This is Us não parece muito interessada em mudar seu formato ou soar estereotipada. Que bom, porque nós também não estamos. O que a gente quer é sentar no sofá e sentir o coração aquecido com personagens incrivelmente humanos. A terceira temporada continua fazendo nossos olhos ficarem úmidos, embora já dê para sentir uma certa dificuldade por parte dos roteiristas em criar um drama atrás do outro. Gosto de pensar que eles vão sempre conseguir, mesmo sabendo que alimentar 18 episódios por temporada com histórias densas não é nada fácil.
Neste terceiro ano, a família Pearson começa envolta em diversas crises, que vão complicando ao longo da temporada para, claro, tudo se resolver de forma linda. Entretanto, alguns enredos não funcionaram muito bem e tudo por causa de uma historinha chata envolvendo a busca de Kevin (Justin Hartley) pelo verdadeiro passado de Jack (Milo Ventimiglia) enquanto ele esteve na Guerra do Vietnã. Esse plot é estendido eternamente, o que deixa a narrativa cansativa, repetitiva e burocrática. Eles acertam, vez ou outra, mas nada soa muito verdadeiro, quase como se os roteiristas estivessem se esforçando demais para manter o personagem Jack vivo dentro da história o maior tempo possível, já que, afinal, nós sabemos que ele morre.
O terceiro ano é menos impactante do que os dois primeiros, mas consegue manter fortemente a essência da série.
Outro enredo um tanto quanto forçado é o de Randall (Sterling K. Brown) que, embora funcione bem mais do que a história de guerra de Jack, acaba fora do lugar quando o roteiro força a barra para desenvolver uma crise feia entre ele e sua esposa Beth (Susan Kelechi Watson). É verdade que a história rende e entrega umas boas doses de tensão, mas a impressão que fica é que os roteiristas se reuniram e pensaram: “Ok, este casamento é perfeito demais, vamos complicar”. O que era feito de forma mais orgânica anteriormente agora é um pouco protocolar. Nós conseguimos ver as armadilhas do roteiro.

Por outro lado, o arco narrativo de Beth é uma das melhores coisas da temporada. Demitida de seu emprego e tendo que lidar com o peso de ser sempre o porto seguro de Randall, Beth vai ganhando complexidade e importância dentro da história, e o episódio focado na personagem, aliás, é um dos pontos altos da temporada. Interessante, também, é o drama de Kate (Chrissy Metz) e Toby (Chris Sullivan) na luta para engravidar, mesmo sendo praticamente impossível.
O único problema de This Is Us é mesmo a obrigação de os roteiristas preencherem os 18 episódios por temporada. É fácil ver que a história flui e tem poder parar durar vários anos, mas quando é preciso criar episódios e enredos apenas para preencher o tempo, sem que isso necessariamente vá causar alguma diferença na história, tudo fica soando repetitivo. Imagino como a série seria ainda mais poderosa se tivesse 12 episódios anualmente, por exemplo. Por isso, o terceiro ano é menos impactante do que os dois primeiros, mas consegue manter fortemente a essência da série, especialmente porque abre um leque de possibilidades para que nós continuemos acompanhando esses personagens por muito tempo. Ainda é recomendável assistir com um lencinho do lado.