Por Marden Machado*, especial para Escotilha
Sempre defendi que o cinema brasileiro é um dos mais ricos e diversificados do mundo. Sei que a maioria das pessoas aponta o cinema norte-americano como o mais forte ou o europeu como o mais articulado. Elas não estão de todo erradas. O que talvez não saibam é que, ao contrário dos Estados Unidos, para ficar apenas em um exemplo, que possui somente dois grandes polos de produção audiovisual, Nova York e Los Angeles, o Brasil produz filmes no Rio, em São Paulo, e também em Porto Alegre, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Teresina, São Luís e Manaus. E olha que não listei todos. E o mais interessante, e é daí que vem nossa riqueza e diversidade, cada cidade ou região trata de temas regionais. O que faz com que suas histórias, ao olharem para o local, se tornem universais.
Excelentes exemplos da força e importância de nosso Cinema não faltam e o livro 100 Melhores Filmes Brasileiros (432 págs.) é uma belíssima porta de entrada para este mundo de grandes histórias cinematográficas. Editado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abracine), em parceria com o Canal Brasil e o Grupo Editorial Letramento, a obra reúne uma centena de títulos que vão do clássico absoluto Limite, dirigido em 1931 por Mário Peixoto, passando pelos filmes do Cinema Novo, do Cinema Marginal e da Retomada, até chegar a Que Horas Ela Volta?, feito em 2015 por Anna Muylaert.
Listas costumam sempre funcionar. Principalmente quando discordamos delas. Elas são referências que aguçam nossa curiosidade e despertam em nós uma espécie de questionamento natural.
A proposta veio de Gustavo Abreu, da Letramento, que a apresentou a Paulo Henrique Silva, presidente da Abracine. Tendo como inspiração as famosas listas de melhores de todos os tempos, a ideia inicial era listar uma seleção de obras fundamentais da cinematografia mundial. Rapidamente, o foco mudou para nossa própria cinematografia. A partir daí, 100 críticos de Cinema ligados à Abracine foram convidados, por e-mail, a enviar uma lista com seus 25 filmes nacionais favoritos, o que serviu de base para a compilação final destes 100 Melhores Filmes Brasileiros. Com a lista fechada, cada crítico foi convidado então a escrever sobre um filme em particular. Paulo Camargo, editor da Escotilha, escreveu sobre Madame Satã, dirigido em 2002 por Karim Aïnouz.
Camargo e Camila Vieira, também integrante da Abraccine, participam neste sábado, a partir das 18 horas, do lançamento de 100 Melhores Filmes Brasileiros, na Livraria Cultura do Shopping Curitiba (Rua Brigadeiro Franco, 2300 – Centro). O lançamento faz parte da programação do Festival de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba (FICBIC).
Listas costumam sempre funcionar. Principalmente quando discordamos delas. Elas são referências que aguçam nossa curiosidade e despertam em nós uma espécie de questionamento natural, tipo: Por que filme tal não está na lista? Existe uma resposta simples e direta: “A lista não é sua, meu caro. Faça a sua própria lista”. Discussões à parte, qualquer lista que se preze precisa apresentar um critério objetivo e bem fundamentado para sua elaboração. No caso deste livro foram considerados dois pontos bem claros: o gosto pessoal do crítico pelos filmes e a importância histórica deles.
100 Melhores Filmes Brasileiros é uma obra fundamental para os amantes da Sétima Arte em geral e do Cinema nacional, em particular. Em primeiro lugar, pelo resgate que faz. Em segundo lugar, pelo texto apaixonado, informativo e analítico de cada um dos títulos listados. E finalmente, em terceiro lugar, pela bela e caprichada edição. Enfim, um livro de cabeceira para cinéfilos exigentes e experientes. E que funciona também para qualquer um com vontade de se aventurar pelos maravilhosos caminhos abertos por nossos cineastas.
SERVIÇO | Lançamento do livro “100 Melhores Filmes Brasileiro”
Onde: Livraria Cultura | Shopping Curitiba -Rua Brigadeiro Franco, 2300 – Centro;
Quando: Sábado, 22 de outubro, às 18h;
Quanto: O livro custa R$ 79,90 e pode ser adquirido pelo site da Editora Letramento, ou nos sites/lojas físicas das Livrarias Cultura e Saraiva. O evento de lançamento é gratuito.
O lançamento contará com a presença dos autores Paulo Camargo e Camila Vieira.
* Marden Machado nasceu em 1963 e é jornalista desde 1983. Mudou-se para Curitiba em 1992. É palestrante, roteirista e comentarista de cinema do programa Light News, da rádio Transamérica Light FM e das rádios CBN Curitiba e CBN Londrina. Autor dos livros Cinemarden – Um Guia (possível) de Filmes – Volumes 1 e 2, e Cinemarden Vai aos Tribunais – Um Guia de Filmes Jurídicos e Políticos, todos lançados pela Editora Arte & Letra. Mantém um site: www.cinemarden.com.br e um canal no YouTube: http://www.youtube.com/cinemarden.
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