Como alguém que possui videogame e acompanhou a evolução dos jogos nos últimos 30 anos, a divulgação de que Halo, seriado da Paramount+ que adapta uma das mais importantes franquias de títulos para Xbox, finalmente saíria do papel, fez-me ser tomado de uma pueril emoção.
O efeito era curioso, já que eu não me enquadrava no perfil de um jogador assíduo do game. No entanto, vi-me afetado pelas propagandas incessantes entre vídeos de YouTube e em mobiliários urbanos pela cidade.
Eu fazia parte de um grupo que não é necessariamente de fãs, mas de espectadores ávidos por boa televisão. E sob esta perspectiva, não é equivocado parabenizar a produção da série, no papel de seu criador, Kyle Killen, e do time de produtores-executivos, encabeçados por Steven Spielberg.
O complexo universo em que Halo está inserido é entregue ao público na TV. Pesa, contudo, contra a série da Paramount+, que a adaptação de jogos de videogame parece ser, cada vez mais, uma barca furada.
Se o show se dedica a agraciar os fãs do jogo, corre o risco de não ter um drama de ação para o público da TV; por outro lado, a base de jogadores é preponderante a uma empreitada do gênero. Corrobora meu argumento que no panteão de grandes séries que adaptaram títulos de videogame esteja um total de zero produções.
Pesa contra a série da Paramount+ que a adaptação de jogos de videogame parece ser, cada vez mais, uma barca furada.
Halo, a série, começa alardeando o que os fãs do jogo esperariam. No ano de 2552, membros do Covenant, uma aliança teocrática de alienígenas, está atacando um posto em Madrigal, quando os Spartans, um grupo de elite de super-soldados humanos geneticamente aperfeiçoados, aparecem para salvar as pessoas.
Em pouco tempo, o seriado tenta conferir emoção aos fãs e sintonizar o espectador. Para este último, explica rapidamente o que está em jogo e apresenta as percepções que os civis têm sobre os Spartans e seus líderes, a UNSC, contra os quais discutem uma rebelião.
O protagonista de Halo é Master Chief, interpretado por Pablo Schreiber, que tem em mãos o desafio de conferir complexidade a um personagem que o público costuma não complexificar. Seu encontro com um misterioso artefato joga luz sobre parte esquecida de seu passado, e o faz questionar a UNSC e estar mais próximo dos rebelados.

No meio disso está a Dra. Catherine Halsey (Natascha McElhone), cientista que comanda as pesquisas com os Spartans e quem, movida por um pouco de curiosidade científica, um pouco por seus próprios interesses, será determinante na jornada de Master Chief.
Ela, à sua maneira, também se rebela contra a UNSC, criando uma clone de si mesma às escondidas, além dos inúmeros conflitos que desenvolve com a almirante Parangosky (Shabana Azmi).
Quem mais se destaca na primeira temporada de Halo é Kwan Ha (comandada por uma talentosa Yerin Ha), uma das civis que deseja ver as estruturas que regem a sociedade modificadas, tornando-se companheira involuntária do protagonista do show – além da força impulsionadora quando a produção tropeça.
Apesar de muita lentidão no desenvolvimento da trama (questiono abertamente a necessidade de episódios tão longos, na faixa de 50 minutos ou mais), Kyle Killen consegue estabelecer uma narrativa minimamente atrativa, trazendo elementos da aparência conhecida pelos jogadores, enquanto conta uma história sobre poder, vingança e a busca pela própria identidade.
Isso significa que eu, um espectador ávido por boas histórias pretenda retornar para a segunda temporada, já confirmada pela plataforma de streaming? Não posso cravar com certeza. No momento em que escrevo essa crítica, agradeço que há um intervalo até a nova leva de episódios.
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