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O massacre de Paraisópolis: a tecnologia como a arma do oprimido

Análise discute como os celulares têm ajudado a gerar novas versões sobre crimes, empoderando os mais vulneráveis.

porMaura Martins
9 de dezembro de 2019
em Televisão
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Telejornais têm explorado o massacre em Paraisópolis sob o auxílio de imagens de celulares. Imagem: Reprodução.

Telejornais têm explorado o massacre em Paraisópolis sob o auxílio de imagens de celulares. Imagem: Reprodução.

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Começo este texto chamando a atenção para uma pequena notícia lançada pela coluna do Leo Dias. Um repórter do jornal O Globo foi desligado da empresa após o seguinte feito: ele filmou o editor de esportes do jornal enquanto comemorava a vitória do Flamengo na Libertadores, na redação do jornal, e jogou o vídeo em sua página no Instagram.

O resultado da traquinagem, conforme esperado (vide que o futebol costuma acender os ânimos de quem acompanha o jornalismo esportivo), foi uma chuva de comentários questionando a legitimidade do editor para exercer sua função. Alguns usuários recomendaram a demissão desse profissional, o editor de esportes Márvio dos Anjos. O resultado: o repórter que fez o vídeo, Adalberto Neto, foi desligado do grupo Globo (conforme explica a nota de Leo Dias, a empresa não assume conexão entre a demissão com o episódio descrito acima).

O que para muitos talvez soe como uma arbitrariedade, ou uma “censura” à ação desprovida de maldade deste profissional (é que o sugere o blog de Leo Dias, ao que me parece), revela, de fato, uma questão mais profunda. Vemos aqui um acontecimento diário que só é possível porque hoje os “olhos tecnológicos” se alastram pela paisagem, fazendo com que tudo o que ocorre no mundo seja passível de ser registrado.

Os celulares, com suas potentes câmeras, estão sempre a postos capturando “provas” de coisas que acontecem e que são postas a julgamento de todos, e não necessariamente de uma instância jurídica especializada (daí decorre, por exemplo, que alguém se sinta legitimado para defender a demissão de um editor de jornal).

O que vimos nesse caso, a meu ver, é uma interferência não exatamente positiva dessa popularização das câmeras. Neste caso, um profissional (o repórter que foi desligado) atravessou os limites de um ambiente privado (a redação do jornal) e tornou-o público em sua rede social, “contaminando-o” com a bisbilhotice alheia. Apenas a título de ponderação, lembraria aqui não há, obviamente, qualquer problema que o editor de esportes torça para um time – o problema estaria na má administração dessa torcida com o seu trabalho.

Talvez a grande revolução trazida pelos celulares é que agora eles disponibilizam uma visão de dentro, do lado do oprimido, do que sofre a violência e não tem voz para reclamar (mas agora tem olhos para ver).

Isto tudo serve para, por fim, constatar o óbvio: as tecnologias, em si, não são boas nem más. Quem determina o que é feito delas são as pessoas que as usam. Ao longo dos anos, conforme já pontuei algumas vezes nessa coluna, temos testemunhado equívocos no uso dessas imagens, levando àquilo que chamei de cegueira universal – uma quantidade infinita de imagens que acaba minando nossa capacidade de enxergar muita coisa nelas.

No entanto, conforme discorro acima, as tecnologias podem usadas a favor da sociedade. Nos últimos tempos, os meios de comunicação têm se atentado a certas pautas que antes eram pouco enfocadas, como os erros das ações da polícia, especialmente em eventos ligados à população que habita as periferias das cidades.

O celular como arma

Na última semana, uma ação truculenta da polícia levou à morte de dez pessoas em bailes funk nas favelas de Paraisópolis e Heliópolis, em São Paulo. O que vemos na cobertura feita pelas emissoras é uma mudança sintomática do ângulo de visão: é como se agora os telejornais tivessem olhos espalhados por todo lado, ampliando o raio daquilo que conseguem enfocar. No entanto, talvez a grande revolução trazida pelos celulares é que agora eles disponibilizam uma visão de dentro, do lado do oprimido, do que sofre a violência e não tem voz para reclamar (mas agora tem olhos para ver).

Reportagem da Globo reproduziu imagens da batida policial enfocando nos próprios celulares. Imagem: Reprodução.

O que temos visto, então, é uma cobertura que se estende, pois a cada dia novos vídeos são disponibilizados às emissoras. A Globo, por exemplo, destaca essas imagens em suas reportagens, e inclusive chega a destacar os próprios celulares enquanto as exibe – ao invés de evidenciá-las em tela cheia. Pode parecer um detalhe apenas, mas é também um recurso retórico que parece dizer: estes pequenos fragmentos do real, vindos dessas máquinas de visibilidade, trazem para o noticiário aquilo que outrora parecia impossível. Cabe destacar, é claro, que é preciso sempre cautela, pois qualquer imagem pode ser distorcida e descontextualizada (por isso mesmo, a reportagem da Globo sempre aponta que as imagens estão sendo analisadas por peritos, para entender de onde elas vêm e o que elas “dizem”).

Dia desses, um comentário aleatório que li no Twitter me fez pensar. Dizia algo assim: a polícia sempre foi abusiva; a diferença é que antes não tinha tanto celular filmando. Entre vantagens e desvantagens dessa profusão incontrolável de imagens, talvez um trunfo inegável da popularização das tecnologias seja o fato de que ela possa se tornar uma arma na mão dos pobres.

Tags: Análise jornalismoBom Dia BrasilCegueira universalcelularGloboHeliópolisimagens amadorasJornal NacionalJornalismoParaisópolisTelevisãoTV

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