A cada ano que passa, a cena musical do Paraná confirma que, à revelia de toda falta de apoio, segue crescendo e fornecendo uma infinidade de artistas, projetos e encontros dos mais variados gêneros musicais, sempre com qualidade. Neste 2017, esta coluna cobriu mais de 50 lançamentos dos artistas do Paraná. Também houve espaço para cobrir shows dos artistas locais, para falar sobre fóruns, para entrevistas e também para lançamentos de livros sobre a música feita em Curitiba.
Já passaram por aqui artistas de Londrina, Maringá, Marialva, Cianorte, Ponta Grossa, Curitiba, São José dos Pinhais, Pinhais, Colombo, Francisco Beltrão, Campo Mourão, entre outras. Desta forma, A Escotilha se consolida como o veículo que faz a maior cobertura da música no estado.
Ao passo que a cena cresce, ainda é possível notar a existência de microcenas que permanecem desconectadas umas das outras. É preciso fazer entender que o crescimento de um artista pode (e deve) representar o crescimento de todos, e que, para isso, é necessária a compreensão dos artistas que eles vivem em um mesmo microcosmo, e que, antes de cobrar o público e as casas noturnas, é preciso a união dos próprios atores desta cena musical em prol da arte coletiva.
Vamos aos destaques da música paranaense neste 2017. Todos eles fazem parte desta listagem por terem acrescentado algo marcante à cena musical local. A única regra durante a montagem deste texto é [highlight color=”yellow”]que os discos tivessem sido lançados entre 1º de janeiro e 20 de dezembro de 2017[/highlight].
20 – No Crowd Surfing – Leftovers
A banda está em hiato, mas ainda assim aproveitou 2017 para lançar um disco com algumas sobras, que estavam guardadas desde 2015 na gaveta. O disco é uma boa síntese da identidade da banda de Cianorte: uma música baseada em guitarras e melodias insistentes e penetrantes. Um mergulho nostálgico e encantador.
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19 – Katze – Moon phases of a relationship
Uma das integrantes da Cora, Katherine Zander, que em seu projeto solo atende pelo codinome Katze, lançou Moon phases of a relationship, um jogo sobre utopias e relacionamentos construído entre o cloud rap e a vaporwave. Uma espontânea, reflexiva e prodigiosa sonoridade que a tudo subverte.
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18 – Othersame – Courting Saturn
Parte do revival do post-hardcore, curitibanos da Othersame conseguem com seu ‘Courting Saturn’ entregar um disco denso e belo. O grupo não se contenta com o lugar-comum e se joga em um esforço (recompensado ao final, importante frisar) de capturar a essência de uma arte que é bela por sua pretensa obscuridade.
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17 – Oh My Dogs – Marcando Território
Comercial, radiofônico e autoral na medida certa, Marcando Território, EP da Oh My Dogs, tem tudo para invadir os players dos ouvintes. Nele, doses de angústia e insegurança caminham lado a lado com uma visão crítica de mundo e o desejo de autoafirmação.
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16 – Comsequência – Por um ideal, por paz, por amor
Por um ideal, por paz, por amor, álbum da Comsequência, mostra o peso do metalcore no Norte paranaense. A cartela musical trabalhada no disco é um mix equilibrado e completo, capaz de criar refrãos marcantes ou frases que reverberam na mente do ouvinte.
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15 – Motriz – Motriz
União de MC Pete, Yuri Lemos e Eduardo Rozeira, EP da Motriz faz rap rock de qualidade, libertador e elegante. A Motriz procura fazer um rap rock com elegância e com a mesma liberdade que apregoa em suas composições.
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14 – A Banda Mais Bonita da Cidade – De cima do mundo eu vi o tempo
Novo álbum d’A Banda Mais Bonita da Cidade apontou novos rumos, ainda que não tenha representado ruptura com sua obra. De Cima do Mundo Eu Vi o Tempo é, de longe, a proposta sonora mais ousada d’A Banda Mais Bonita da Cidade, não apenas pelos arranjos, mas também na escolha dos compositores das canções presentes no disco.
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13 – Estrela Leminski e Téo Ruiz – Tudo que não quero falar sobre amor
Novo disco de Estrela Leminski e Téo Ruiz, Tudo que não quero falar sobre amor une pluralidade musical, lírica e estética em uma experiência transcendental. Eles conseguem com seu novo trabalho um resultado muito mais que satisfatório, que chega a flertar com uma tentativa conceitual, mas que, ao não a concretizar, fica muito mais interessante e acessível.
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12 – Raissa Fayet – RÁ
Segundo álbum da curitibana Raissa Fayet, RÁ é uma moderna, contemporânea e intensa mescla de pop com as mais vastas nuances da MPB. Ainda que o pop seja a principal força motriz de RÁ, é na capacidade de concatenar ideias e sonoridades distintas de forma homogênea que o disco ganha corpo, tornando-se produto de um universo múltiplo.
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11 – Cabes – O Tempo É Agora
Lançado no primeiro semestre do ano, o novo disco de Cabes, O Tempo É Agora, é a representação de um artista que a única certeza é que irá sempre nos surpreender. Ricardo segue solidificando sua carreira respeitando uma premissa básica para qualquer artista: superar a si próprio. Esta característica o coloca em uma rara categoria de artistas que conseguem ser inovadores, fugindo da imagem artificial de quem é moldado pelo mercado.
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10 – Doberrot – Não Repara a Bagunça
Bebendo em referências distintas e com sonoridade intercambiante, primeiro EP da Doberrot é um edificante e vibrante registro lançado pela Onça Discos. O trabalho do quarteto é uma síntese de pequenas colagens sonoras, em alguns momentos até levemente carregadas de minimalismo e improvisação. Não Repara a Bagunça é representativo de uma nova geração de artistas, menos preocupada com rótulos e mais interessada em olhar para a música como um universo de encontros.
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9 – Cadillac Dinossauros – Preto Branco
Preto Branco seduz o ouvinte pelos detalhes, como os arranjos milimetricamente construídos. A coesão que faltava a Fome some no novo disco, esculpido de forma distante do pastiche “comercial” que ainda insiste em dar as caras na cena rock alternativa. Como toda obra marcada pelas percepções de realidade, Preto Branco exige do ouvinte um despertar para a narrativa apresentada pela Cadillac Dinossauros, além da coragem de trafegar um caminho por vezes instável e repleto de incertezas.
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8 – Machete Bomb – A Saga do Cavaco Profano
A Saga do Cavaco Profano demonstra a versatilidade da banda e serve de exemplo de como o rock pode se reinventar a partir da fusão de diferentes gêneros e estilos. Com 7 faixas, o disco é um refresco à sonoridade do grupo. Soa muito mais pesado, trazendo samples que remetem aos anos 90 e rimas afiadas, ácidas e conectadas com o atual momento do país.
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7 – Cena Paisagem – Lusco Fusco
Mergulhando no jazz rap contemporâneo, Cena Paisagem retrata Curitiba em Lusco Fusco. Além de resultar em um disco inventivo, ele traduz a cidade sem grandes esforços, desnudando as idiossincrasias curitibanas, seus cheiros, barulhos e tons de cinza.
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6 – Fusage – Age of Fuzz
Age of Fuzz é um petardo de stoner rock. Suas 10 faixas operam em um nível sônico muito rico, surgido a partir da invenção de um mundo conceitual em que são permitidas, inclusive, pontes com raízes psicodélicas, mas que encontram sua maior força em performances vocais deslumbrantes, funcionando somente por um bom desenvolvimento do quarteto maringaense como letristas.
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5 – Red Mess – Into the Mess
Primeiro álbum completo da Red Mess reafirmou o talento da banda em fazer rock complexo, denso e hipnotizante. Uma virtude do disco e da banda foi construir um registro coeso e potente com uma roupagem que se assemelha a uma jam session. Into the Mess é a cara de um conjunto inquieto, que não se acomoda com o já feito e procura, constantemente, revirar as fórmulas das vertentes do rock em que mergulham.
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4 – Laura Petit – Monstera Deliciosa
Em Monstera Deliciosa, Laura Petit apresenta uma grande mudança em sua carreira. Com uma sonoridade contemporânea, o disco é um bom representante desta nova safra de cantoras brasileiras que abraçam a MPB e a casam com arranjos mais ousados, trazendo notas de psicodelia, texturas instrumentais sutis e batidas onde teclados, sintetizadores e ruídos eletrônicos compõem um jogo que aproxima a obra do pop sem tirar o pé dessa verve alternativa.
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3 – Pão de Hamburguer – Visconde de Guarapuava (Lado A)
Lado A de Visconde de Guarapuava transita no limite de gêneros e evoca um rock moderno e plural, além de essencialmente paranaense. Diferente do que já haviam feito, os músicos apresentam um leque musical conectado à estética que criaram para seu novo registro, representativo de um momento ímpar na vida dos artistas, preenchido com o humor ácido e ligeiramente jocoso que, esse sim, é conhecido como parte integrante dos riffs paranaenses.
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2 – Stolen Byrds – 2019
Com 2019, a Stolen Byrds reafirmou o posto de uma das melhores bandas de rock do Paraná. A Stolen Byrds compõe canções repletas de jogos metafóricos que sempre vem à tona nas apresentações enérgicas do quinteto maringaense. Fugindo de exageros ou vícios do gênero, a banda lapida sua carreira de forma a estabelecer novos paradigmas ao rock “pesado” em terras brasileiras, tornando-se uma valorosa oposição aos estereótipos consagrados pelo senso comum no que diz respeito à força do rock de distorções mais potentes.
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Tuyo – Pra Doer
Depois de passarem pelo The Voice Brasil, as irmãs Soares se juntaram ao músico Jean Machado para criar o projeto Tuyo. Pra Doer oferece todas as características pelas quais o trio ficou conhecido na música paranaense, como boas composições, belas e densas melodias e um certo desalento. Por último, mas não menos importante, tornam a imprimir algo essencial à arte: alma.
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1 – Escambau – Sopa de Cabeça de Bagre
Em Sopa de Cabeça de Bagre, Escambau revisitou o Brasil de forma crítica, apostando em uma união primorosa de ritmos e gêneros com o rock. Do chamamé à MPB, o álbum deságua em um rock cru, conciso e potente, diferenciando-se do que é feito na cena paranaense na atualidade por sua estrutura, mas sem perder o DNA que marca o rock local e também oferecendo um flerte com o rock gaúcho.