Quando Pabllo Vittar estourou na grande mídia, em 2017, muita gente questionou o seu talento artístico. Carismático e apadrinhado por nomes de peso como Anitta, o artista tem um elemento a mais que faz toda a diferença em sua trajetória: a representatividade.
Em seu mais recente clipe, “Indestrutível”, lançado no dia 10 de abril, essa questão fica ainda mais evidente. Com quase 7 milhões de visualizações no YouTube, o vídeo chama a atenção para um dado alarmante apresentado logo em sua abertura: 73% dos jovens LGBTQ+ brasileiros são vítimas de bullying e violência nas escolas, de acordo com levantamentos das comissões de Relações Exteriores e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.
Longe do ritmo pop frenético, que se tornou sua marca registrada com canções como “Todo dia”, “K.O.”, “Corpo sensual” e “Então vai”, do seu álbum de estreia, Vai Passar Mal, Pabllo Vittar parte para um contato mais intimista com seu público em uma música que fala das dificuldades de quem sente na pele o preconceito. Produzido em preto e branco, o clipe, dirigido por Bruno Ilogti, intercala o cotidiano de um adolescente perseguido na escola com imagens de uma apresentação do artista.
As lágrimas de Pabllo, em muitos momentos, servem também como um desabafo de Phabullo Rodrigues da Silva, 23 anos, que vivenciou a intolerância na prática. Logo no início da música, ele canta: “Eu sei que tudo vai ficar bem / E as minhas lágrimas vão secar / Eu sei que tudo vai ficar bem / E essas feridas vão se curar”.
A representatividade quebra paradigmas e abre novas possibilidades. Pabllo Vittar tornou-se a personificação de um sonho justo – com um país sem exclusão, plural, aberto à diversidade e livre de julgamentos morais ou religiosos exacerbados.
Pela dificuldade de diálogo em casa e na própria escola, muitos jovens vivenciam a homofobia em silêncio. Por conta disso, traumas, depressão e até mesmo a opção pelo suicídio acabam se tornando caminhos inevitáveis.
A ausência de respeito, aliada à extrema violência, ainda é o grande desafio a ser superado. Em 2010, por exemplo, Alexandre Ivo, à época com apenas 14 anos, foi brutalmente espancado e assassinado em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Tido como um jovem inteligente, bem-humorado, amoroso e de estilo próprio, a história do garoto comoveu o país, tanto que seu nome batizou o possível substitutivo ao Projeto de Lei da Câmara 122/06, que prevê a criminalização da homofobia.
A representatividade quebra paradigmas e abre novas possibilidades. Pabllo Vittar tornou-se a personificação de um sonho justo – com um país sem exclusão, plural, aberto à diversidade e livre de julgamentos morais ou religiosos exacerbados. Ao término do vídeo de “Indestrutível”, aplaudido pela plateia, inclusive com direito à presença do menino que protagoniza o clipe, o artista agradece e se despede com um breve discurso: “São milhões de adolescentes que, assim como eu, sofrem esse tipo de agressão. Está na hora de transformar o preconceito em respeito, de aceitar as pessoas como elas são e querem ser, de olhar na cara da homofobia e dizer: ‘Eu sou assim, e daí?’”. O recado tá dado!