O grande público teve o primeiro contato com Keith Haring através dos metrôs da cidade de Nova Iorque; simulando espaços de publicidade, o artista ocupava as paredes subterrâneas da metrópole com grafite. A ideia de apoderar-se do espaço público como meio de divulgação democrático da arte veio dos dois anos em que cursou Arte e Propaganda em uma universidade de prestígio nos Estados Unidos.
Keith foi pioneiro na abordagem de tópicos sociais destinados tanto à elite quanto às massas, sempre buscando maneiras de fazer arte acessível a todos os públicos – sua verdadeira tela era a rua. Filho mais velho de uma família religiosa, Keith Haring veio a quebrar diversos tabus dentro de seu lar e na sociedade americana dos anos 80. Ativista, grafiteiro e gay, Haring fez parte da famosa cena da arte de rua de seu tempo, ao lado de grandes artistas e amigos como Jean-Michel Basquiat.
Seu trabalho, altamente pop – tanto no sentido estético quanto literal – trouxe importantes temas à vista da opinião pública. O mural Crack is Wack, de 1986, pintado diretamente na parede de uma quadra de handebol de um parquinho em Nova Iorque, alertava, por exemplo, a juventude sobre os perigos do uso de crack, que começava a chegar a níveis alarmantes na cidade.
![Mural "Crack is Wack", 1986](https://escotilha.com.br/wp-content/uploads/2018/02/artes-visuais-Keith-Haring-Crack-is-Wack-scaled.jpeg)
Com um conjunto da obra acessível a diferentes idades e classes econômicas, a ascensão de Keith Haring foi meteórica. Também inserido em uma cultura cada vez mais ligada a estrelismos – tanto que suas amizades concentravam-se em celebridades como Madonna e Andy Warhol –, a capacidade de alcance de seu trabalho foi enorme.
![Reprodução de mural de Keith Haring em Barcelona](https://escotilha.com.br/wp-content/uploads/2018/02/artes-visuais-Mural-Keith-Haring-aids-barcelona.jpeg)
Da Austrália ao Rio de Janeiro até um mural representando uma Berlim unificada pós muro, Haring transformou sua arte em um caso de branding perfeito. Contribuiu ativamente à identidade visual da Nova Iorque dos anos 80, trazendo frescor e juventude às belas artes e alinhando o pensamento das pessoas comuns aos grandes críticos.
Seu trabalho, altamente pop – tanto no sentido estético quanto literal – trouxe importantes temas à vista da opinião pública.
Mesmo quando abordava temas mais pesados, como os estigmas ligados à AIDS ou o próprio mural Crack is Wack, seus arquétipos e estilo icônicos ainda se mantinham acessíveis. Seus últimos anos de vida ficaram conhecidos por uma concentração de produções relacionadas ao combate e à prevenção do vírus HIV, que mais tarde viria a matá-lo.
Apesar do falecimento precoce aos 31 anos de idade, Keith Haring deixou para trás não apenas um legado marcado pelo ativismo social e a democratização da arte, como também uma instituição filantrópica atuante até hoje. A Keith Haring Foundation auxilia financeiramente crianças carentes e dá suporte a infectados pelo vírus HIV, além de fazer um excelente trabalho de preservar a memória do artista. Para um conhecimento mais vasto de seu trabalho, é possível acessar o site da fundação e encontrar, categorizadas ano por ano, fotos de todas as suas obras. De encher os olhos.
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