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‘Do que falo quando falo de corrida’: as corridas do Murakami – e as minhas

Lançado em 2012, 'Do que falo quando falo de corrida' mostra o lado esportista de Haruki Murakami e como esse lado influencia suas obras.

porPetê Rissatti
18 de janeiro de 2018
em Literatura
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'Do que falo quando falo de corrida': as corridas do Murakami – e as minhas

Imagem: Reprodução.

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Há mais ou menos quatro meses, decidi que deveria emagrecer a qualquer custo. Tudo já estava ficando difícil: subir escadas, caminhar, dormir. Um belo dia me olhei no espelho e disse: é hoje. Uma quinta-feira. Comecei caminhando, o que sempre gostei de fazer. Daí perguntei a uma amiga que já corre faz tempo, a Adriana, quando eu poderia começar a correr. Dos amigos a gente espera sempre as melhores respostas, e a dela acertou em cheio: “Ué, tanto gordinho corre, por que você já não começou?”.

Comecei a corrida

E foi assim que, quatro meses e 13 quilos a menos, confesso que viciei nessa coisa de corrida. Mas tive que acomodar um tanto de compromissos e me livrar de outros tantos pseudocompromissos para conseguir firmar o hábito.

Por um acúmulo de trabalho no final do ano, acabei me afastando alguns meses daqui d’A Escotilha, um espaço tão bacana e do qual gosto muito de participar. Essa minha volta é quase um repeteco da estreia, em maio de 2017. Vamos falar de Haruki Murakami, escritor japonês que nunca falta nas minhas leituras, novamente em um livro de não ficção.

Mas não é um livro qualquer: é a sua história sobre o ato de correr – e nadar e pedalar. Do que falo quando falo de corrida, traduzido a partir da versão inglesa por Cássio Arantes Leite para a Alfaguara, traz o testemunho do corredor Murakami que, para manter sua principal ocupação em dia, a escrita, corre quase diariamente há mais de 20 anos. Atualmente, mais um motivo para adorar o japonês.

A corrida serve à escrita, e não ao contrário: é o que deixa bem claro o autor a todo o momento no livro.

Do clichê de No pain no gain a uma confissão de fé

Murakami começou a correr no início dos anos 1980, logo depois de escrever e publicar suas primeiras novelas, Ouça a canção do vento/Pinball, 1973. Na época, o escritor ganhava a vida com seu bar e escrevia durante a madrugada, e um dia resolveu começar a se exercitar com o pensamento que geralmente constitui o estopim que leva às pessoas a se mexerem: é preciso dar um jeito na vida. Porém, para Murakami, além de servir como válvula de escape, a corrida também é uma preparação física para as muitas horas que passa por dia escrevendo. A corrida serve à escrita, e não ao contrário: é o que deixa bem claro o autor a todo o momento no livro.

Durante o livro, acompanhamos sua preparação para a Maratona de Nova York de 2005 e também para o Triatlo Internacional da cidade de Murakami, no norte do Japão, e todos os percalços inerentes aos exercícios físicos: músculos doloridos, exaustão, frustração pelo desempenho. Em um dos capítulos, ele também descreve como foi correr em Atenas e também concluir uma ultramaratona, percorrendo 100 quilômetros que mudaram seu modo de ver as corridas. Como em Romancista como vocação, o autor usa da autodepreciação comedida como forma de mostrar o tempo todo que é de carne e osso, que não há nada de sobrenatural em sua escrita (ou corrida) e que o desafio é que o move o tempo todo. Mas ele não compete com ninguém, apenas consigo mesmo.

O peso da idade

Do que falo quando falo de corrida também é um livro nostálgico: em muitos momentos do livro – na verdade quase o tempo todo – ele lembra do passado e das muitas corridas das quais participou (mais de duas dezenas de maratonas, além de vários triatlos e outras corridas menores). E também alerta para a idade que o frustra: na época do livro, ele já está com mais de 50 anos e aponta como suas pernas já não obedecem, como nadar em mar aberto já não é tão fácil, como as dores aumentaram. Mas ele não desiste. Já no início do livro, ele repisa um clichê muito verdadeiro para a corrida e para a vida: a dor é inevitável, o sofrimento é opcional.

Mais ou menos, não é? Porque quando o joelhinho dói…

E do que ele fala?

Nas 152 páginas do livro, Murakami entremeia a corrida e a escrita, muitas vezes comparando as duas atividades, em outras mostrando como podem ser complementares. Alguns trechos são como divagações sobre escrita numa longa conversa sobre corrida, em outros apontamentos de como a preparação física influencia diretamente na vida de qualquer um, inclusive na dos escritores. Um dos meus trechos preferidos é quando ele discorre sobre talento e dedicação: como alguém com um talento extremo (para corrida ou a escrita) não percebe seu dom e o faz como acordar e dormir, quase automaticamente. E por isso não há desafio, não há o que trabalhar. E, em algum momento, mesmo com todo o talento, há um desgaste daquele dom. Por outro lado, quem se dedica e não tem tanto talento encontra uma vitória a cada sucesso, seja em uma maratona ou ao terminar de escrever um romance. E, modestamente, Murakami se coloca no segundo caso, como vemos no trecho a seguir:

Escritores que nascem com um talento natural podem escrever romances à vontade, independentemente do que façam – ou não façam. Como a água de uma nascente, as frases simplesmente brotam, e com pouco ou nenhum esforço esses escritores terminam uma obra. Ocasionalmente, você encontra gente assim, mas, infelizmente, eu não me incluo nessa categoria (p. 37).

Um livro que serve muito bem a quem já está percorrendo os primeiros quilômetros nas pistas e também àqueles que estão arriscando as primeiras páginas próprias. É quase um complemento ao livro que vem depois, Romancista como vocação, lançado aqui no Brasil no ano passado. Os dois juntos são um testemunho de vida do querido autor japonês.

DO QUE FALO QUANDO FALO DE CORRIDA | Haruki Murakami

Editora: Alfaguara;
Tradução: Cássio Arantes Leite;
Tamanho: 152 págs.;
Lançamento: Setembro, 2010.

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Tags: AlfaguaracorridaCrítica LiteráriaDo que falo quando falo de corridaesportesHaruki MurakamiLiteraturaLiteratura ContemporâneaLiteratura Japonesanão ficçãoResenhaReview

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