Existe, cada vez mais, uma necessidade da televisão em se adequar à nova conjuntura tecnológica e social, e o telejornal não fica fora desse rearranjo.
Em um momento em que as notícias chegam de forma mais rápida pela internet, em que qualquer um pode noticiar um fato através de sua rede social e que as pessoas assistem à televisão e realizam outras tarefas de forma concomitante, os telejornais se sentiram pressionados a buscar novas alternativas de se apresentar para chamarem a atenção do público.
Essa mudança vem acontecendo de forma gradativa, mas a cada dia se torna mais evidente. O telejornal “quadrado”, baseado na formalidade, pois essa característica está atrelada à credibilidade, iniciou a sua readequação a partir da modernização dos cenários e do aprimoramento do uso de ferramentas tecnológicas, como as projeções gráficas.
Podemos utilizar como exemplo a referência no telejornalismo brasileiro: o Jornal Nacional. Em junho de 2017, o programa telejornalístico fez uma grande inovação em seu cenário. “O cenário do Jornal Nacional está no centro desse novo espaço. As câmeras robóticas têm os braços giratórios operados por controle remoto. As ilustrações agora têm três dimensões”. Assim é descrito o novo cenário por uma matéria do Portal G1.
Em um outro momento, a mesma matéria diz: “São tantos monitores, tantas luzes, tanta inovação que, no primeiro momento, a tecnologia parece a estrela principal. Mas a nova redação do jornalismo da Globo foi feita pensando em gente. Tudo a serviço da informação. Um espaço maior para unir, aproximar, integrar”.
A televisão vive essa constante busca de encontrar o que agrada aos telespectadores, acompanhando as mudanças sociais e tecnológicas, e, consequentemente, a busca de manter e/ou aumentar os níveis de audiência.
Outra mudança ocorrida nos últimos tempos no Jornal Nacional foi a apresentação dos âncoras. Se antes eles ficavam o jornal inteiro sentados atrás de uma bancada, hoje eles andam pelo estúdio, gesticulam e se permitem a pitadas de informalidade.
Mas os telejornais têm ido além do uso de recursos atrativos para chamar a atenção do telespectador. Eles têm incitado a participação das pessoas na constituição do jornal.
A intenção é que o receptor não apenas receba e reaja, como também participe de forma ativa daquilo que ele irá assistir. Com isso, o telespectador se sente parte daquele processo, como um alguém importante na construção daquele produto.
Esse novo relacionamento com o público iniciou há alguns anos com os telejornais regionais. Esses começaram a estimular o público a enviar vídeos e imagens sobre a situação de bairros e cidades. É um jornalismo colaborativo que, ao permitir que o telespectador contribua para a construção da notícia, estabelece um novo tipo de relacionamento e uma aproximação entre emissor e recepto – este último passa a ser parte integrante do processo produção.
Já em cadeia nacional, o jornal Fala Brasil, telejornal matinal da Record, tem explorado a interação com o público através de votações. O telespectador escolhe no site, entre duas reportagens, qual será a primeira a ser exibida na volta do intervalo.
As votações em programas televisivos não são novidades. O caso mais famoso é o Você Decide, programa da Rede Globo, no qual uma história era contada e o público, através de ligações, escolhia o final. Mas, em se tratando de telejornal, o Fala Brasil é o pioneiro.
Outra proposta interativa em programas telejornalísticos é “O Brasil que eu quero”. Essa campanha da Rede Globo convoca os brasileiros a enviarem vídeos falando sobre o que desejam ao futuro do país. A exibição desses vídeos é feita nos telejornais globais de cadeia nacional: Hora 1, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional, Jornal da Globo e Fantástico.
Cada vez mais o telespectador deixa de ser um mero receptor passivo e dá lugar ao receptor ativo, escolhendo o que quer assistir.
A televisão, por sua vez, vive essa constante busca de encontrar o que agrada aos telespectadores, acompanhando as mudanças sociais e tecnológicas, e, consequentemente, a busca de manter e/ou aumentar os níveis de audiência.
A aposta tem sido a interatividade para criar uma aproximação com o telespectador. Os telejornais não fogem a essa dinâmica e têm apresentado diversos mecanismos de produção e emissão, como a indução das pessoas a participarem de forma mais ativa da programação.
Assim, o telejornalismo vai deixando de ser quadrado para se moldar conforme a demanda do público.