A beleza e caráter único do reino animal cativam artistas, entre eles o britânico Josh Gluckstein. Suas viagens pelo mundo o colocaram em contato com alguns dos animais mais incríveis, mas a pandemia criou um obstáculo a este prazer do artista visual.
Sem ter outro mecanismo para extravasar sua criatividade em tempos de isolamento social, Gluckstein teve uma ideia relativamente simples. Ele recorreu aos papelões que tinha em casa, se valendo da versatilidade do material, para compor, com detalhes impressionantes, esculturas realistas de animais.
Desde as pinturas da era paleolítica, com seus cavalos, touros e demais animais enfeitando as cavernas, às peças controversas do britânico Damien Hirst e sua série Natural History, animais foram fonte de inspiração. A arte contemporânea encontra outros artistas interessados em retratar o mundo animal.
A fotógrafa Leila Jeffreys, por exemplo, usou sua câmera para eternizar pássaros em diversas séries. O coreano Yong Ho Ji é reconhecido por suas esculturas que batiza de “mutantes”, animais híbridos imaginados com características humanas, especialmente tubarões, leões e búfalos. Já o britânico Charming Baker faz de animais tema recorrente de seus quadros, uma espécie de metáforas para o comportamento humano e suas emoções.
Para Josh Gluckstein, sua grande ambição é jogar luz e conscientizar sobre espécies ameaçadas de extinção.
Para Josh Gluckstein, sua grande ambição é jogar luz e conscientizar sobre espécies ameaçadas de extinção. A inspiração vem das andanças pela Ásia, África e América do Sul, e seu ideal de preservação ecoa no exercício prático da arte: todos os materiais utilizados são sustentáveis, feitos de papelão ou material reciclado.
O caráter realista de suas representações chama atenção, fruto de sua formação como designer e os anos como artista têxtil, em uma carreira de mais de 15 anos. Sua trajetória é marcada pela exploração de temas que colocam em perspectiva a realidade e as relações entre pessoas, animais, objetos e paisagens.
Produtoras e canais como Discovery Channel e National Geographic já contrataram Gluckstein para ilustrar seus documentários sobre a vida selvagem. O olhar respeitoso às culturas das quais os animais fazem parte fez com que fosse convidado a expor no Japão e nos Estados Unidos.
Na metade desse ano, passou a integrar o espaço da conceituada galeria londrina Woolff, com uma sala inteira à disposição de sua mais recente série, batizada de Africa.
Josh e a Woolff se uniram à ONG Born Free Foundation, instituição que preserva a vida selvagem e luta para que animais silvestres não sejam retirados de seu habitat natural. Durante o período de exposição, qualquer venda realizada das obras do artista teriam revertidas 10% do valor para os esforços de preservação comandados pela entidade.
Em seu perfil no Instagram, o artista compartilha frequentemente seu processo de criação, que lança esforços em capturar detalhes únicos e emoções cruas, em um trabalho que, preferencialmente, não gere resíduos, tampouco desperdício.
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