Se o indie, que começou independente e hoje toma conta do cenário musical internacional, já teve seus momentos de indefinição e pouco foco, o que podemos dizer do rock mais tradicional, cheio de guitarras, peso e distorção? Por onde ele anda? Está vivo, respira, ou já agonizou com a decadência dos dinossauros do anos 70 e 80, hoje quase octogenários?
Em uma entrevista recente, Jack White, um dos músicos que ainda pode ser incluído como representante desse gênero talvez não tão em voga atualmente, afirmou que o que falta ao rock é uma injeção de sangue novo, algo que seja capaz de impressionar e renovar o gênero. Na verdade, o músico acredita que essa nova onda está por vir e que o rock por si só se renova a cada 10, às vezes 12 anos. A história está aí para provar que, bem, talvez esse momento não esteja muito distante.
Recentemente, uma das bandas de maior sucesso e repercussão dos anos 90 anunciou que deve lançar um novo álbum em breve. O Tool, liderada por Maynard James Keenan, que também liderava o A Perfect Circle, está com um álbum com as melodias e as letras prontas, apesar de ainda não ter uma data oficial para o lançamento e de o processo de finalização ainda estar distante. O A Perfect Circle, no entanto, lança seu novo álbum no dia 20 de abril. O fato de uma banda – e de uma figura de peso como Maynard – ter voltado à ativa depois de quase 10 anos sem lançar material inédito significa que talvez a profecia de Jack White pode estar certa.
O fato de uma banda – e de uma figura de peso como Maynard – ter voltado à ativa depois de quase 10 anos sem lançar material inédito significa que talvez a profecia de Jack White pode estar certa.
Paralelo a isso, membros remanescentes do Tool e do Mastodon resolveram se unir num projeto paralelo e lançar um álbum. Legend of the Seagullmen, grupo formado por Brent Hinds, do Mastodon, Danny Carey, do Tool, além do diretor Jimmy Hayward, lançou no dia 9 de fevereiro um álbum de oito faixas, muito peso e uma temática estranhamente náutica. Se não é possível afirmar que é esse tipo de disco que vai salvar o rock and roll do ostracismo, trazendo de volta o peso e as distorções que o levaram à fama, tampouco o álbum passa batido.
Interessante, talvez pela combinação pouco usual de melodia e tema, Legend of the Seagullmen tem, no entanto, um direcionamento claro e um projeto de álbum coeso que provavelmente não é a tônica ultimamente. Cada faixa dialoga diretamente com a anterior, fazendo com a experiência de ouvir o disco inteiro seja de imersão numa narrativa, o que sempre foi bastante comum no universo do heavy metal e outras variantes de peso.
Enquanto esperamos pacientemente o desenrolar do futuro do rock, resta apenas nos despedir de toda uma geração que manteve o rock respirando por muito tempo: Slayer, Ozzy Osbourne e até mesmo o Lynyrd Skynyrd anunciaram recentemente que irão fazer suas últimas turnês. Bem, no caso de Ozzy Osbourne, só o tempo dirá, afinal, o músico já anunciou isso antes e continuou na ativa. O que vai acontecer com o rock depois disso ninguém sabe, fato. Mas que ele vai continuar vivo, isso vai.