiu que o disco duplo que estava gravando com a banda, tomaria outro rumo: propagar a Cultura Racional.

Ao reaparecer no estúdio de gravação, avisou aos músicos que faria novas letras para o disco que estava com suas bases já gravadas. As músicas não falariam mais de amor, sexo ou drogas e sim divulgariam a Cultura Racional. E, quem quisesse continuar na banda, teria que seguir os ensinamentos do movimento. A banda Seroma se tornaria, então, a Seroma Racional.

Conforme o livro de Motta, a primeira música a ganhar a nova letra foi “Que beleza”, que falava de natureza e coisas bonitas, e com a troca de algumas frases e com o acrescento no título de “Imunização Racional” se tornou um ótimo meio de mensagem do deus da cultura racional, o Racional Superior.

Outra música que já tinha letra e foi adaptada à Cultura Racional foi a “Quer queira quer não queira”. A letra, que impõe a leitura do livro o “Universo em Desencanto”, antes contava a história de um cara de Porto Rico que foi viver em Nova York.

Mas a gravadora americana, a RCA, não quis gravar o disco duplo com as novas letras. A época era de séria repressão com a ditadura militar e a gravadora acreditava que pelo o conteúdo ligado à Cultura Racional, o disco duplo de Tim seria um fracasso. Com isso, o artista então criou o selo SEROMA (SEbastião ROdrigues MAia) e gravou e lançou os dois discos Tim Maia Racional Vol. 1 e Vol.2  

Quando os discos chegaram à imprensa e às emissoras de rádio, foram massacrados pela crítica. Todo mundo esperava ouvir sons parecidos com os sucessos anteriores, como “Réu confesso”, “Não quero dinheiro”, “Chocolate” e “Gostava tanto de você” e só ouviram que era para ler e reler o livro “Universo em Desencanto”.

A banda não tocava mais seus sucessos e com isso não conseguia fazer shows pagos e o seu público era composto quase que integralmente por estudantes. E nessa, Tim estava mal pago e mal fodido, já que nem transar podia, porque, para o movimento, o sexo era só para procriação.

Em um dia então já decepcionado com o movimento, Motta narra que: “Tim acordou com uma vontade louca de comer uma carne sangrenta, tomar um goró e fumar um baseado. Teve uma desiluminação e abandonou a seita no seu velho estilo, quebrando tudo.

Voltou para o apartamento da Figueiredo Magalhães, tirou e queimou a roupa branca e, nu e furioso, foi para a janela e começou a gritar para a rua, em volume máximo, que seu Manoel Jacintho era um pilantra, um ladrão e um tarado que comia todo mundo. E convocou a imprensa para dizer que tinha sido enganado e roubado pelo ex-guru.”

Ficou com tanta raiva que mandou no mesmo dia destruir os milhares de discos restantes. Voltou com tudo para a boemia e no lugar da Cultura Racional, deu voz ao romance e a diáspora negra com o lançamento de um novo álbum em 1976, o Tim Maia.

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