• Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
11 de agosto de 2022
  • Login
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Escotilha
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Crônicas
    • Helena Perdiz
    • Henrique Fendrich
    • Paulo Camargo
    • Yuri Al’Hanati
  • Colunas
    • À Margem
    • Vale um Like
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
Home Teatro Em Cena

Quando o amanhecer estraçalha sonhos

Bruno Zambelli por Bruno Zambelli
12 de novembro de 2015
em Em Cena
A A
Compartilhe no TwitterEnvie pelo WhatsAppCompartilhe no Facebook

Sempre tive pelos sonhos, e isso é absolutamente perceptível em tudo o que faço, um encanto tremendo. Muito desse encanto se deve, ao menos em minha opinião, à minha visão pessimista de mundo. Logo cedo me tornei um desencantado, vejam só a incoerência, pela vida. Nunca reagi bem a certas impossibilidades e confesso que só piorei com o tempo.

A vida, essa garota atrevida, nega-me seus prazeres mais saborosos a todo instante. Sempre me precipitei diante de seus braços, apesar de poucas vezes me sentir acolhido, e isso me trouxe a insegurança que atormenta os ansiosos que, como eu, sofrem com o mal da urgência. De alguma maneira, num entendimento um tanto infantil, acabei ligando a ideia de sonho ao sono e, consequentemente, à noite; acredito que venha daí o meu gosto inconsequente pelos encantos da madrugada.

Anúncio. Deslize para continuar lendo.

O fato é que segui, e ainda sigo, sonhando, um tanto quanto só, pelos caminhos sinuosos da existência. Com o tempo descobri o teatro e a existência passou a ter outro significado. Passei a me reconhecer através dos palcos, mesmo estando muitas vezes afastado do ofício de ator. Portanto, se minha existência se dá através da crença no sonhar, é impossível dissociar o teatro dessa vida/sonho que me rege. Assim, inicio esse texto afirmando aos senhores que Teatro é sonho!

Não é novidade crer nos sonhos através da arte. A história nos mostra inúmeros exemplos de criadores que se deixaram guiar pelo ímpeto do sonhar em suas obras. Os Surrealistas, por exemplo, possuem escritos imprescindíveis sobre o tema. André Breton, apaixonado por literatura mas não tanto pelas artes cênicas, dedicou poemas e romances ao tema. Na mesma linha, seu desafeto, o mago Antonin Artaud, tem enquanto base de seu Teatro da Crueldade a narrativa de sonhos. Além, é claro, das obras de Salvador Dalí, oníricas através desse exercício lúdico e viciante.

É inegável que teatro e sonho carregam em sua essência a liberdade, musa imprescindível das artes e daqueles que pretendem caminhar sob a vontade de sua própria desordem. Ambos são formas de arte e através deles é possível encontrar um estado de êxtase capaz de transformar, permanentemente, a vida. Sobre a vida, é preciso lembrar que com ela não existe confronto. Somos, passivamente, massacrados pela beleza de seu ir e vir desenfreado.

É inegável que teatro e sonho carregam em sua essência a liberdade, musa imprescindível das artes e daqueles que pretendem caminhar sob a vontade de sua própria desordem.

O teatro, narrativa de sonhos, é portanto uma pausa no massacre, e só isso já basta para que dediquemos nossa vida a esse “desmassacre” poético e pulsante. O amanhecer é a antítese do sono. O sol traz consigo a realidade de uma vida careta, atordoada por fantasmas inventados pela humanidade. O despertar é a castração do sonhar. Assim como a castração do teatro é a violência.

Somos despertados do devaneio cênico quando deixamos o palco e nos deparamos com a realidade que, ainda, não conseguimos modificar. Morre um pouco do teatro a cada jovem espancado por fascistas em plena Praça Roosevelt, morada das artes e da boêmia paulistana. Somos despertos de nossa crença quando nos deparamos com a notícia de que jovens estúpidos e criminosos atearam fogo em moradores de rua por pura diversão, ou quando nos encontramos impassíveis diante da tirania de um governo que fecha escolas, negando a suas crianças aquilo que lhes é de direito. O teatro, senhores, continua a sonhar, mesmo diante da dura realidade que nos assola e oprime.

Vivemos um mundo sem pôr-do-sol, uma vida que se esquece de anoitecer para que possamos nos dedicar ao delírio inconsciente desse “noitário”. Somos, infelizmente, uma geração insone que desaprendeu a fantasiar sobre a vida. É duro, maltrata a alma cansada de tanto horror.

Quando toda a claridade nos arrebata os olhos cansados, como o raiar do sol em uma manhã alcoólica, vejo passar diante de mim todo o desânimo do mundo. Não me contagio, pelo contrário: lembro-me de que por mais que eles tentem, há de despontar no céu uma lua prateada a se espelhar no mar. Ela traz em si a claridade fosca da madrugada, alumiando o canto escuro de um palco onde a vida faz um pouco mais de sentido. Ali, mesmo com todas as dificuldades, ainda é possível se deitar no colo efervescente da liberdade e, delicadamente, desfrutar do sono justo daqueles que teimam em acreditar que o sonho ainda é maior que todo o desgosto que nos cerca, em um eterno anoitecer pela vida.

fb-post-cta

Tags: André BretonAntonin ArtaudPraça RooseveltquintaSurrealismoteatroteatro da Crueldade
Post Anterior

A cidade da época de James Joyce e a nossa em ‘Dublinenses’

Próximo Post

Ela e as portas

Posts Relacionados

Após dois anos, FIT Rio Preto retorna pulsante

Após dois anos, FIT Rio Preto retorna pulsante

14 de julho de 2022
23º Cena Contemporânea começa em 28 de junho

23º Cena Contemporânea começa em 28 de junho

10 de junho de 2022

Crítica: A ousadia musical de ‘A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa’ – Festival de Curitiba

12 de abril de 2022

Crítica: ‘Pessoas Brutas’ discute a possibilidade de ética e felicidade no Brasil – Festival de Curitiba

8 de abril de 2022

Crítica: ‘O Mistério de Irma Vap’ ganha tom político no Teatro Guaíra – Festival de Curitiba

4 de abril de 2022

Crítica: ‘G.A.L.A.’ é uma viagem ao fim do mundo – Festival de Curitiba

30 de março de 2022

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

  • O primeiro episódio de WandaVision nos leva a uma sitcom da década de 1950.

    4 coisas que você precisa saber para entender ‘WandaVision’

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Tudo é rio’, de Carla Madeira, é uma obra sobre o imperdoável

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘Procura-se’ trabalha suspense a partir do desespero de casal com filha desaparecida

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘A Ilha’ traz personagens perturbados para elevar e manter o suspense

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
  • ‘A Casa Mágica da Gabby’: por muito mais gatinhos fofinhos e coloridos

    0 shares
    Share 0 Tweet 0
Instagram Twitter Facebook YouTube
Escotilha

  • Quem somos
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Artes Visuais
    • Mirante
    • Visualidades
  • Cinema & TV
    • Canal Zero
    • Central de Cinema
    • Espanto
    • Olhar em Série
  • Colunas
    • Cultura Crítica
    • Vale um Like
  • Crônicas
  • Literatura
    • Contracapa
    • Ponto e Vírgula
  • Música
    • Caixa Acústica
    • Prata da Casa
    • Radar
    • Vitrola
  • Teatro
    • Em Cena
    • Intersecção

© 2015-2022 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Cinema & TV
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Colunas
  • Artes Visuais
  • Crônicas
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2022 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In