• Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
Escotilha
Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
Escotilha
Home Televisão

‘Tremembé’ erotiza o crime, banaliza o drama e não quer ser levada a sério

Série original do Prime Video, 'Tremembé' transforma o presídio em palco de novela sensual e ignora qualquer dilema ético do true crime, numa mistura de erotismo, caricatura e sensacionalismo pop.

porPaulo Camargo
6 de novembro de 2025
em Televisão
A A
Série brasileira original Prime Video decepciona. Imagem: Paranoid Filmes / Divulgação.

Série brasileira original Prime Video decepciona. Imagem: Paranoid Filmes / Divulgação.

Envie pelo WhatsAppCompartilhe no LinkedInCompartilhe no FacebookCompartilhe no Twitter

A discussão moral em torno das produções de true crime não é nova — e tampouco mostra sinais de se esgotar. Desde que o gênero explodiu como nicho lucrativo em múltiplas plataformas, paira a dúvida sobre como narrar histórias reais de violência sem desrespeitar as vítimas nem romantizar seus algozes. Pois Tremembé, nova minissérie brasileira original do Prime Video, não apenas ignora esse debate: parece zombar dele.

Desde o primeiro episódio, a produção deixa claro que não está interessada em nuances éticas. Tudo aqui é estilização, brilho e fetiche. As criminosas mais notórias do imaginário recente — Suzane Von Richthofen (Marina Ruy Barbosa), Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e Elize Matsunaga (Carol Garcia, a mais convincente do trio) — são apresentadas com freeze-frames e letreiros coloridos, como se estivessem entrando em um reality show. Em vez de introspecção ou reflexão, o que temos são festinhas na cadeia, brigas passionais e, sobretudo, cenas de sexo cuidadosamente coreografadas.

A série parece empenhada em transformar cada encontro entre as detentas (e detentos) em espetáculo erótico — a sexualização dos corpos é explícita e, em muitos momentos, gratuita. Tudo, absolutamente tudo, vira pretexto para a inserção de sequências quentes, tratadas como chamariz de público. Não há interesse em explorar as relações de poder ou a psicologia dessas mulheres; há, sim, o desejo de provocar e de vender.

Essa escolha faz de Tremembé uma espécie de versão tupiniquim — e meio SBT — de Orange Is the New Black. A diferença é que, enquanto a série estadunidense conseguia equilibrar crítica social e humor ácido, a brasileira mergulha de cabeça no sensacionalismo. As personagens são cifradas como caricaturas de si mesmas: a loira calculista, a manipuladora, a vítima sexy. A penitenciária vira um playground de estereótipos.

Essa escolha faz de Tremembé uma espécie de versão tupiniquim — e meio SBT — de Orange Is the New Black.

Vera Egito (de Amores Urbanos e A Batalha da Rua Maria Antônia) e Daniel Lieff dirigem com energia, mantendo o ritmo pop do texto e apostando em uma trilha sonora que beira o kitsch — “Perigosa”, clássico das Frenéticas, embala as manipulações de Suzane, e o tom quase cômico da cena é um sintoma da abordagem escolhida. Não há como levar a sério uma série criminal em que tudo soa como paródia de si mesmo.

Mas talvez seja esse o ponto: Tremembé não quer ser levada a sério. É true crime em sua forma mais rasa, que transforma o horror real em produto de entretenimento descartável. Diante desse desapego, resta ao espectador decidir se embarca no jogo — ou se recusa a participar de um espetáculo que banaliza a tragédia.

ESCOTILHA PRECISA DE AJUDA

Que tal apoiar a Escotilha? Assine nosso financiamento coletivo. Você pode contribuir a partir de R$ 15,00 mensais. Se preferir, pode enviar uma contribuição avulsa por PIX. A chave é pix@escotilha.com.br. Toda contribuição, grande ou pequena, potencializa e ajuda a manter nosso jornalismo.

CLIQUE AQUI E APOIE

Tags: Crítica de SérieMarina Ruy BarbosaPrime VideoSérieTremembéVera Egito

VEJA TAMBÉM

Criador e protagonista, Seth Rogen "desmoraliza" o sonho hollywoodiano. Imagem: Lionsgate / Divulgação.
Televisão

Entre o riso e o caos, ‘O Estúdio’ desmascara a fábrica de sonhos

6 de novembro de 2025
Ted Danson brilha em série despretensiosa da Netflix. Imagem: Netflix / Divulgação.
Televisão

‘Um Espião Infiltrado’ traz Ted Danson em trama doce

5 de novembro de 2025

FIQUE POR DENTRO

A psicanalista Vera Iaconelli. Imagem: Folhapress / Reprodução.

Em ‘Análise’, Vera Iaconelli emociona ao deitar-se no divã para revisitar a própria vida

12 de novembro de 2025
Experiente em cobertura política dos Estados Unidos, David A. Graham detalha as estratégia da extrema direita para esfacelar a democracia. Imagem: PBS / Reprodução.

‘O Projeto’ esmiúça manual da extrema direita americana de desmonte da democracia

10 de novembro de 2025
Jeremy Allen White faz um Bruce Springsteen sem procurar imitá-lo, um acerto em meio a um filme problemático. Imagem: Bluegrass Films / Divulgação.

‘Springsteen: Salve-me do Desconhecido’ é retrato em tom menor de “The Boss”

7 de novembro de 2025
Criador e protagonista, Seth Rogen "desmoraliza" o sonho hollywoodiano. Imagem: Lionsgate / Divulgação.

Entre o riso e o caos, ‘O Estúdio’ desmascara a fábrica de sonhos

6 de novembro de 2025
Instagram Twitter Facebook YouTube TikTok
Escotilha

  • Sobre
  • Apoie
  • Política de Privacidade
  • Contato
  • Agenda
  • Artes Visuais
  • Colunas
  • Cinema
  • Entrevistas
  • Literatura
  • Crônicas
  • Música
  • Teatro
  • Política
  • Reportagem
  • Televisão

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.

Sem Resultados
Veja Todos Resultados
  • Reportagem
  • Política
  • Cinema
  • Televisão
  • Literatura
  • Música
  • Teatro
  • Artes Visuais
  • Sobre a Escotilha
  • Contato

© 2015-2023 Escotilha - Cultura, diálogo e informação.