Existe um gênero não oficial de séries chamado “comfort series”. São aqueles seriados que assistimos ininterruptamente, sem enjoar, e que possuem o poder de nos trazer uma sensação de conforto. Only Murders in the Building se encaixa perfeitamente nesse caso.
A produção, criação do ator Steve Martin e de John Hoffman, terminou recentemente sua segunda temporada, presente na íntegra na plataforma de streaming Star+. Hoffman, que também foi produtor de Grace and Frankie, talvez tenha trazido de lá essa sensação de conforto.
Há algo no texto da série que faz com que nada parece ser efetivamente um problema, nem mesmo quando Steve Martin e Martin Short aparecem com diálogos menos inspirados e que Selena Gomez se esforce muito para liderar o trio, mesmo que sem o mesmo nível de talento que eles.
A segunda temporada de Only Murders in the Building começa exatamente onde a primeira termina. Mabel está sobre o corpo de Bunny (Jayne Houdyshell), com as mãos cobertas de sangue. De imediato, ela se torna a principal suspeita da polícia de dar cabo à vida da síndica do Arcônia.
Todavia, Mabel jura que é inocente e que Bunny já estava ferida e cambaleante quando entrou em seu apartamento. Charles e Oliver acreditam na amiga, mas não sabem como provar sua inocência, já que a própria não tem nada, além do seu testemunho, para se defender.
Only Murders in the Building não chega a ter nenhum ápice nesta segunda temporada, mas também não é modorrenta.
Dali em diante, os novos episódios focam na personagem de Selena Gomez tentando provar sua inocência, enquanto Charles e Oliver lidam com seus próprios dilemas pessoais. Concomitantemente, o trio precisa entender se seu podcast deve seguir e de que maneira esta decisão impacta na relação deles.
Only Murders in the Building não chega a ter nenhum ápice nesta segunda temporada, mas também não é modorrenta. Tina Fey (no papel de Cinda Canning) e Adina Verson (no papel de Poppy) tentam oferecer um contraponto, que talvez fosse mais eficaz se a estratégia da produção não envolvesse, também, apresentar mais personagens.
Alice, a personagem de Cara Delevingne, é totalmente desnecessária, já que a sexualidade de Mabel não acrescenta à trama. Aprofundar a participação de Howard (Michael Cyril Creighton) também pouco oferece ao público.
Contudo, se colocamos como lente para compreender as decisões criativas desta nova temporada o selo “comfort series“, tudo parece ficar mais claro. O que não transmite nada à narrativa também não sobra, pelo contrário. Acaba por conferir diversidade e aceitação a diferentes públicos, que tal qual em Only Murders in the Building, são os desajustados.
O fim da temporada, apesar de apressado, entrega tudo que o público fiel do seriado desejaria. Por fim, a garantia de uma nova temporada desafia a produção: há espaço para mais? É ver para crer.
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