Já foi falado algumas vezes aqui na coluna sobre os limites ultrapassados por Silvio Santos com suas falas preconceituosas e desrespeitosas. E ele provou que os ultrapassa também nas atitudes. Na última terça-feira, 6, o dono do SBT autorizou a exibição de vinhetas com características nacionalistas, sendo compostas por frases como “Brasil, ame-o ou deixe-o”, utilizada como slogan da ditadura em um dos períodos de maior repressão – conhecido como “Anos de Chumbo” -, e “Eu te amo, meu Brasil”, trecho de uma música usada em propagandas políticas do período militar.
Além dessas, outras frases de cunho nacionalistas como “Brasil de encantos mil”, “Brasil, pátria amada” e “Pra frente, Brasil” foram utilizadas nessas vinhetas, que, por sinal, vão ao ar com bastante frequência. E as músicas de fundo também não fugiram ao ufanismo. Foram utilizadas como trilha sonora o Hino Nacional, o Hino da Marinha brasileira (“Cisne Branco”), o Hino da Independência e a música “Pra frente, Brasil”, tema da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970. As imagens, por sua vez, mostram pontos turísticos do Brasil.
Em um primeiro momento, quando questionada, a comunicação do SBT não se pronunciou sobre o assunto “por questões estratégicas.” Horas depois, a vinheta com a frase “Brasil, ame-o ou deixe-o” foi retirada do ar e a assessoria da emissora alegou que “cometeu um equívoco de não se atentar que este bordão foi forte na época do regime militar.” As demais vinhetas ufanistas continuam a serem exibidas.
Essa atitude de Silvio Santos em seu canal, assim como as suas falas preconceituosas (já abordadas nesse portal), não só casam com a postura do futuro presidente, Jair Bolsonaro, como evidenciam total apoio do comunicador ao ex-militar. Não por acaso, o apresentador, além de convidar a futura primeira-dama para participar do Teleton desse ano, recebeu uma ligação telefônica de Bolsonaro, ao vivo, no programa.

Essa atitude de Sílvio Santos em seu canal, assim como as suas falas preconceituosas (já abordadas nesse portal), não só casam com a postura do futuro presidente, Jair Bolsonaro, como evidenciam total apoio do comunicador ao ex-militar.
O posicionamento do SBT a favor de características ufanistas e militaristas, seja de um regime ou de pessoas, não é novidade, afinal, a emissora já nasceu de uma bajulação ao governo militar. Além disso, com a criação do Sistema Brasileiro de Televisão, em 1981, Silvio Santos começou a transmitir, entre os intervalos das atrações, “A Semana do Presidente”, uma espécie de boletim que exibia o resumo das atividades – incluindo as pessoais – do presidente. O quadro, que era custeado pelo governo, foi criado pelo presidente João Baptista Figueiredo e exibido até o mandato de Fernando Henrique Cardoso. Segundo a coluna de Flávio Ricco, no site UOL, comenta-se nos bastidores da emissora sobre a volta desse boletim no ano de 2019, para divulgar o mandato presidencial de Jair Bolsonaro.
Essas vinhetas em apoio ao futuro presidente reforçam a ideologia deste, que, como já foi demonstrado há anos, é apoiada por Silvio Santos. Seja por interesses empresariais ou pessoais, a verdade é que as atitudes do apresentador mais famoso do Brasil não se tratam de loucura, tampouco são justificáveis por sua idade avançada. São, ao contrário, muito bem arquitetadas e com objetivos bem definidos.