Mergulhei nos cinco primeiros episódios de How I Met Your Father, série da Hulu anunciada como “sequência não relacionada de How I Met Your Mother“. Exibida no Brasil na plataforma de streaming Star+, o seriado é liderado por uma Hilary Duff deslocada.
O show parece muito mais um spin-off do programa que contou a trajetória de Ted Mosby ao longo de nove temporadas. Acompanhando os episódios, nota-se que a tentativa de adaptar as piadas e o estilo eternizado pelo quinteto da série original soa datado, que as piadas são anacrônicas e que não, tivesse um apelo afetivo, provavelmente o projeto não iria adiante em nenhum cenário.
Chama a atenção que os showrunners de How I Met Your Father, Isaac Aptaker e Elizabeth Berger, tem no currículo This Is Us, uma série que, à parte de qualquer crítica que o leitor possua, sabia narrar uma história.
Como é ‘How I Met Your Father’
Hilary Duff interpreta Sophie, uma fotógrafa beirando os 30 anos que é uma romântica incurável, cujo maior sonho é encontrar o amor da sua vida. Ela divide apartamento com Val (Francia Raisa), que possui um relacionamento com Charlie (Tom Ainsley), britânica rico e meio paspalhão.
Mas o projeto parece ser aqueles que já nascem problemáticos. É difícil pensar em Nova York como pano de fundo depois de HIMYM e Friends.
Já no episódio piloto somos apresentados a Sid (Suraj Sharma), Jesse (Chris Lowell) e Ellen (Tien Tran). Jesse e Ellen são irmãos, e Jesse mantém uma relação meio platônica com Sophie, enquanto Sid é dono de um bar, outro cenário recorrente da série.
A todo instante a série tenta mostrar que, apesar das semelhanças, estamos em 2022, seja pela protagonista em sua versão futura, interpretada por Kim Cattrall, seja pela necessidade de pontuar-se no espaço-tempo citando aplicativos, lugares e situações reais para conectar-se com os tempos atuais.
Mas o projeto parece ser aqueles que já nascem problemáticos, entre outras coisas porque é difícil pensar em Nova York como pano de fundo depois de HIMYM e Friends terem explorado ostensivamente a cidade.
Outro problema é que a série se esforça em mostrar-se inclusive, tomando muito cuidado para não repetir situações de sua “série mãe” que, atualmente, são impensáveis, como machismo e homofobia, além de uma representação caricata de imigrantes. Não é exagero afirmar que, em 2005, How I Met Your Father já seria uma seria fraca, e que, neste 2022, ela não faz sentido algum.
Roteiro é problemático
Talvez o maior problema desse início de seriado sera a fragilidade do roteiro. Os diálogos são forçados, como se escritos unicamente porque planejavam reproduzir algo atingido com HIMYM. Acontece que não funciona.
Isso significa dizer que não dará certo? Não há como dizer isso, porque o seriado está em uma plataforma menos dependente de audiência do que a série original. Tanto é que já foi renovada pela Hulu para uma segunda temporada. Porém, os personagens precisam ser lapidados e a conexão com …Mother deixada para trás.
Há exemplos de programas que começaram muito mal e conseguiram emplacar depois – ou alguém esquece daqueles episódios iniciais constrangedores de The Big Bang Theory? Mas para isso, Isaac Aptaker e Elizabeth Berger necessitam de coragem para abandonar algums conceitos. E, talvez, alguns personagens.
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