Encerrado enquanto clube de dança no início da década de 1960, a influência do Buena Vista Social Club segue presente na música até os dias de hoje. Grandes álbuns e um filme premiado definiram as carreiras de muitos músicos talentosos que haviam ficado perdidos no passado glorioso.
Não foram poucos os nomes que fizeram parte desta história ímpar. Manuel “Puntillita” Licea, Compay Segundo, Rubén González, Ibrahim Ferrer, Pio Leyva, Anga Díaz e Omara Portuondo são alguns dos nomes aclamados pela crítica e público, responsáveis pela criação de um legado poucas vezes visto, em especial na música contemporânea – acrescente-se o fato de ter vindo de Cuba e todo o contexto histórico que cerca esses artistas e esta realização.
Localizado em um dos mais populosos bairros de Havana, Marinao, o clube funcionava como um centro social para músicos e artistas, onde atividades como danças e shows aconteciam. Durante a Era de Ouro, foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento de gêneros musicais afro-cubanos muito tradicionais como o son cubano, o danzón e a guajira.
A revolução cubana de 1959 sacudiu a vida cultural do país. Manuel Urrutia Lleó, presidente cubano recentemente eleito, decidiu iniciar um programa com objetivo de fechar lojas de apostas, discotecas e qualquer estabelecimento ligado a um estilo de vida não-cristão.
Essas medidas logo causaram o encerramento do Buena Vista Social Club, embora o governo local seguisse apoiando a música tradicional – com menos afinco, é verdade, já que a música pop e a salsa passaram a ganhar campo em Cuba.
Apesar do declínio em virtude do encerramento do clube, o Buena Vista Social Club foi reintroduzido na década de 1990 com a ajuda do guitarrista norte-americano Ry Cooder, um dos maiores do instrumento em todos os tempos, responsável por riffs que trafegavam por diferentes gêneros, como jazz, country, blues e rock – se você já assistiu ao filme A Encruzilhada (1986), que conta com o eterno karatê kid Ralph Macchio, saiba que Cooder foi responsável por dublar todas as dedilhadas protagonizadas pelo ator no filme.
Apesar do declínio em virtude do encerramento do clube, o Buena Vista Social Club foi reintroduzido na década de 1990 com a ajuda do guitarrista norte-americano Ry Cooder.
Em visita a Havana em 1996, juntamente com o produtor britânico Nick Gold, começaram a trabalhar com o músico Juan de Marcos González, além de outros músicos cubanos, muitos deles veteranos do antigo clube habanero, em algumas composições.
Essa colaboração rendeu o autointitulado Buena Vista Social Club, que completa vinte anos soando maravilhosamente incrível como no ano de seu lançamento.
O que, talvez, Cooder, Gold, González e demais envolvidos não soubessem é o tamanho do impacto que este álbum teria.
Foram mais de oito milhões de cópias vendidas, rendendo o posto de disco cubano mais vendido na história. Cooder também foi responsável por apresentar o Buena Vista ao cineasta Wim Wenders, que decidiu filmar as sessões de gravação do disco Buena Bista Social Club Presents: Ibrahim Ferrer, as impressões sobre os shows feitos em Amsterdã e Nova York e também entrevistas com cada membro sobre essas experiências.
O resultado dessas filmagens é o documentário Buena Vista Social Club (1999), indicado ao Oscar de melhor documentário em 2000, que mostra cenas com os músicos cubanos, alguns que nunca haviam deixado a ilha, viajando para Nova York após o estrondoso sucesso do disco de 1997.
Os shows lendários em Amsterdã e no Carnegie Hall são, hoje, recordações de um momento importante e crucial para a música cubana, que certamente deve ser considerado um divisor de águas, ao menos às carreiras destes músicos incríveis.
Álbum e filme deram um novo patamar à música popular cubana e serviram para reencaminhar as carreiras de todos os envolvidos. Com o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, o Buena Vista Social Club também foi fundamental em fazer o mundo observar de perto o quão influente e poderosa é a música latina. Um disco incrível, seja qual for o ângulo de análise.
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