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Tudo o que é clássico desmancha no ar

porFrancisco Mallmann
12 de maio de 2015
em Teatro
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Trocando Em Miúdos: Encerrando os escritos sobre o Festival de Teatro de Curitiba, dois trabalhos para se pensar o “clássico”: a peça Tchekhov, da companhia Ave Lola e o projeto Ilíada, da Cia Iliadahomero de Teatro.


Quando, nas artes cênicas, se discorre sobre obras clássicas, frequentemente, são as contribuições da dramaturgia que assumem o espaço central. O pensamento, nesse sentido, costuma se restringir a palavra escrita. A distância entre o teatro e a literatura, há muito, foi alargada, em um movimento de “independência” (ou ainda, de “não-dependência” ), afastando a ideia de que o palco seria “submisso” ao papel. A noção de que uma obra dramatúrgica existe, de fato, quando em cena, passou a ser o argumento considerado mais coerente – aos olhos do teatro.

Ainda que pareça corroborar a um preconceito antigo, a análise de “obras clássicas”, consideradas sinônimos para “textos clássicos” é feita a partir de algumas explicações: a questão do tempo e do registro são as principais delas. Para considerar um “espetáculo clássico”, no lugar de um “texto clássico”, é necessário levar em conta a imaterialidade e a maneira com que esse evento é “eternizado”. É difícil acessar montagens de teatro em formatos diferentes que não o próprio evento, mas é possível, ainda assim. A teoria do teatro examina e explora montagens a partir de seu valor histórico, documental e estético (e daí surgem tantas formas de se analisar quanto se é possível imaginar). Muitas vezes, a dificuldade parece residir na própria definição do que é “clássico”. Para além da etimologia (que pode indicar relações “classistas”, com uma direta influência nas categorizações de arte “clássica/erudita”, indicando que existam autores/artistas de “classes mais altas”), o termo “clássico” remete a vocábulos tais como “permanência” ,“universalidade”, algo que torna-se “inesquecível” e que “consegue atravessar gerações, fronteiras e nacionalidades, sem perder as suas características”. É uma grande discussão que, na literatura, mobilizou autores tais como  Charles Augustin Sainte-Beuve , Ezra Pound, Italo Calvino e Mark Twain.

“Para considerar um “espetáculo clássico”, no lugar de um “texto clássico”, é necessário levar em conta a imaterialidade e a maneira com que esse evento é ‘eternizado’.”

Alguns pontos parecer ser comuns entre as possíveis análises, ainda que distintas, com graus de especificidade e verticalização diferentes. No teatro, no universo “clássico”, surgem temas como a “vitalidade”, de algo que é “inesgotável”, cuja “atemporalidade” promove uma significação direta e expressiva com os contextos e circunstâncias em que se produz.

No Festival de Teatro de Curitiba, dois projetos, de alguma maneira, instigavam essa temática.  A peça Tchekhov, da companhia Ave Lola e o projeto, em contínuo processo, Ilíada, da Cia Iliadahomero de Teatro.

Tatiana Dias, Evandro Santiago e Marcelo Rodrigues em cena da peça "Tchekhov", direção de Ana Rosa Tezza.
Tatiana Dias, Evandro Santiago e Marcelo Rodrigues em cena da peça “Tchekhov”, direção de Ana Rosa Tezza. Autor: Lenise Pinheiro

Em Tchekhov, cuja direção e dramaturgia são assinadas por Ana Rosa Tezza, o universo do dramaturgo russo Anton Tchekhov é apresentado em uma narrativa (dividida em dois atos) que mescla dados biográficos e a produção do autor (especialmente o conto Aniuta e a peça A Gaivota). A montagem explora uma porção de questões próprias ao teatro – inclusive em perspectivas históricas. O nascimento do teatro do século XX é revelado a medida em que as metodologias e as técnicas teatrais são expostas e compartilhadas – a metalinguagem é executada com precisão, em um espaço milimetricamente bem utilizado. A peça indica uma relação interessante para o que sugiro sobre “a definição de um clássico”: A Gaivota, texto “clássico” de Techekov teve uma desastrosa primeira montagem e, no entanto, quando encenada por Stanislavski, alcançou também este lugar “clássico” – por quê? A resposta parece estar contida na própria montagem: as identificações se apresentam duradouras.

O Canto 7, de Ilíada, tem atuação de Helena Portela e direção de Octavio Camargo.
O Canto 7, de Ilíada, tem atuação de Helena Portela e direção de Octavio Camargo. Autor: Gilson Camargo

Ilíada é um projeto que pretende encenar, na íntegra, Iliada de Homero na tradução de Manoel Odorico Mendes. O projeto tem mais de dez anos e na última edição do Festival de Teatro de Curitiba, foram apresentados os cantos 1, 3, 7, 8, 13, 14, 15, 16, 22 e 24. A companhia pretende apresentar os 24 cantos que compõem a Ilíada, na Grécia, em 2016, durante as Olimpíadas. O elenco é composto por 24 grandes nomes do teatro paranaense e a direção é de Octávio Camargo. Em uma das apresentações do Canto 7, com atuação de Helena Portela, no Festival, Octavio Camargo, antes da apresentação, em uma breve exposição sobre o projeto e o canto em questão, revelou um dos motivos pelos quais considera importante a montagem de Ilíada:  “o texto erudito pode transformar alguns paradigmas atuais” – indicando aqui, talvez, uma concepção de “classico/erudito” que contemple as ideias de “permanência” e “universalidade” já referidos. A montagem, absolutamente centrada no intérprete, do qual a eloquência e a vitalidade são guias, tem a iluminação como elemento essencial , que se apresenta enquanto recurso para ambientação e também com o intuito de diferenciar os personagens. Os poucos elementos sugerem uma recepção que não seja carregada por referenciais.

Esse texto encerra os materiais sobre o Festival de Teatro de Curitiba (pretensões explanadas neste texto). O que foi produzido:

“A crítica ou a arte de pegar atalhos”: uma reflexão sobre o ofício da crítica em relação às peças Lucíola e #SelfService;

“Tempo, lucidez e loucura”: breve análise sobre a vida e a obra de Qorpo Santo a partir da peça Amanhã Sou Outro (ou a arte de tudo quebrar e nada endireitar);

“A História, um acúmulo de traumas”: um texto sobre os três principais “traumas” do Brasil, em referência à peça O incrível menino preso na fotografia;

“O teatro mais próximo: uma questão de distâncias”: o Festival Palco Giratório e a peça Jukebox Vol. I são os motivos para se discutir as políticas públicas.

Acompanhe a coluna Intersecção!

Tags: Ana Rosa TezzaAve LolaCia IliadahomeroClássicoCríticaCrítica TeatralFestival de CuritibaFestival de Teatro de CuritibaIlíadaOctávio CamargoTcheckhovTeatro

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