Se algo não fizer sentido na trama da série Iluminadas, nos primeiros dois episódios, não desista. Insista, que vale muito a pena. Em cartaz na plataforma de streaming Apple TV+, a produção, baseada no best seller da escritora norte-americana Lauren Beukes, tem uma premissa instigante.
Kirby Mazrachi, vivida pela excelente Elisabeth Moss (de O Conto da Aia e Mad Men), aspirava ser repórter, mas desistiu de seu sonho ao ser vítima de um brutal ataque, que quase lhe tirou a vida e a colocou em um permanente estado de confusão mental. Com frequência, não sabe onde e em que tempo está.
No primeiro episódio, Kirby, agora trabalhando no setor de pesquisa de um jornal de Chicago, é chamada pela polícia porque uma jovem foi encontrada morta na tubulação de esgoto da cidade e as circunstâncias do crime, o estado em que o corpo foi encontrado, se assemelham às da tentativa de assassinato que ela sofreu.
Atualmente morando em Los Angeles, Moura, sem qualquer exagero, arrasa.
Convencida de que os dois casos podem estar relacionados, Kirby começa a fazer uma investigação por conta própria e, logo, unirá esforços com o jornalista investigativo Dan Velasquez, interpretado por Wagner Moura, que convenceu os produtores da série, entre eles o ator Leonardo DiCaprio, a mudar a nacionalidade de seu personagem, antes porto-riquenha, para brasileira.
Atualmente morando em Los Angeles, Moura, sem qualquer exagero, arrasa. Velasquez é bastante complexo: apesar de ser um repórter talentoso, ele perdeu a confiança de seus superiores devido às vezes em que perdeu o controle de seu comportamento devido ao álcool e às drogas.
O encontro entre personagens limítrofes como Kirby e Dan, e atores tão competentes quanto Moss e Moura, já seria promissor, mas Iluminadas vai bem além disso. A trama é muito surpreendente.
Aos poucos vai se tornando claro que o ataque a Kirby e o recém ocorrido assassinato da outra jovem em Chicago não são casos isolados e podem ser crimes cometidos por um serial killer que, há décadas, vem matando jovens, seguindo procedimentos muito semelhantes, desde a forma como as vítimas são abordadas até o tipo de ferimentos à faca em seus corpos.
Acontece que Iluminadas não é uma trama detetivesca convencional, cujo grande mistério é descobrir quem é o assassino. Desde a primeira cena, do episódio de estreia, sabemos que se trata de Harper Curtis, defendido com maestria pelo britânico Jamie Bell, que estreou no cinema ainda menino, como o protagonista bailarino no ótimo Billy Elliot (2000).
O que intriga é o fato de seu personagem, que, no início da série, aparece assediando uma garotinha em 1964, em seguida ressurge décadas mais tarde, sem que sua aparência se altere, sem envelhecer.
Sombria, introspectiva e muito, muito tensa, Iluminadas, que chega ao seu sexto episódio, mistura gêneros: é, ao mesmo tempo, suspense, terror, policial e ficção científica, ao lidar com viagem no tempo. Se você gosta de ser desafiado, não perca.
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