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‘TerraDois’ debate as angústias da pós-modernidade

porMaura Martins
2 de abril de 2018
em Televisão
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TerraDois - TV Cultura

Exibido pela TV Cultura, 'TerraDois' é capitaneado pelo psicanalista Jorge Forbes (na imagem, com a atriz Maria Fernanda Cândido, que participa do programa). Imagem: Divulgação.

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De tempos em tempos, a televisão assume com mais clareza a sua relação com outras mídias, geralmente mais antigas e mais respeitadas que ela. Se, por um lado, a TV é inevitavelmente conectada às mudanças que prenunciam no horizonte (como, por exemplo, o fato irrecusável de que boa parte da audiência faz uma espécie de consumo “casado” entre os programas televisivos e a internet), por outro, ela eventualmente olha para trás para revisitar seus “ancestrais” – ou seja, relembra os meios de comunicação que vieram antes dela.

Não por acaso, portanto, a televisão costuma, ocasionalmente, falar de teatro e, mais que isso, apropriar-se de suas linguagens. Talvez haja muitos motivos para isso, e um deles, certamente, é o de dialogar com uma mídia considerada mais erudita que ela mesma. E há sempre algumas dificuldades inerentes quando a televisão se propõe a ir ao encontro do teatro, como de parecer pedante, difícil, o risco de afastar uma audiência acostumada a textos e a narrativas tidas como mais acessíveis, palatáveis.

Deste modo, o programa TerraDois, produção da TV Cultura, é uma grata surpresa justamente pelas façanhas que consegue: misturar televisão, debate filosófico, psicanálise, e levar ao público discussões difíceis por meio da experiência do teatro. E isto é feito de uma forma paradoxalmente densa e descomplicada. Vencedor do prêmio de melhor programa de televisão de 2017 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), TerraDois provoca sua audiência a encarar a complexidade dos temas da contemporaneidade que, sem muita reflexão, vivenciamos no nosso dia-a-dia.

Parte desta configuração construída para o programa se dá pelas mãos do seu criador, o médico e psicanalista Jorge Forbes, que assume em TerraDois uma função situada entre o apresentador televisivo e o mediador que estabelece uma ponte com e entre os convidados – que são, sobretudo, atores de teatro e televisão, como Mika Lins, Bete Coelho e Maria Fernanda Cândido. A estrutura é simples e se repete em todas as edições: uma espécie de ensaio nas coxias, na qual Forbes debate um tema com os atores, e a posterior montagem de uma cena acerca do assunto tratado.

O programa TerraDois é uma grata surpresa justamente pelas façanhas que consegue: misturar televisão, debate filosófico, psicanálise, e levar ao público discussões complexas por meio da experiência do teatro.

A dinâmica dos episódios – que giram em cerca de meia hora – se dá em torno de temas e preocupações da chamada “terra dois”, conceito definido pelo próprio Forbes, e que diz respeito às mudanças sociais em tempos de pós-modernidade, em que, por trás da estabilidade de coisas tidas como naturais, revela-se um mundo em constante mutação, envolvendo todos os aspectos da vida: a forma como nos relacionamos, nos casamos e nos reproduzimos; a relação com as tecnologias, com os avanços científicos e com a nossa própria aparência; e mesmo os modos pelos quais nascemos e morremos. A ideia da “terra dois” (o mundo reconfigurado, em oposição a uma imaginada terra um) é retomada a todo tempo por Forbes em sua fala.

Em suma, o programa, tal como explicou Forbes em algumas entrevistas, propõe ser uma espécie de manual para que possamos habitar melhor na chamada terra dois. Para o psicanalista, ainda estamos tateando nossa existência dentro deste universo mutável, marcado por relações e conceitos líquidos, e nossa falta de intimidade com as lógicas de um mundo pós-moderno nos expõe ao risco de aceitar “soluções para trás, reacionárias, dos livros de autoajuda, no plano laico, e das novas igrejas, no plano espiritual, exibindo exorcismos nas madrugadas televisivas”.

Em TerraDois, ensaios de teatro são levados à televisão
Em ‘TerraDois’, ensaios de teatro são levados à televisão. Imagem: Divulgação.

Sendo assim, os temas das cenas exibidas no programa TerraDois versam em assuntos instigantes e que talvez não imaginássemos que pudessem ser debatidos, com franqueza, na televisão. Dentre eles: o direito à morte assistida, seja em casos de eutanásia ou de uma simples decisão pessoal de não mais viver; os modos pelos quais os avanços da medicina interferem na subjetividade humana; as mudanças nas noções de verdade e mentira em um momento em que cada um acredita no que quer; as dificuldades no processo de envelhecimento e na relação entre pessoas de diferentes gerações; os desafios de achar algum tipo de consenso em um momento em que a discórdia é a regra e, em alguma medida, é até celebrada.

Tudo isso causa muita ansiedade, é claro, e a velocidade fremente dos nossos tempos faz com que busquemos saídas rápidas – como a medicalização mal-empregada (o uso exagerado de reguladores de humor, por exemplo), os discursos religiosos, como explica Jorge Forbes, e mesmo dos coaches que, oportunamente, criam um mercado que oferece algum tipo de alívio a essas angústias. Nesse sentido, TerraDois é mais uma atração inteligente da TV Cultura que, além de enfrentar discussões urgentes para a nossa vida em sociedade, ainda tem o mérito de introduzir uma linguagem teatral à audiência massiva da televisão.

Você pode assistir aos episódios das duas temporadas exibidas no canal do YouTube do programa.

Primeira temporada

Segunda temporada

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Tags: análise de mídiaBete CoelhoCrítica TelevisivaJorge ForbesMaria Fernanda CândidoMika LinksPós ModernidadepsicanáliseResenhaTelevisãoTerraDoisTV CulturaTV Review

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