Reuni esses dois nomes num mesmo texto não por eles serem extremamente correlatos, mas pelo fato de eu acreditar que as duas devem ser ouvidas o quanto antes por quem gosta de música pop, eletrônica e mulheres bafônicas.
As semelhanças entre elas são poucas: [highlight color=”yellow”]ambas são jovens, têm ascendência asiática e lançaram ótimos EPs[/highlight]. Yaeji nasceu em 1993, no Queens, nos Estados Unidos, mas cresceu entre a América e a Coréia do Sul. Já Rina Sawayama é de 1990 e nasceu no Japão, mas passou grande parte de sua vida em Londres, na Inglaterra.

Yaeji lançou seu primeiro single ano passado e neste ano a Pitchfork a classificou como a nova voz mais excitante da house music. Rina é modelo e investe na carreira musical desde 2013; ano passado, a The Fader a incluiu na lista de artistas que você precisava conhecer em 2017.
Vamos falar primeiro de Yaeji: esse ano ela lançou seu EP2, um trabalho de menos de 20 minutos, mas que é a prova de sua força e intensidade. Com um background baseado no house e em outros subgêneros da música eletrônica, [highlight color=”yellow”]Yaeji consegue mesclar versos em inglês e coreano, criando canções que são inteligentes, criativas e extremamente pop.[/highlight] É difícil que você não se deixe levar por canções como “drink i’m sippin on” e “raingurl”, por exemplo.
Além de sua força musical, sua estética é um capítulo à parte: com carinha de tímida, Yaeji tem futuro como ícone de street wear e sempre aparece em vídeos divertidos, do tipo “rolê com os amigos” ou “curtindo um techno em casa”, numa vibe que nos dá vontade de ser seu amigo.

Falemos agora de Rina Sawayama: ela lançou esse ano seu EP RINA (trabalho que alguns classificaram como “mini-album”, seja lá o que isso significa), produzido com o inglês Clarence Clarity e com participação do cantor Shamir. Rina constrói seu trabalho com bases no R&B, trazendo um ar nostálgico que flerta tanto com as guitarras de Prince quanto com a Mariah Carey e a Christina Aguilera do final dos anos 90/início dos anos 2000; mesmo assim, [highlight color=”yellow”]seu som não soa subserviente ao passado, mas sim conectado ao nosso tempo.[/highlight]
Fazendo carreira como modelo, o trabalho visual de Rina também é estupendo: seus vídeos brincam com essa hiperexposição millenial, com uma estética que flerta com campanhas fashion e com uma estética pop japonesa, porém de forma bastante estilizada.
Sua estética é bastante alinhada com o universo de suas canções, já que ela escreve bastante sobre presença digital, compartilhamento de experiências e ódio virtual. “Ordinary Superstar”, por exemplo, fala sobre esses influencers que vendem o conceito de “sou como você”; “Cyber Stockholm Syndrome” fala sobre a solidão em frente às telas de celulares. Mesmo com seu olhar crítico, há em suas canções certa força, que busca incentivar a aceitação e a auto-estima, basta ouvir faixas como “Take Me as I Am” e “Alterlife”.
Com suas diferenças e particularidades, Yaeji e Rina Sawayama são claramente duas vozes fortes que abrem novos espaços para as mulheres asiáticas na música pop ocidental. Com criações sonoras e visuais bem definidas em nosso tempo, é visível que elas representam aquilo que poderíamos chamar de um “millennial-pop”, com toda a sua urgência, seu humor e suas dúvidas.