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‘Sou uma tola por te querer’ sedimenta o universo de Camila Sosa Villada

Coletânea de contos da escritora argentina Camila Sosa Villada, 'Sou uma tola por te querer' transita entre gêneros literários, misturando humor e ficção especulativa.

porMaura Martins
19 de outubro de 2023
em Literatura
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'Sou uma tola por te querer' Camila Sosa Villada

Imagem: Divulgação.

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A autora Camila Sosa Villada é um fenômeno – e não apenas para a literatura. Contudo, é nesse território reivindicado pelos cânones que a escritora inicia a sua pequena revolução, ao criar uma narrativa original, que transita entre vários gêneros, e que mistura o relato biográfico com as possibilidades da ficção.

Seu primeiro hit foi com O Parque das Irmãs Magníficas, de 2021, em que cria uma espécie de conto de fadas às avessas a partir de um grupo de travestis que sobrevive como pode. Em meio à obra potente, atravessa-se a própria vivência da escritora argentina, ela mesma travesti, que compartilha a sua história, sempre colorida por matizes dramáticas, trágicas e cômicas, como se encontrasse nas letras um caminho estilístico entre dois Pedros: o Almodóvar e o Juan Gutiérrez.

Em 2022, Camila lançou uma coletânea de contos chamada Sou uma tola por te querer (editora Tusquets, 2022; tradução de Joca Reiners Terron). São nove histórias que passeiam pela sua trajetória, com claros contornos autobiográficos, até chegar a narrativas que flertam com a fantasia e visitam a ficção científica.

Ainda que alguns contos sejam melhores que os outros (o que é compreensível e até esperado), o saldo de Sou uma tola por te querer é uma confirmação de seu talento, reiterando a existência de uma escritora magnética, capaz de nos envolver por meio das palavras e nos levar para um universo próprio fascinante, do qual é difícil sair.

‘Sou uma tola por te querer’: Um universo travesti

A escritora argentina Camila Sosa Villada. Imagem: Divulgação.

O saldo de Sou uma tola por te querer é uma confirmação de seu talento, reiterando a existência de uma escritora magnética, capaz de nos envolver por meio das palavras.

Sobre Camila Sosa Villada, é importante destacar que sua existência travesti não é mero detalhe, nem pano de fundo no que produz. Pelo contrário: a escritora pleiteia, por meio de sua obra, a criação (ou recapitulação?) de um imaginário possível para as travestis, elaborando novas histórias e narrativas a partir de suas experiências marcadas pela violência, mas também pela alegria, pela lascívia e pelo sonho.

Sou uma tola por te querer faz justiça o tempo todo a esse território que Camila criou com seus livros, elaborando um espaço sem muito comparativo ainda na literatura. Ela parece menos interessada em gêneros (além de contos e romances, também publica poesia e ensaios) e sim em esmiuçar este universo das travestis em grande parte das narrativas que produz.

Não por acaso, o conto que abre este livro parece se desdobrar a partir do mesmo lugar autobiográfico de O Parque das Irmãs Magníficas. Ele começa nos contando a visita de seus pais ao túmulo de Defunta Correa, uma santa local, para pedir que sua filha saia da prostituição. Aparentemente, foi a partir do episódio que Camila Sosa Villada começou a fazer algum sucesso – primeiro no teatro, com a montagem de uma peça chamada Carnes Tolendas, e logo mais na literatura.

A marginalidade, como quase tudo que envolve as travestis, também está presente aqui. Mas o humor perpassa o tempo todo a escrita desta autora, o que fica evidente no excelente conto (o melhor da coletânea, em minha visão) sobre uma mulher que acha um nicho de trabalho: passa a atuar como namorada de fachada de homens gays ricos. Lapidado de forma irretocável, o conto remete aos melhores já escritos por Truman Capote.

Aos poucos, a cada página, o livro vai enveredando para a ficção especulativa e para a fantasia escancarada. No texto que dá título à obra, duas travestis se tornam amigas de Billie Holliday, e vão aos poucos testemunhando sua decadência. Em outro, um grupo de jogadores de rúgby se enfiam em um programa com uma travesti e acabam pagando um preço alto.

Por fim, Camila trafega de maneira mais radical para uma narrativa distópica em que imagina um mundo em que as travestis se tornam proibidas. Há uma determinação para que elas sejam exterminadas, assim como todas as pessoas que as tocaram mais de três vezes. Elas precisam então fugir e criar um habitat próprio no meio do nada, com ares de pesadelo à la The Handmaid’s Tale.

Embora o resultado oscile, pode-se dizer que há opções para todos os gostos, o que torna Sou uma tola por te querer uma obra plural, ainda que ímpar, e que deixa claro que o resultado obtido por Camila Sosa Villada em O Parque das Irmãs Magníficas não foi mero acaso. Ela chegou para ficar, e para causar.

SOU UMA TOLA POR TE QUERER | Camila Sosa Villada

Editora: Tusquets;
Tradução: Joca Reiners Terron;
Tamanho: 208 págs.;
Lançamento: Dezembro, 2022.

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Tags: Camila Sosa VilladaJoca Reiners TerronLiteraturaLiteratura ArgentinaSou uma tola por te quererTusquets

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