O espetáculo Leci Brandão – Na Palma da Mão é uma pequena joia. Homenagem à vida e à obra da cantora e compositora carioca Leci Brandão, expoente do samba brasileiro, tem sua narrativa construída partir da perspectiva da mãe da artista, dona Lecy, falecida em 2019 aos 96 anos e figura central na trajetória da sambista. O musical, apresentado no Teatro Sesc da Esquina, dentro da programação do Festival de Curitiba, aborda não apenas o talento artístico da sambista, mas, também, sua ancestralidade e seu engajamento político.
Sob a direção de Luiz Antonio Pilar, vencedor do Prêmio Shell, e com texto de Leonardo Bruno, a montagem conta com as interpretações das (ótimas) atrizes e cantoras Tay O’Hanna e Verônica Bonfim, respectivamente como filha e mãe da cantora. No palco, elas são acompanhadas pelo ator Sérgio Kauffmann, que dá vida a diversos personagens masculinos importantes na vida de Leci, como o líder comunitário Zé do Caroço, inspiração para uma de suas músicas mais conhecidas, além do compositor Cartola, Antonio Francisco da Silva (pai de Leci) e o apresentador Flávio Cavalcanti.
Sob a direção de Luiz Antonio Pilar, vencedor do Prêmio Shell, e com texto de Leonardo Bruno, a montagem conta com as interpretações das (ótimas) atrizes e cantoras Tay O’Hanna e Verônica Bonfim, respectivamente como Leci e sua mãe.
A trilha sonora, composta por músicas de Leci Brandão, inclui sucessos como “A Filha da dona Lecy”, “Ombro Amigo”, “Gente Negra” e “Preferência”, entre outras. Destaca-se “Tema do Amor de Você”, de 1964, a primeira composição da cantora, e “Não Falo de Guerra, Nem Falo de Morte”, apresentada pela primeira vez no programa de Flávio Cavalcanti, no quadro “A Grande Chance” e recriada na montagem do musical.
O espetáculo também contempla músicas significativas na trajetória de Leci Brandão, como “Corra e Olhe o Céu”, de Cartola, e o samba-enredo da Mangueira “História pra Ninar Gente Grande”, campeão de 2019.
O candomblé, parte importante da vida da cantora, é elemento presente – e bastante potente – na encenação, refletindo sua ligação com a religião africana e a sua ancestralidade.
A direção de Pilar é muito inventiva, porque consegue entrelaçar, em uma narrativa muito fluida, orgânica, diálogos e música. Nenhuma canção entra em cena de forma gratuita, meramente ilustrativa. O elenco tem atuações cativantes, com excelente trabalho de corpo e voz, totalmente integradas ao conceito aparentemente simples, porém complexo, do espetáculo, que procura fugir do formato jukebox que vem imperando nos musicais, e não apenas no Brasil.
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