Mais de cinquenta anos se passaram desde a estreia de Star Trek (também conhecida como Jornada nas Estrelas, Star Trek: A Série Original ou Star Trek: TOS, dependendo do seu nível de obsessão). E é impressionante como ela mantém a posição de uma das maiores séries da história. Em apenas três temporadas, estabeleceu não apenas as bases para uma infinidade de continuações (The Next Generation, Deep Space Nine, Voyager, Enterprise e o que mais o futuro reservar), como também introduziu alguns dos personagens mais reconhecíveis da televisão e criou uma nova forma de fazer programas de ficção científica.
Dado o seu atual status cult e o fato de DVDs e merchandising da série poderem ser encontrados em quase tudo que é lugar, alguém que não seja familiarizado com ela pode ficar surpreso ao saber que, inicialmente, sua recepção não foi tão boa assim. Criada por Gene Roddenberry, seu episódio piloto, The Cage, demorou a ser aprovado por ser considerado complexo demais para ser exibido na TV (sim, essa foi a desculpa oficial). Mesmo quando de fato foi aprovada em 1966, a série foi cancelada após três temporadas por baixa audiência, tornando-se popular apenas nos anos 70 graças a inúmeras reprises na TV aberta, popularidade que aumentou mais tarde quando os episódios começaram a ser gravados em VHS. Uma legião de fãs que se mantém fiéis até hoje estava montada.
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Caso você tenha caído aqui de paraquedas, eis um breve resumo da série: a história é ambientada no futuro, no século 23. A Terra, como uma das fundadoras da Federação dos Planetas Unidos – uma aliança entre várias raças alienígenas -, vive uma relativa paz (embora, curiosamente, nunca de fato vejamos essa Terra futurista na série), permitindo aos humanos, a bordo das naves da Frota Estelar (e vestidos em pijamas e minissaias), dedicarem-se como uma prioridade à exploração espacial, viajando em busca de novos mundos e formas de vida. Star Trek acompanha as cativantes aventuras de uma dessas espaçonaves, a magnífica Enterprise, com sua tripulação de mais ou menos 400 pessoas, formando um elenco coadjuvante bastante diverso – como a enfermeira Christine Chapel (Majel Barrett, que também faz a voz dos computadores da série), a oficial de comunicações Uhura (Nichelle Nichols), o timoneiro Sulu (George Takei) e o navegador Pavel Chekov (Walter Koenig), entre outros.
Ainda pretendo assistir a suas continuações. Mas, por enquanto, este é um belo lugar pelo qual começar.
A série, porém, é focada no bastante apelativo trio formado por James T. Kirk (William Shatner), Spock (Leonard Nimoy) e Leonard “Bones” McCoy (DeForest Kelley). Kirk é o capitão cuja confiança exagerada é responsável por uma boa parte dos problemas da Enterprise (e cujo dinamismo é sempre responsável por solucioná-los). Spock é o oficial científico e número dois no comando, de mãe humana e pai dos impassíveis Vulcanos. E Bones é o médico reclamão e sarcástico, mas ao mesmo tempo gentil, responsável por algumas das principais frases de efeito da série – beba um shot cada vez que ele diz “Sou um médico, não um (insira qualquer coisa que o obriguem a fazer)” ou “Ele(a) está morto, Jim”. A interação entre eles e suas ótimas atuações (pelo menos por parte de Nimoy e Kelley) são metade dos elementos que tornam a série tão especial.
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A outra metade é a escrita excepcional que faz com que muitos dos episódios ainda mantenham-se atuais. Não é apenas a divertida combinação de ação, humor e sociedades extraterrestres estranhas: são os dramas persuasivos dos enredos, diferentes de tudo feito antes. São também os temas com os quais lida: as viagens de volta ao século 20 e os dramas trágicos que elas trazem (como é o caso em The City on the Edge of Forever, consensualmente o mais sério e melhor episódio da série); as realidades alternativas com as quais a Enterprise tem contato (Mirror, Mirror, ou “O Episódio do Spock do Mal de Barbicha”); a Primeira Diretriz, o princípio que proíbe qualquer um de mudar o curso natural de um planeta ou deixar qualquer coisa que acelere seu desenvolvimento (A Piece of the Action, Patterns of Force e de certa forma A Taste of Armageddon).
É claro que, em meio a tantas qualidades dos roteiros, é preciso admitir que a produção da série está longe dos padrões atuais. Muitos dos “planetas” são obviamente cenários de espuma e borracha, e os que não são não escondem que foram filmados em alguma área rochosa da Califórnia. Mas, de certa forma, os efeitos especiais ruins até que dão um charme nostalgicamente cafona à série, não?
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Ah, mas não pensem que apenas por ser clássica que Star Trek é uma “série de velho”. Ainda hoje ela é perfeitamente capaz de conquistar fãs mais jovens. Ei, aqui estou eu falando do quão legal ela é, então acho que isso diz algo!
Ainda pretendo assistir a suas continuações (principalmente a bastante popular The Next Generation, que muito me foi recomendada), além dos vários longas-metragens que há décadas Hollywood vem lançando (que aparentemente têm qualidades bastante variadas, como fãs furiosos insistem em destacar). Mas, por enquanto, este é um belo lugar pelo qual começar.