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Cobertura do Carnaval revela: a televisão se curvou à voz das redes

Silenciamento da Globo - e posterior correção - sobre desfile da Paraíso do Tuiuti é o mote para que a coluna reflita a influência das redes sociais na TV.

porMaura Martins
19 de fevereiro de 2018
em Televisão
A A
Cobertura do Carnaval revela: a televisão se curvou à voz das redes

Imagem: Reprodução.

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Em tempos difíceis como os que vivemos, não poderia ser diferente: tivemos um Carnaval de insatisfações, ironias e provocações. Pelo menos, é claro, no que diz respeito ao desfile das principais escolas de samba do Rio de Janeiro, uma grande atração televisiva anual para boa parte da população brasileira – e que o acompanha, desde 1974, por meio da cobertura feita pela maior das nossas emissoras.

A não ser que o leitor tenha estado em Marte na semana passada, já sabe o que ocorreu: uma escola pouco conhecida, Paraíso do Tuiuti, trouxe um enredo sobre escravidões modernas e satirizou, com louvável coragem, vários personagens do “carnaval” político dos últimos anos. Entre as críticas trazidas durante o desfile, estava uma ala em que carteiras de trabalho apareciam estraçalhadas (numa clara referência aos efeitos da reforma trabalhista proposta pelo atual governo).

Noutra ala, chamada “manifestoches” (um neologismo que misturava manifestante + fantoches), os participantes vestiam-se com uma roupa de patos da Fiesp (a organização empresarial que patrocinou parte dos protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff, utilizando um lema de “não vamos pagar o pato”) amarrados a uma mão sobre suas cabeças, sugerindo a pouca autonomia intelectual dos cidadãos que resolveram se manifestar naquela época.

E no grand finale do desfile, um carro trouxe como destaque um personagem intitulado apenas como “vampiro neoliberalista”, com uma caracterização provocativa: um vampiro, com presas à mostra e tudo, com uma peruca meio a la “Noiva de Frankestein” e uma juba de notas de dólares e penas de faisão. No peito, uma reluzente faixa presidencial também adornada por dinheiro.

Ora, não precisava ser Roland Barthes para fazer uma leitura semiótica da cena: tratava-se de uma óbvia alusão ao presidente Michel Temer, associado a um vampiro (ou seja, decifrado como alguém mórbido, sem coração nem sangue nas veias e, por isso mesmo, uma figura pouco confiável) na cultura popular desde que subiu ao poder, após o impeachment. Estava tudo lá, escancarado para quem tinha um mínimo de conhecimento da política nacional. No entanto, a cobertura ao vivo da Globo – encabeçada, já há alguns anos, por Fatima Bernardes e Alex Escobar – fingiu não ver o que viu. Mais precisamente, amarelou, acovardou-se, constrangeu-se. Preferiu não “ler” os signos que todo o Brasil enxergou. “Tá com faixa de presidente esse vampiro”, Alex Escobar limitou-se a dizer, sem nomear o óbvio.

O que chama a atenção é justamente a força realizada pela voz das redes sociais, que fizeram uma empresa do porte da Globo ‘curvar-se’ em suas escolhas editoriais. Não é pouca coisa.

Foi o suficiente para um regozijo coletivo nas redes – afinal, o constrangimento dos apresentadores ia ao encontro de todas as críticas feitas à Globo, sobretudo na desconfiança sobre o poder da emissora de manipular a opinião pública para seus interesses particulares. Como já comentei em outros textos, é uma suspeita inspirada pelo tamanho da empresa e, consequentemente, pelos efeitos trazidos em razão de todos os seus grandes erros. Qualquer imprecisão da emissora, portanto, se converte em um equívoco imperdoável ao olhar dos seus críticos. Sendo assim, o constrangimento dos apresentadores dos desfiles de Carnaval foi quase que celebrado nas redes sociais.

Tentando olhar sob o lado dos jornalistas, faço algumas ressalvas. A primeira diz respeito à complexidade e ao desafio da transmissão ao vivo, que exige uma grande preparação e abre brechas para problemas inevitáveis – ainda mais no caso de uma transmissão que dura horas, como a do Carnaval. A segunda ressalva faz menção à apuração da jornalista Cristina Padiglione, que visitou a escola Paraíso do Tuiuti com antecedência para se informar sobre elementos do enredo e do desfile, mas que alguns detalhes não foram revelados – inclusive, a fantasia do vampiro neoliberalista teria sido um segredo dividido apenas entre o indivíduo que o incorporou, o professor Leonardo Morais, e o carnavalesco da escola.

Portanto, tudo apontava mais a um despreparo dos apresentadores, impulsionado pela urgência do ao vivo, do que necessariamente a um comando enviado pela emissora para que “abafassem” o teor político da apresentação. No entanto, a entrevista feita por Fatima Bernardes e Alex Escobar após o desfile com participantes da escola também ignorou o tom crítico do enredo (haveria tempo para que a produção passasse à equipe direcionamentos neste sentido). Nos dias seguintes, o pouco destaque ao desfile da Paraíso do Tuiuti se repetiu nos telejornais e na edição reduzida feita pela Globo. Os críticos chegaram a contabilizar: a emissora levou 12 horas para reconhecer que o vampiro neoliberalista era Temer.

Creio que o mais impressionante de todo este episódio foi o que ocorreu mais tarde, quando a emissora decidiu se “redimir” sobre o suposto erro, o que ocorreu dois dias depois do desfile. Uma reportagem no Jornal Nacional construiu uma narrativa extremamente didática, por fim dando nomes às coisas. A iniciativa foi louvada por outros jornalistas, que observaram que a Globo optou por corrigir uma omissão, a qual poderia ser lembrada como um erro clássico da emissora daqui para frente.

Mas o que me chama a atenção justamente é a força realizada pela voz das redes sociais, que fizeram uma empresa do porte da Globo “curvar-se” em suas escolhas editoriais. Não é pouca coisa, e sim mais um sintoma de que mesmo as empresas de comunicação mais tradicionais e generalistas (como as emissoras de TV aberta) não conseguem mais ignorar as vozes que vem dessa pequena grande tecnologia chamada internet.

Foram as próprias redes, inclusive, que popularizaram Temer como vampiro, uma piada repercutida pelo desfile da Paraíso da Tuiuti e, consequentemente, pela própria Globo. Entretanto, não consigo não me perguntar: seriam as redes sociais, de fato, a voz de toda a população?

Em tempo: destaco ainda que a vitória da escola Beija-Flor (que apostou também em um desfile de protesto, mas acabou ofuscada pela repercussão da Paraíso do Tuiuti) mostra que mesmo a indignação se comporta de forma polarizada hoje em dia, e não por acaso as duas escolas ficaram em primeiro e segundo lugar. Usando a linguagem dos memes, daria para dizer que o desfile da Beija-Flor foi um “protesto Nutella”, enquanto o da Paraíso do Tuiuti esteve mais próximo de um “protesto raiz”.

Tags: Alex EscobarAo vivocarnavalCarnaval 2018Cobertura do Carnavalfatima bernardesGloboParaíso do TuiutiRede GloboRedes sociaisTelevisãoVampiro Neoliberalista

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