Quando março de 2025 chegar, para muitos fãs de grunge, isso significará uma coisa: o Mudhoney está de volta ao Brasil. Em sua sétima passagem pelo país, a banda que definiu o som sujo de Seattle retorna para provar, mais uma vez, que o grunge não morreu – ele apenas se tornou mais selvagem. A turnê, organizada pela produtora Maraty, vai passar por São Paulo (21 de março no Cine Joia), Rio de Janeiro (22 de março no Circo Voador) e Belo Horizonte (23 de março na Autêntica).
Se você já os viu ao vivo, sabe que um show do Mudhoney não é sobre precisão técnica ou polidez – é uma descarga visceral de energia, ruído e atitude. Para esta tour, eles ainda trazem uma pitada extra de fúria com as faixas do último álbum, Plastic Eternity (2023), que com suas guitarras saturadas e letras sarcásticas parece ter sido feito sob medida para o momento que vivemos. Ver Mark Arm, Steve Turner, Dan Peters e Guy Maddison no palco, em pleno 2025, é uma prova de que algumas bandas simplesmente não envelhecem – elas resistem ao tempo como uma lenda viva do underground.
A abertura dos shows fica a cargo da banda brasileira Apnea, liderada por Mauricio Boka (Ratos de Porão). Conhecida por misturar rock clássico com elementos de metal, stoner e indie, o quarteto (completado por Nando Zambelli, Gabriel Imakawa e Marcus Vinícius) traz uma mesma intensidade sombria que casa perfeitamente com a atmosfera que o Mudhoney cria.
Som sujo e sincero
Para falar de Mudhoney, é preciso mergulhar fundo no coração do grunge. Não se trata apenas de uma banda, mas de um símbolo cru da cena de Seattle que moldou o final dos anos 1980 e os inícios dos 1990, mantendo até hoje o mesmo espírito feroz e indomado. Se você já conhece o grupo, sabe que sua música é um chute direto no estômago, e se você não conhece, prepare-se para o tipo de som que não faz questão de te agradar.
Formada em 1988, a Mudhoney nasceu de um casamento entre a intensidade sonora do punk e o peso do hard rock, trazendo algo mais obscuro e despreocupado. A banda era composta por Mark Arm (vocalista e guitarrista), Steve Turner (guitarrista), Dan Peters (baterista) e Matt Lukin (baixista, ex-Melvins), que juntos criaram um estilo caótico e livre de pretensões.
Se você espera melodias limpas ou uma produção polida, o Mudhoney vai decepcionar. Mas essa é a chave de sua autenticidade.
O grunge já existia em Seattle, mas quando o EP Superfuzz Bigmuff (1988) foi lançado pela Sub Pop, o Mudhoney solidificou esse som pesado, distorcido e saturado em fuzz, que se tornaria marca registrada do gênero. A faixa “Touch Me I’m Sick” virou um hino instantâneo, cheia de sarcasmo, desespero e raiva juvenil – era como o grito cru da juventude que havia perdido qualquer ilusão sobre o mundo ao seu redor.
Se você espera melodias limpas ou uma produção polida, o Mudhoney vai decepcionar. Mas essa é a chave de sua autenticidade. Enquanto bandas como Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden rapidamente atingiram o estrelato comercial, o quarteto permaneceu underground, recusando-se a se moldar à lógica da indústria. O álbum Every Good Boy Deserves Fudge (1991) é uma prova disso – cheio de riffs sujos e uma energia que se recusava a ser domada, ele capturou o espírito da contracultura que eles ajudaram a criar.
Para os puristas do grunge, o Mudhoney é um lembrete de que o movimento nunca foi apenas sobre vender discos ou tocar em grandes estádios. Foi sobre uma rejeição ao glamour, uma celebração do barulho cru e sincero. Esses três shows no Brasil prometem ser mais do que simples performances – serão celebrações da resistência do rock sujo e rebelde, em lugares que carregam essa mesma energia nas veias.
E é por isso que, se você ainda não os escutou, está perdendo uma das últimas verdadeiras conexões com uma era em que o som não era filtrado ou diluído. Para os veteranos, a banda continua a representar uma postura imutável em tempos de mudança.
SERVIÇO | Mudhoney no Brasil em 2025
Onde: Cine Joia (Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade, São Paulo/SP); Circo Voador (R. dos Arcos, s/n – Lapa, Rio de Janeiro/RJ);
Quando: SP – 21 de março de 2025, sexta-feira; RJ – 22 de março de 2025, sábado; BH – 23 de março de 2025, domingo.
Quanto: SP – ; RJ – R$ 260 (inteira) e R$ 130 (meia), no 1º lote; BH – R$ 340 (inteira) e R$ 170 (meia), no 1º lote; taxas aplicáveis em todas as praças.
Ingressos para o show de São Paulo à venda no site da Fastix; ingressos para o show do Rio de Janeiro à venda no site da Eventim; ingressos para o show de Belo Horizonte à venda na Sympla. Procure os organizadores para mais informações.
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