Qual a relevância do indie? Provavelmente a leitura desta pergunta soe estranha (e ultrajante) para um sem número de pessoas. Fugindo de qualquer espécie de polêmica, fica evidente que o que conhecemos como indie durante os anos 80 e 90 foi diluído em outros tantos (rótulos) subgêneros. Nacionalmente, o indie foi abraçado por tantas tribos que em cada região do Brasil ele se expressou de formas diferentes.
Na atualidade, chamam-me a atenção grupos capazes de flutuar nessa pluralidade e criar algo interessante. Invariavelmente, os indies mais ferrenhos reclamarão de um possível caráter excessivamente comercial, ao que possivelmente chamarão de pouco criativo. Fica então a pergunta: o que é ser criativo?
A discussão é levantada no dia que a coluna aborda o trabalho do errorama, assim mesmo, tudo em letras minúsculas, banda do interior paranaense que em seu primeiro registro completo fez justamente o que expressei acima: navegaram por referências do indie. Agora, é bom pontuar que essas não foram as únicas influências para Todas as Coisas que Eu Acho que Sei, primeiro álbum do grupo de Araruna, município no noroeste paranaense.
Além de Radiohead, Joy Division, Pixies, Gram, Los Hermanos e The National, a Legião Urbana (alô, Uma Outra Estação) é revisitada no disco que completa o trabalho iniciado com os EPs errorama (2012) e Romance EP (2014). Mas o álbum lançado no último mês é, também, um marco na superação de dificuldades quando se tem um objetivo muito claro. É que Gustavo Ferreira, vocalista da banda, divide-se entre Maringá e Rio de Janeiro.
A discussão é levantada no dia que a coluna aborda o trabalho do errorama, assim mesmo, tudo em letras minúsculas, banda do interior paranaense que em seu primeiro registro completo fez justamente o que expressei acima: navegaram por referências do indie.
E foi a partir desta partição, deste afastamento, que o errorama – completada por Saulo Giovane, Fabio Silva, Tiago Silva e José Jr – gravou as doze faixas que compõem o disco. Todas as Coisas que Eu Acho que Sei é um disco plural, seja em referências, seja em arranjos e timbres, e isso determina um curioso fato: é impossível determinar a que nicho indie a banda pertence.
Outro ponto interessante de ser analisado é que a errorama deixa definitivamente o inglês de lado neste trabalho. Este fato possibilita não apenas um maior alcance, mas a sensação de pertencimento, de encantamento pela fácil identificação com um trabalho que aborda desalento e frustração, mas também procura deixar notas soltas sobre o amadurecimento e sensatez.
O disco foi gravado em Curitiba, no estúdio Audiostamp, e produzido por Leandro Delmonico, guitarrista da Charme Chulo. A participação de Delmonico deu mais liberdade ao quinteto para focar nas composições, enquanto a experiência do membro da Charme Chulo impulsionou um trabalho muito coeso e interessante, para um 2016 que vem sendo muito frutífero à cena paranaense.
“Seria o Caso”, terceira faixa de Todas as Coisas que Eu Acho que Sei, ganhou um videoclipe (assista acima) que, assim como a banda, dá um mergulho na cena indie. Nessa o The Verve agradece.