Um conjunto enxuto de obras – apenas oito – é suficiente para provar a força do trabalho do artista sueco Lars Nilsson: as figuras são tão imponentes que os visitantes circulam pelo espaço do Museu Oscar Niemeyer (MON) em silêncio, quando muito, quem passeia pela sala comenta algo em baixos sussurros.
Nilsson é uma das atrações da Bienal Internacional de Curitiba, que trouxe para a cidade trabalhos de artistas de cinco diferentes continentes, espalhados por vários espaços expositivos.
Há um estranhamento quando olhamos as esculturas de Nilsson, intituladas “Ghosts” (Fantasmas), se as relacionarmos com o tema central da Bienal: “Luz do Mundo”. Muito diferente do artista homenageado dessa edição, o argentino Julio Le Parc, a obra de Nilsson é totalmente desprovida de luz. As figuras humanas criadas por ele mostram, justamente, um alguém sem luminosidade, sem vida.
Feitas em composite, material que mistura silicone e fibra de vidro, as esculturas provocativas e intrigantes são espécies de buracos negros que aparentam ser de uma argila seca e áspera. Repare em uma figura feminina no meio de uma das salas: a frieza da sua face até faz lembrar personagens dos filmes de seu conterrâneo, o cineasta Ingmar Bergman.
Muito diferente do artista homenageado dessa edição, o argentino Julio Le Parc, a obra de Nilsson é totalmente desprovida de luz.
Lars Nilsson trabalha com a representação do corpo em várias formas desde o começo da década de 1990, e, nas últimas décadas, se consolidou como um dos artistas mais representativos da cena sueca de arte.
Tanto as suas esculturas expostas no MON, como suas pinturas, vídeos, fotografias e instalações, técnicas com as quais ele também trabalha, exploram, em suma, a condição humana: nossos impulsos, frustrações, intenções. Nossos conflitos internos.
Logo, o conjunto não é exatamente só escuridão: pode sugerir uma espécie de busca pela luz daquelas figuras saídas de um mundo sem vida. Nilsson apresenta ao espectador uma mistura entre essa morte e vida, devaneio e verdade.

Origem
As obras recentes do artista que estão em Curitiba estrearam em 2014 na galeria Andersson/Sandström, em Estocolmo. E, antes de habitarem espaços expositivos, uma das esculturas, intitulada “o homem em seu caminho”, foi apresentada em um mercado aberto da capital sueca, em abril do ano passado, e causou frisson por lá. Nascido em 1956, em Estocolmo, Lars Nilsson consolidou a sua carreira no país natal, mas atua internacionalmente. Além de Curitiba, já expôs em cidades como Paris e Nova York.
SERVIÇO | Lars Nilson – Bienal Internacional de Curitiba
Onde: Museu Oscar Niemeyer | R. Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico;
Quando: Terça-feira a domingo, das 10h às 19 horas.
Quanto: R$ 9 (inteira); R$ 4,50 (meia-entrada). Ingresso gratuito todos os domingos, das 10h às 13h, e durante todo o dia, no 1º domingo do mês.
Visitação até fevereiro de 2016.
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