Um atentado terrorista acontece em solo norte-americano. As bases da grande América estão estremecidas e todos os holofotes estão voltados para o presidente dos Estados Unidos. A nação e o mundo esperam uma resposta à altura, mas não será fácil, pois forças inimigas conspiram contra a presidência, inclusive contando com a ajuda de integrantes do governo. O papel interpretado por Kiefer Sutherland é o de protagonista da série, mas não, não estamos falando de mais uma temporada de 24 Horas.
Ainda que a premissa seja muito parecida (assim como de outras inúmeras séries de TV nos Estados Unidos, além de filmes, é claro) e o protagonista seja o mesmo, o seriado em questão aqui é Designated Survivor, uma das grandes apostas das noites de quarta-feira na ABC. E parece que o público tem gostado, ao menos é o que mostram os números de audiência, com média de 15 milhões de espectadores, fazendo com que a série ganhasse uma encomenda de mais 9 episódios, completando uma primeira temporada com 22.
Em Designated Survivor, a história gira em torno de Tom Kirkman, um dos membros do Gabinete do Presidente, que após um ataque em que todos os membros do Congresso dos Estados Unidos, incluindo presidente e vice, juízes, deputados, senadores, secretários de Estado e demais envolvidos na linha de sucessão presidencial morrem, assume a presidência. Kirkman havia sido selecionado para ser o sobrevivente designado, um membro do governo que é levado para um local seguro, afastado e em segredo para o caso de que algo ocorra com o Presidente e demais pessoas durante o Discurso do Estado da União, um discurso em que o Presidente, na presença do Congresso, apresenta um relatório sobre as condições em que o país se encontra, além de falar sobre as prioridades nacionais.

Da noite para o dia, Kirkman vê a Presidência da República cair em seu colo. Acontece que ele era o Secretário de Habitação e Desenvolvimento e seria demitido do governo para dar espaço a uma articulação política do presidente que veio a falecer. Logo, Tom é um homem sem nenhum traquejo político, sem apoio dos governadores, ou dos chefes militares, e com a desconfiança do povo norte-americano. E ele não foi o único membro designado como sobrevivente. O Partido Republicano também tinha selecionado alguém com o mesmo propósito, cabendo à deputada Kimble Hookstraten (Virginia Madsen) este papel.
Não se trata de problemas com a atuação de Kiefer ou do grande elenco da série (entre eles, Kal Penn, de House, e Maggie Q, de Stalker), mas é que o formato é cansativo e está desgastado.
Chegando ao seu quinto episódio, o que Designated Survivor mostrou até agora é justamente a receita de bolo (e de sucesso) de 24 Horas. É um papel que caiu como uma luva para Sutherland, mas levanta a discussão de sua longevidade na TV. Particularmente, o show tem dificuldades em cativar. Tom Kirkman é um personagem exageradamente frágil que, abruptamente, vai ganhando uma casca dura para o exercício do principal cargo político do país. A sede de poder que vai emergindo na deputada Hookstraten também não convence, soa caricata.
Não se trata de problemas com a atuação de Kiefer ou do grande elenco da série (entre eles, Kal Penn, de House, e Maggie Q, de Stalker), mas é que o formato é cansativo e está desgastado. Críticos norte-americanos têm apontado o sucesso do show ao fato de sua estreia ter ocorrido durante a corrida presidencial. Com uma onda conservadora forte liderada por Donald Trump, o discurso bélico da série encontra ressonância, ainda mais por envolver (mais uma vez) a questão do conflito no Oriente Médio e com os grupos terroristas como a Al-Qaeda.
Designated Survivor tem suas forças. A trama, ainda que rocambolesca, prende o espectador: afinal, quem realmente explodiu o Capitólio? Qual o interesse por trás? Por que as câmeras e aparelhos celulares pararam de funcionar muitos segundos antes da explosão? Por que um, e apenas um, deputado conseguiu sair com vida? E são essas questões que deixam uma pulga atrás da orelha e prendem o espectador. Mas também fica a pergunta: até quando? A princípio, não me parece um show com muito fôlego, até porque nada mais chato que dúvidas que vão sendo arrastadas ad eternum e nunca encontram solução.