Salve Jurema é uma banda nova, mas que em pouco tempo de estrada vem construindo uma identidade sonora que ainda promete boas surpresas. O grupo é natural de São Marcos, pequena cidade da Serra Gaúcha, e foi formado em 2016. Desde o início desta trajetória de dois anos, vem procurando criar uma mistura que una o rock’n’roll com elementos da cultura brasileira, que vão desde ingredientes musicais até temas místicos oriundos das religiosidades indígena e africana.
Essa mistura foi condensada em cinco faixas, que compõem o primeiro EP da banda. “A gente tinha sete músicas, mas o orçamento possibilitou só cinco. Foi um trabalho interessante olhar para todas as músicas e selecionar algumas”, conta Rafael Grisson, percussionista da banda. Lançado em 2017, com produção de Carlos Balbinot, as canções trazem o peso da guitarra cheia de distorções aliado ao groove e à percussão. Uma receita proposta pelo vocalista, Patric. “Ele trouxe isso para alguns integrantes da banda e a gente abraçou, achou interessante esse conceito. Acabamos assistindo a alguns rituais com tambores, começamos a sentir a música com sentimentos diferentes e isso influenciou bastante o nosso som”, explica Rafael.
A Salve Jurema vem elaborando um trabalho que sinaliza novas possibilidades dentro do rock nacional, que muitas vezes recorre a fórmulas prontas.
Falando do mar, de Iemanjá, de amor, de misticismo, as músicas formam um conjunto consistente que indica bem os caminhos que a banda escolheu trilhar. “Irreal filosofia”, primeira canção do EP, tem um instrumental pesado, enquanto “Mágica Ilha”, música seguinte, traz a sonoridade característica do reggae. “Pirado”, terceira canção, inicialmente soa quase como um samba e logo ganha a adição do baixo e da guitarra, que nos trazem de volta ao universo do rock. Já “Imensidão azul” soa quase como um cântico e traz um destaque ainda maior para a percussão.
A canção seguinte, “Nova psicodelia”, é um pouco semelhante à anterior e, entre o cântico e os tambores, as guitarras voltam a aparecer com maior força. Ao final, a proposta central está ali, em meio a várias nuances, que podem ser aquilo que o ouvinte quiser. “Tem gente que acha psicodélico, outros acham a cara dos anos 90 e por aí vai. A gente não se prendeu em algum som específico para se inspirar, a gente foi fazendo a nossa e o resultado é o que cada pessoa sente com o som”, resume Rafael.
Para 2018, a ideia da banda é trabalhar no lançamento de singles, proposta que vem se tornando bastante popular entre as bandas independentes por permitir uma divulgação mais intensiva de cada uma das faixas. Dois deles devem ser registrados agora em maio. “Estamos muito felizes com isso, porque estamos com saudade do estúdio e já ansiosos para ver como estas novas músicas vão soar. Este processo está parecido com o do primeiro EP. Temos várias músicas para ouvir e escolher entre elas para lançar esse single duplo. Acredito que a gente vai saber mais ainda aonde quer chegar, vai fazer com mais calma e esses sons vão mostrar uma maturidade muito grande da própria banda”, conta o percussionista.
No final das contas, a Salve Jurema vem elaborando um trabalho que sinaliza novas possibilidades dentro do rock nacional, que muitas vezes recorre a fórmulas prontas, mas que ainda tem muito a ser explorado quando pensado nessa relação com as musicalidades existentes por todo o país. Enquanto os novos sons da banda não chegam, dá para dar o play no último EP. Torcemos para que venham outras boas surpresas por aí.
NO RADAR | Salve Jurema
Onde: São Marcos, Rio Grande do Sul;
Quando: 2016;
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