Assuntos polêmicos dividem muito as pessoas e suas opiniões. Temas como política, religião e futebol são os exemplos mais clássicos de como uma pequena discussão pode durar horas e horas e, dependendo de quem está envolvido, resultar em uma série de ofensas que não acrescentam em nada, tanto para o debate, quanto para as pessoas.
O mundo da música também não é imune a polêmicas, tampouco às temáticas citadas acima. O endeusamento de artistas gera discussões quase que religiosas, assim como o boicote de fãs de uma banda X para uma banda Y por conta de confusões envolvendo seus integrantes, parece a conduta de torcidas de clubes de futebol. Mas existe uma polêmica maior, que além de dividir as opiniões entre os fãs, divide os próprios fãs e vira um xeque na relação com o artista: os álbuns ao vivo.
Quem gosta, justifica: transmitem a atmosfera e o carisma do artista, mostram a desenvoltura dos instrumentistas no palco, a potência vocal do frontman e até mesmo a criatividade ou como você poderia esquecer o S&M que o Metallica gravou com a San Francisco Symphony?

Já quem não gosta, declara: não há nada mais chato e monótono do que ouvir pessoas cantando por três minutos ou ver uma música ser estragada por uma péssima execução.
Polêmicas à parte, eu pertenço ao primeiro grupo. Sou fanático por álbuns ao vivo desde meus 11 ou 12 anos e por um motivo extremamente banal: eu ouvia acreditando que quem estava ali no palco eram meus melhores amigos, cada um num instrumento, e eu, no vocal (às vezes acompanhado de um baixo ou de uma guitarra), levando a galera à loucura. Desde então, coleciono esse tipo de CDs como quem colecionaria figuras de ação, selos do correio ou cartinhas de ex-namoradas, dando a eles um papel de importância tão grande quanto o dos primeiros álbuns.
Mas voltando ao assunto, por que esses álbuns dividem tanto os fãs? Será que eles são a mesma coisa que um show? Bom, é claro que não. Shows costumam ser experiências incríveis e poder presenciar o Green Day a 20 metros de distância por três horas é uma sensação bem diferente de ouvi-los por 40 minutos nos fones de ouvido, com muita gente gritando ao fundo. Assim como é bem diferente ouvir a gaita de fole do Dropkick Murphys no álbum, mas ao vivo quase ir à loucura por se sentir um verdadeiro irlandês.

Mesmo assim, jovem Padawan, Live Albuns podem ser uma amostra incrível do que uma banda pode representar em cima de um palco – especialmente se a possibilidade de vê-las for remota. Foi graças a eles que já me apaixonei e me decepcionei com muitas bandas.
HIM e All Time Low, apesar do contraste gótico com pop punk colorido, foram bandas que, depois de um álbum ao vivo, passaram a ter papel importante nas minhas playlists. All Time Low mostrou uma qualidade tão boa quanto à dos álbuns de estúdio, somadas a uma energia singular – e algumas piadas sem graça – em seu álbum de 2011, Straight to DVD, ao vivo em Nova York, enquanto HIM, em seu maravilhoso Digital Versatile Doom, me mostrou uma qualidade de rockstars (algo raro nas bandas de hoje), com um vocal surpreendente de Ville Valo em faixas que ele não brilha tanto em estúdio. Em contrapartida, bandas como Zebrahead, em Way More Beer, e (quem diria?!) The Clash, em Live at Shea Stadium, me deixaram um pouco decepcionado. Uma acelerou demais faixas como “Hell Yeah”, virando quase que um incômodo sonoro oitavado, enquanto The Clash leva quase 20 segundos para te convencer que aquele riff ali é “Rock the Casbah”.
“Live Albuns podem ser uma amostra incrível do que uma banda pode representar em cima de um palco.”
The Starting Line, também, por exemplo, fez um show melhor que seus álbuns em Somebody’s Gonna Miss Us; graças a sua platéia, o Molejo gravou um álbum divertidíssimo de comemoração aos 25 anos do grupo com nomes como Buchecha, Revelação e Belo, que fazem sucesso com muita gente no Brasil, em surpreendentes performances, assim como Polar Bear Club e Taking Back Sunday surpreenderam com apresentações acústicas, reservadas e espetaculares. Já Guttermouth e NOFX têm álbuns ao vivo tão sem sal, way far o potencial dos caras, que você nem cogitaria pensar, de olhos fechados, que quem estava no palco tocando era a sua bandinha imaginária com os amigos. Muitos outros exemplos poderiam ser citados.

Live álbuns ainda dividem muita gente em diversos grupos de lovers and haters. Mas não dá para negar que eles são de extrema importância na discografia de um artista, afinal, aquele show foi eternizado por alguma razão.
Mas todo Live Album trará a polêmica dentro, junto com o encarte: “será que eu ouço por que vai ser muito louco, ou deixo de lado por que posso acabar me decepcionando?”
Bom, essa é uma pergunta que só dá para responder com o compacto em mãos, ainda lacrado na loja.
Um grande abraço a todos e até a próxima. Vai que eu resolva fazer o texto ao vivo.