• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Música

Sérgio Sampaio: a poesia de um “maldito”

Negligenciado nos anos 70, Sérgio Sampaio, com sua mistura de melancolia, poesia e humor ácido, pode ser considerado um dos grandes nomes da MPB.

porBruno Vieira
17 de julho de 2017
em Música
A A
Sérgio Sampaio: a poesia de um "maldito"

O músico Sérgio Sampaio. Imagem: Reprodução.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

Conterrâneo de Roberto Carlos, afilhado musical de Raul Seixas e ídolo de Zeca Baleiro, Sérgio Sampaio morreu no anonimato, no Rio de Janeiro, em 1994. Como outros “malditos” da MPB, o compositor sentiu o gosto agridoce da efervescência cultural no Brasil nos anos 70.

O período rendeu inúmeras pérolas da música brasileira, no entanto, alguns artistas incompreendidos na época — porém igualmente geniais aos grandes nomes como Chico e Caetano — sobreviveram à sombra das palmeiras dos gigantes da tropicália. Hoje, são redescobertos e conseguem dialogar com as gerações mais novas. Sampaio é desses.

Dono de um senso de humor afiado, suas letras iam além do mero deboche. O compositor sempre teve um talento para transformar sua própria vida em poesias cáusticas. Entre a crônica e o diário, ele imprimia sua personalidade, suas origens e a maneira com que se relacionava com mundo e as pessoas, nas suas letras.

Dono de um senso de humor afiado, suas letras iam além do mero deboche. O compositor sempre teve um talento para transformar sua própria vida em poesias cáusticas.

Sampaio passeia entre o tom irônico e relativamente bem-humorado de “Ninguém Vive por Mim” — que trata em parte da sua relação arredia com a indústria musical —, a poesia de “Cada Lugar Na Sua Coisa” e “Viajei de Trem”, até o tom belo e melancólico de “Pobre meu Pai”:

“Pobre meu pai / A marca no meu rosto / É do seu beijo fatal / O que eu levo no bolso / Você não sabe mais / E eu posso dormir tranqüilo / Amanhã, quem sabe?”

Com a idade, o tom mais humorístico foi virando pano de fundo de suas composições, que se tornaram mais céticas e melancólicas. Apesar da roupagem ainda ser praticamente a mesma (uma mistura entre baladas, blues, sambas e o rock), Sampaio aprimorou seus arranjos e letras, atingindo uma sofisticação que só vem com a maturidade de quem apanhou muito.

O disco póstumo Cruel (2006), organizado por Zeca Baleiro, prova isso. Enquanto a divertida “Polícia, Bandido, Cachorro, Dentista” traz seus comentários incisivos de maneira bem-humorada, faixas como “Roda Morta (reflexões de um executivo)” bebem na poesia de Augusto dos Anjos, adotando um niilismo desconcertante:

“Eu sei que quando acordo eu visto a cara falsa e infame / como a tara do mais vil dentre os mortais / E morro quando adentro o gabinete / Onde o sócio e o alcaguete não me deixam nunca em paz / O triste em tudo isso é que eu sei disso / Eu vivo disso e além disso / Eu quero sempre mais e mais.”

Trajetória

Conhecido pelo seu único grande hit, a canção “Eu Quero Botar Meu Bloco na Rua”, ele saiu de Cachoeiro de Itapemirim (ES) em direção ao Rio de Janeiro, em 1967, para tentar a vida como músico. Durante dois anos, atuou como locutor em rádios AM, até ser descoberto por Raul Seixas (então produtor da gravadora CBS), em 1970.

Junto com Miriam Batucada e Edy Star, Raul e Sampaio lançaram o LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista apresenta Sessão das Dez, uma coleção de canções ácidas, bem-humoradas e que apresentavam a variedade de referências dos artistas envolvidos. Na época, o disco foi mal recebido, hoje virou um clássico cult.

O hit de Sampaio viria só em 1972, quando “Eu Quero Botar Meu Bloco na Rua” causa um estrondo no 7º Festival Internacional da Canção. O compacto dessa música vendeu mais de 500 mil cópias, mas o LP de mesmo nome, lançado pela Phillips/Phonogram em 1973, não teria o mesmo impacto.

Tem Que Acontecer (1976) foi o segundo álbum que lançou e o último a sair por uma gravadora. Ali, ele já demonstrava um amadurecimento nas suas composições, tanto que alguns consideram esse o seu melhor trabalho.

A partir desse momento, sua carreira fica estagnada. Em 1982, ele chega a lançar o LP Sinceramente de maneira independente, um registro mais íntimo e confessional que também não vinga. Durante os anos 80, Sampaio se restringe a fazer poucos shows em bares, com pouco retorno financeiro.

Pouco antes de falecer, em decorrência de uma pancreatite, ele estava se preparando para lançar o Cruel, uma seleção do repertório de quase 50 músicas que compôs nesse meio tempo e tocava nas suas escassas apresentações.

Sérgio Sampaio vive

Há hoje pequenos movimentos de redescoberta de Sérgio Sampaio. Cantores novos como Tatá Aeroplano e Juliano Gauche deixam clara a influência do compositor em seus trabalhos. Veteranos como Zeca Baleiro e Lenine rendem homenagens e colocam o capixaba ao lado de outros grandes nomes da MPB.

O projeto Viva Sampaio, organizado pelo seu filho João Sampaio, se propõe a preservar a memória do pai, reunindo um grande acervo de vídeos, fotos e entrevistas. Há também o Bloco na Rua, bloco de carnaval criado por “sampaiófilos”, em 2014, e que sempre homenageia o cantor.

Sampaio fascina pela mistura da substância de sua obra com a trajetória conturbada. Ele é a narrativa-ideal do maldito. Nunca se adequou ao assédio da mídia, nem ao funcionamento da indústria musical. Arredio, ele detestava auto-promoção: só queria fazer música, mas as pessoas nem sempre entendiam o que ele queria dizer.

VOCÊ CHEGOU ATÉ AQUI, QUE TAL CONSIDERAR SER NOSSO APOIADOR?

Jornalismo de qualidade tem preço, mas não pode ter limitações. Diferente de outros veículos, nosso conteúdo está disponível para leitura gratuita e sem restrições. Fazemos isso porque acreditamos que a informação deva ser livre.

Para continuar a existir, Escotilha precisa do seu incentivo através de nossa campanha de financiamento via assinatura recorrente. Você pode contribuir a partir de R$ 8,00 mensais. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

Se preferir, faça uma contribuição pontual através de nosso PIX: pix@escotilha.com.br. Você pode fazer uma contribuição de qualquer valor – uma forma rápida e simples de demonstrar seu apoio ao nosso trabalho. Impulsione o trabalho de quem impulsiona a cultura. Muito obrigado.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: bluesCrítica MusicalCruelEu quero botar meu bloco na ruaMalditos da MPBMPBMúsicaphono 73Raul SeixassambaSérgio SampaioTem que AcontecerViva SampaioZeca Baleiro

VEJA TAMBÉM

Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.
Entrevistas

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Nile Rodgers carrega muito talento e hits em sua carreira de quase 50 anos. Imagem: Imagem: Divulgação.
Música

C6 Fest – Desvendando o lineup: Nile Rodgers & Chic

22 de maio de 2025
Please login to join discussion

FIQUE POR DENTRO

Calçadão de Copacabana. Imagem: Sebastião Marinho / Agência O Globo / Reprodução.

Rastros de tempo e mar

30 de maio de 2025
Banda carioca completou um ano de atividade recentemente. Imagem: Divulgação.

Partido da Classe Perigosa: um grupo essencialmente contra-hegemônico

29 de maio de 2025
Chico Buarque usa suas memórias para construir obra. Imagem: Fe Pinheiro / Divulgação.

‘Bambino a Roma’: entre memória e ficção, o menino de Roma

29 de maio de 2025
Rob Lowe e Andrew McCarthy, membros do "Brat Pack". Imagem: ABC Studios / Divulgação.

‘Brats’ é uma deliciosa homenagem aos filmes adolescentes dos anos 1980

29 de maio de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.