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Primeira temporada de ‘Mr. Mercedes’ é alegoria dos Estados Unidos pós-crise de 2009

Melhor adaptação recente de obras de Stephen King, ‘Mr. Mercedes’ teve uma primeira temporada digna para se maratonar – e ficar sem fôlego.

porAlejandro Mercado
24 de agosto de 2018
em Televisão
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Primeira temporada de ‘Mr. Mercedes’ é alegoria dos Estados Unidos pós-crise de 2009

Imagem: Reprodução.

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Falar sobre a presença de trabalhos relacionados com Stephen King na TV, hoje, é tarefa corriqueira. Nos últimos anos, temos acompanhado a proliferação de adaptações de obras do mestre do horror, mas é Mr. Mercedes, seu 62º título literário, quem oferece o mais interessante e bem-feito trabalho.

A série retornou nesta semana para uma segunda temporada, o que nos obriga a tratar, sem perda de tempo, de sua primorosa temporada de estreia. Tudo que cerca a produção chama a atenção: ser exibida em um canal de entretenimento a cabo pequeno e exclusivo da operadora DirecTV, ser fruto de um livro que foge à premissa da biografia do autor e um episódio piloto que deveria ser aplicado como aula para qualquer nova empreitada que deseje transpor um título de King para cinema ou TV.

Parte do que diferencia Mr. Mercedes de outras obras do escritor é que este é um trabalho em que o autor optou por uma história detetivesca relativamente tradicional, deixando claro que “tradicional” não é bem uma palavra aplicável à obra de Stephen King. Complementando, David E. Kelley ficou responsável pelo projeto, roteirizando os dois primeiros episódios, fundamentais à manutenção da audiência frente à tela da TV.

Kelley é nome famoso por trabalhos como Ally McBeal, Boston Legal e a mais recente, Big Little Lies, outra adaptação literária. Seus roteiros conferem ao programa todas as qualidades que sempre trouxe às séries das quais participou, conseguindo dar potência e vazão à mente de Stephen King como poucas vezes, agregando diálogos velozes, personagens complexos e densos, uma história envolvente e uma polidez no conjunto que, se perde a intensidade do Mestre do Horror, deixa gravado o DNA maquiavélico e de um humor negro do autor norte-americano. E nomes como A.M. Homes (Que sejamos perdoados) e Dennis Lehane (Sobre Meninos e Lobos) também assinam roteiros, o que denota toda a classe e preocupação da emissora em levar ao espectador uma experiência eletrizante.

Livro e série são alegorias que tratam o declínio da sociedade capitalista norte-americana.

Mas do que fala a série? Bem, Mr. Mercedes se passar em Ohio, no pós-crise econômica mundial de 2009. A cena inicial, um espetáculo de direção, diga-se, mostra um homem utilizando uma máscara de palhaço dirigindo um Mercedes e jogando o carro em direção de uma multidão que aguardava na fila de um mutirão de empregos. Após a cena, que repito, é digna de ser eternizada na história da TV contemporânea, a trama salta dois anos no tempo, e acompanhamos a vida do detetive aposentado Bill Hodges (Brendan Gleeson, fantástico), que segue atormentado pelo caso do massacre que nunca foi resolvido.

Como tudo na bibliografia de King, Mr. Mercedes não se resume a um livro sobre um detetive angustiado por um caso não resolvido. Livro e série são alegorias que tratam o declínio da sociedade capitalista norte-americana, a crescente onda de violências, desemprego e vazio de relações que culminaram, em passado recente, com a eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

O assassino, revelado desde o início do show, trabalha em uma loja de eletrônicos tradicionais que está sucumbindo à crise e ao atraso de seus equipamentos, que se tornam obsoletos, tal qual os próprios funcionários do estabelecimento. Mesmo o detetive Hodges trafega pelo caminho obscuro da depressão causada pela idade avançada e a sensação de perda da utilidade, para si ou para a sociedade. Mesmo Brady, o assassino, interpretado por um impecável Harry Treadaway (de Penny Dreadful), funciona como uma metáfora para a dicotomia humana, uma espécie de Jack e Hyde contemporâneo, capaz de servir à família, à proteção dos socialmente à margem, e ainda ser um impiedoso e sádico psicopata. O trabalho de Kelley está menos voltado em humanizar o personagem, e mais em mostrar (e jogar com) as várias facetas que constroem um ser humano.

Existem falhas na série? Sim, em especial uma certa lentidão no desenrolar da trama, por vezes confundida com uma tentativa do produtor de oferecer mais camadas ao programa. Entretanto, nada que prejudique sua qualidade – e que tenha causado descrédito à emissora ou à audiência a ponto de que não ganhasse uma merecida (e estreada esta semana) segunda temporada. Sem medo de errar, Mr. Mercedes é imperdível.

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